Honestidade fez Gabriel não receber boletos
Imagine a cena: Comércio fechado. Sua empresa sem trabalhar. Faturamento despencando. E, mesmo assim, você vai atrás de seus parceiros pedindo que deixem de creditar os boletos ao próprio negócio. Irreal? Não. Em Campo Mourão, um micro empresário fez isso. Agindo de uma forma ética jamais vista, ele mesmo correu atrás de seus clientes. Pediu que não pagassem as faturas mensais. O motivo é simples. Já que não está fazendo o serviço, não tem porque receber. Um pensamento óbvio. Embora num momento crítico nunca antes vivenciado.
Gabriel Barbieri Ferrarini tem 34 anos. Ele possui uma Micro Empresa Individual (MEI). Ao lado da esposa, Simone, 32, faz limpeza de vidros e espelhos do comércio. Até antes do vírus surgir, agora em março, tinha uma carteira com 90 clientes. Mas a coisa ficou séria. Tudo parou. Inclusive ele. Viu o faturamento despencar de R$ 9 para R$ 1,7 mil. Permaneceu 30 dias com apenas nove clientes. Então, num gesto de extrema nobreza, decidiu correr em busca dos parceiros. Para os quais não estava atuando. Pediu que não pagassem seus boletos. Mesmo precisando da grana. E muito.
Até antes da crise do vírus, mantinha além da esposa, um funcionário registrado. Teve que demitir. É que, dos 90 clientes, ficou com apenas 9. As demais estão em stand by. Estudam a possibilidade de continuarem com Gabriel. Mas ele fez sua parte. Deu a cara pra bater. Foi atrás de todos. E pediu que deixassem de pagá-lo. Pelo menos até que volte a executar o serviço. “Acredito que muitos irão voltar com meus serviços. Ainda mais que o comércio reabriu”, disse. Sobre o funcionário demitido, assim que as coisas melhorarem, ele deve ser readmitido.
Diante de sua honestidade, a dona de uma das empresas visitadas por Gabriel, não aceitou a proposta. Mesmo com o negócio fechado, ela insistiu pagar os boletos. “Sei que está ruim pra mim. Pra ele também está. Mas vendo a postura que teve, fiz questão em continuar honrando os seus boletos”, disse ela. A empresária preferiu ficar no anonimato. Segundo ela, no seu caso, teve que negociar a prorrogação de algumas contas. Em outras, não teve ajuda dos fornecedores. É que, no mundo “business”, até então, não havia compaixão. O dinheiro sempre falava mais alto. E, sentimento, era coisa pra apaixonados.
Gabriel é um jovem bastante simples. Criou a empresa há dois anos. Antes, era funcionário de uma empresa do mesmo ramo. Com o tempo, arregaçou as mangas e alçou seu próprio voô. Ele é casado com Simone. Sua companheira de casa e de trabalho. Eles não têm filhos juntos. Apenas Simone. Moram numa casa alugada. Gabriel está tentando colocar as coisas em ordem. Da sua maneira. Ao seu tempo. Com o tamanho do bolso. E ele sabe que conseguirá.
Crente em Deus, acredita em dias melhores. O que está acontecendo não é para sempre. Preocupado com a verdade, sempre buscou fazer a coisa certa. Talvez, seja um dos motivos do seu sonho: fazer faculdade de História. Pra entender um pouco sobre os “porquês” do mundo. Gabriel tem apenas o segundo grau. Tem fé na força de Deus. Não em religiões. Acredita que ele é o responsável pela bondade das pessoas. Ainda ontem, ele informou que, com o comércio reabrindo, embora de modo tímido, já havia retomado 65 de seus clientes.
Serviço
Se você precisa de profissionais para limpeza de vidros e espelhos pode ligar ao Gabriel. Profissa Limpezas: 99901-7656