Para conter Covid, Campo Mourão adotará lockdown a partir da próxima quinta-feira
O prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli (Cidadania), anunciou na manhã deste domingo (23), durante reunião online com prefeitos da Comcam, que o município adotará lockdown total dos dias 27 a 30 deste mês. Com a medida, todo o comércio, incluindo mercados e empresas do ramo da construção civil não poderão funcionar no período. Apenas indústrias continuarão.
Já do dia 31 de maio a 6 de junho, todas as lojas continuam proibidas de atendimento presencial ao público, mas estarão autorizadas a funcionarem no sistema delivery. 18 dos 25 prefeitos da região participaram do encontro. Campo Mourão tem 199 óbitos por Covid e 9.327 confirmações. Casos ativos são 1.446 e ainda 197 casos suspeitos. São os piores números desde março do ano passado, início da pandemia.
Um decreto está sendo editado pelo município e será publicado no início desta semana com os detalhes. A Comcam emitirá uma recomendação aos municípios para que todos também adotem as mesmas medidas de Campo Mourão. Os prefeitos têm o apoio de médicos das Santas Casas de Campo Mourão e Goioerê que atuam na linha de frente da Covid para as ações e de parte do comércio.
“Estamos com 77 pessoas internadas na Santa Casa com coronavírus. Na UPA tenho mais 26 e ainda mais 10 ou 12 na Central Hospitalar. Esta semana entramos no desespero para manter o abastecimento de oxigênio”, falou Tezelli, ao ressaltar que o município já teve ‘carta branca’ do Comitê de Crise e dos médicos do município para as medidas.
Segundo ele, não há outra alternativa que não seja o fechamento total do comércio para conter o coronavírus. “É difícil tomar uma decisão desta, mas não tem outra saída. Até mesmo a sociedade que cobrava a gente para não fechar hoje já pensa diferente e pede pelo fechamento. Para se ter ideia, hoje temos cerca de 10 empresas que estão fechadas em Campo Mourão porque estão com surto de e Covid”, falou o prefeito.
Tezelli informou que a média diária de contaminações no município está entre 150 a 200 pessoas. “Vai chegar uma altura em que não teremos mais oxigênio. Todas as vezes que fechamos por um período maior tivemos um resultado melhor”, justificou, ao comentar que nunca imaginou ter de passar por uma situação como esta como prefeito.
“Eu já fechei a cidade por quase 76 dias, mas nunca fechei serviços essenciais, como mercados, agropecuárias, entre outros. Essa medida nossa agora que estamos tomando é porque chegamos em um pior momento. Eu não consegui esta semana inteira dormir. Se eu não fizer isso vai morrer muito mais gente e vou acabar sendo responsabilizado por isso”, afirmou. “É muito melhor parar uma semana do que ter 4 ou cinco mortes por dia como vem ocorrendo em Campo Mourão. Não adianta ficar em cima do muro. Temos que tomar uma posição”, emendou.
O secretário de Saúde de Campo Mourão, Sérgio Henrique dos Santos, que participou da reunião, informou que na noite deste sábado (22) ocorreu mais uma morte na UPA. Só nesta semana, segundo ele, foram 4 óbitos no local. “O momento precisa de medidas extremamente restritivas. A Santa Casa estava ontem à noite pedindo respiradores emprestados. Até respiradores de transportes estavam sendo usados para intubar pacientes. No Pronto Socorro não é diferente. Enfim, o caos está instalado. Isso não é novidade para ninguém”, argumentou.
Fila de espera por leitos
Devido ao aumento de casos de coronavírus na região, aumentou significativamente o número de pacientes na fila de espera por leitos para internamento. Na área da 11ª Regional de Saúde de Campo Mourão, 46 pessoas aguardam por vagas, sendo 22 por UTI e 24 em enfermaria. Na macrorregião noroeste, que engloba a regional de Campo Mourão; Umuarama; Cianorte; Paranavaí; e Maringá, são 190 pacientes na fila de espera: 71 por leitos de UTI e 119 por enfermaria.