Reconhecimento internacional como área livre de aftosa, sem vacinação, reflete na Comcam

O Paraná foi reconhecido como área livre da febre aftosa, sem vacinação, pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). O selo sanitário foi concedido em reunião virtual comandada pela organização, em Paris, na última quinta-feira. A médica veterinária da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), núcleo de Campo Mourão, Claudia Gebara, disse que o certificado reflete diretamente na Comcam.

Segundo ela, na região de Campo Mourão, há várias propriedades que são habilitadas para exportações, mas dependiam apenas deste 'empurrão' para iniciar as transações comerciais com países de fora. “O reconhecimento facilita a comercialização de proteína animal no mercado internacional, como Japão, Coreia do Sul e México, que pagam mais pelos produtos. Com este selo, produtores habilitados de nossa região abrem novas portas de comércio”, afirmou Claudia. 

Ela lembrou que além de área livre da aftosa, a OIE também reconheceu o Paraná como zona livre de peste suína clássica independente. “O Estado já era reconhecido como área livre da aftosa pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), desde 2020. O último foco da doença, no Paraná, foi confirmado em 2006”, lembrou a médica veterinária.

Claudia informou que o selo sanitário era um sonho do Paraná e da classe agropecuária produtora. “Era muito aguardado por todo o setor agropecuário do Paraná porque muitos países não compram dos Estados que vacinam. E não é só carne bovina, carne suína também”, ressaltou. Segundo ela, apenas Santa Catarina tinha este certificado no Brasil. Além do Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e uma parte da Amazônia e Mato Grosso também conquistaram o selo. 

“Este certificado significa que se o Estado consegue controlar a febre aftosa, que é uma doença contagiosa, ele também controla as outras. É um selo de qualidade da defesa agropecuária”, afirmou, ao lembrar que são 50 anos de vacinação contra a aftosa. “Esta conquista reflete em um esforço conjunto entre Adapar, Governo do Paraná e produtores. Nunca a agropecuária paranaense avançou tanto quanto na obtenção deste certificado”, afirmou.

A médica veterinária lembrou que continua em toda a região a campanha de atualização do rebanho que prossegue até o dia 30 deste mês. De acordo com a Adapar, existem na Comcam 10.414 propriedades com explorações pecuárias. O rebanho bovino é de 445.168 animais. Devem ser cadastrados bois, búfalos, cabras, ovelhas, suínos, cavalos, jumentos, mulas, galinhas e peixes.

“Não vamos vacinar mais contra febre aftosa. Mas a vigilância contra a doença continua, como as fiscalizações em propriedades. Vale reforçar ao produtor rural para que não transporte animais sem GTA (Guia de Trânsito Animal). Se a doença tiver de entrar é porque os animais são transportados sem documentação”, acrescentou. 

Em 2020, o Paraná produziu 5,7 milhões de toneladas de carne de porco, boi e frango, o que representa quase um quarto da produção de todo o Brasil. Com a certificação obtida, segundo o Mapa, agora, 20% do rebanho bovino do país está em zonas sem vacinação da febre aftosa.