Empresários reclamam de burocracia do Corpo de Bombeiros

A burocracia do Corpo de Bombeiros (CB) tem tirado a paciência de muitas pessoas em Campo Mourão. O empresário Cezar Bronzel diz não saber mais as direções a seguir. Há quase dois anos iniciou o projeto de construir um prédio na cidade. Um investimento de R$ 15 milhões. Tudo caminhou bem até dar entrada na corporação. Lá, segundo ele, o negócio empacou. 

Bronzel conta que deu entrada na papelada nos bombeiros em agosto de 2019. Ele queria a aprovação do projeto para dar início a obra. A prefeitura, antes disso, já havia pré aprovado outras partes do empreendimento. Dias depois o documento foi devolvido pelos bombeiros para alterações. Corrigiram. Um mês depois devolveram com novas alterações. Corrigiram. Hoje, no entanto, já faz mais de três meses que nada vem dos militares. “Eu não sei mais o que fazer. Investir nesta cidade tá parecendo um castigo. Precisa ser assim”? questionou.

A arquiteto responsável pela edificação, Nelson Goch Junior, lamenta a situação e aponta para as dificuldades burocráticas impostas pela instituição. Segundo ele não existe efetivo capaz de dinamizar os processos da cidade. Ou seja, acredita que os bombeiros deveriam ter mais gente trabalhando. Encurtaria os prazos. Facilitaria a vida da população. Além disso, viu algumas dissonâncias nos pedidos do CB no projeto em questão. 

“Queremos construir um edifício. Mas num dos pedidos exigiram detalhes que competem às distribuidoras de gás. Não a nós”, revela o arquiteto. Além do mais, acredita que a burocracia vem jogando contra a economia da cidade. Ele explica que, não fosse a demora em obter o alvará para iniciar a construção, 100 pessoas já poderiam estar com carteira registrada. Outras 300 também seriam beneficiadas com empregos indiretos. “O impacto econômico é devastador. O município já poderia estar lucrando com impostos”, disse.

Bronzel, por sua vez, diz que, com o aumento do dólar, os custos já foram elevados. Ele esclarece que a demora é inimiga dos investimentos, haja vista que o dinheiro desaparece com uma economia fraca. O empresário também questiona os métodos adotados na análise dos bombeiros. Ele não entende porque um soldado tem que saber mais que um engenheiro. “Está na hora da gente saber o que está acontecendo. Porque a demora. Porque ficam com alterações a todo momento. Esses soldados tem o CREA”? questiona.

O prefeito Tauillo Tezelli (Cidadania) diz que está em conversas com o deputado estadual Douglas Fabrício (Cidadania) para melhorar o efetivo da unidade de Campo Mourão. “Já existe o compromisso do governo do estado em aumentar o efetivo”, disse. Ele entende que a burocracia do serviço público é toda ruim. E esse problema afeta a construção civil e abertura de empresas. “Isso acaba atrasando investimentos, construções. Trata-se de um problema visto em todo país”, disse.  

Sem querer ser identificado, um empresário disse que hoje a sua situação está resolvida. No entanto enfrentou dois longos anos correndo atrás de papéis. Tudo para que tivesse autorização do Bombeiro para trabalhar. “Lembro que levava o projeto e ele voltava para correções. Isso aconteceu bem umas oito vezes”, disse. Segundo ele, tudo poderia ser melhor se a corporação analisasse de uma só vez. “Fora isso, quando ia um outro membro da equipe do bombeiro fiscalizar a execução, ele dizia que tinham outras coisas a serem feitas”, lembra. 

O empresário se diz aliviado hoje por não depender mais da instituição. Ele ressalta que passou momentos de intensa emoção, sempre que o seu processo “enroscava” nas gavetas do Corpo de Bombeiros. “Acho que pode e deve melhorar. A população não pode ficar refém. A tramitação tem que ser transparente e ágil. Rápida”, disse ele. 

Procurado, o Tenente André Bueno respondeu a todas as perguntas deste Jornal via celular. Mas as apagou. Em seguida, solicitou que as perguntas fossem mandadas através de um ofício. A TRIBUNA, mesmo já tendo as respostas, colaborou e enviou o ofício. Respeitando desta maneira, os trâmites burocráticos do CB.  No entanto, após mais de uma semana, o jornal não obteve as respostas.

Acesse a resposta dos Bombeiros.