Ciclismo esportivo vira “febre” durante pandemia
A pandemia de Coronavírus fez aumentar ainda mais a prática de um esporte que já vinha crescendo: o ciclismo esportivo. Por tratar-se de uma atividade sem contato físico, a adesão a grupos de bike em Campo Mourão e região nunca cresceu tanto como nesses últimos meses. “Posso dizer sem medo de errar que tivemos um aumento de 70 por cento de participantes durante a pandemia”, afirma Diego Reis Pereira, participante do grupo Ecobike, hoje com cerca de 400 integrantes.
Ele estima que só em Campo Mourão atualmente cerca de três mil pessoas praticam o esporte. Basta circular pela cidade e especialmente na área rural para deparar-se com vários grupos de pedal. “Nosso grupo de rede social chegou a 286 pessoas. Abrimos outro que já está com 150”, conta Diego, ao acrescentar que cada vez mais pessoas estão procurando informações, adquirindo bicicletas e acessórios. “Muita gente nova, que há seis meses não participava, está aderindo”, acrescenta.
Para quem quer começar, segundo ele, o importante é a força de vontade e principalmente o companheirismo com os demais ciclistas. “A parceria é fundamental”, afirma Diego. Praticante do esporte desde 2014, ele recomenda aos iniciantes uma bike adequada a pretensão da pessoa. “Pode começar com uma mais simples e vai adaptando conforme o gosto e a necessidade”, orienta.
O servidor público Tiago Alves Queiroz é um dos que pretendem iniciar. “Sempre tive bicicleta como meio de transporte, mas agora estou interessado em entrar para o esporte”, afirmou ele, enquanto analisava preços de bicicletas em uma loja do ramo. “Estou com dificuldade de encontrar o modelo que gostaria, porque com o aumento da demanda o preço aumentou também. A pedalada esportiva exige mais da bicicleta”, comentou.
A jornalista Maritânia Forlin começou há três anos e faz parte do grupo Serra Osso, com 40 integrantes, no município de Luiziana. “Procuro ir três vezes na semana e principalmente reunir a galera no final de semana para fazer cicloturismo, passando por cachoeiras e curtir a natureza”, comenta Maritânia, que pedala junto com o esposo.
Ela conta que a pedalada mais longa foi de 200 km, onde participou duas vezes do percurso Audax. “A minha vida mudou totalmente depois que iniciei no ciclismo. A bicicleta vai muito além de perder peso, ela nos proporciona um mundo novo, uma razão a mais para não desistirmos dos nossos sonhos. Além disso conquistamos novos amigos e a ligação é tão forte que nos tornamos uma família com o grupo”, argumenta.
Aumento da adesão reflete no comércio e consertos de bikes
O aumento da procura pelo ciclismo, consequentemente, refletiu no comércio do produto e também nos serviços de manutenção. “Mesmo na pandemia tivemos aumento de vendas em mais de 30 por cento”, afirma o empresário Paulo Cesar Gomes, proprietário de uma loja do ramo em Campo Mourão. Os modelos mais procurados, por sinal, estão em falta no comércio.
Além de mais um vendedor na loja, ele também teve que contratar dois mecânicos. “Fazemos a manutenção e também montamos bicicletas que o pessoal compra pela internet”, explica. Segundo Gomes, o mercado está em falta de vendedores com experiência no ramo. “Temos que contratar e prepará-los para conseguir atender os clientes”, acrescenta.
Segundo o empresário, os preços da bike variam conforme a alta do dólar. Na loja dele a bike mais em conta custa R$ 1.150,00 e a mais cara R$ 27 mil. Os modelos da moda são as de aro 29. “Antes teve muita saída as de aro 26, mas o consumidor descobriu que a 29 dá maior rendimento e conforto na pedalada”, explica.
Ele disse que o mercado vive um momento de desabastecimento em razão da suspensão dos serviços de fábricas em Manaus no início da pandemia. “Isso está refletindo agora. Mesmo trabalhando sempre com estoque mais alto, alguns produtos estão em falta, pois as fábricas não estão conseguindo cumprir prazos por falta matéria-prima da indústria”, revela.