Procura por Ivermectina aumentou até 90% e preços também subiram

Conhecido medicamento para tratamento de vermes e piolhos, a procura pela Ivermectina teve um crescimento de até 90 por cento em algumas farmácias de Campo Mourão depois que a mídia divulgou que alguns especialistas defenderam o uso para prevenção ao Coronavírus. Com a demanda crescente, os preços também aumentaram. Até mesmo a versão para uso veterinário está sendo procurada nas empresas do ramo. 

“Aqui as duas mil cartelas que chegaram acabou no mesmo dia. A procura aumentou, seguramente, em mais de 90 por cento”, disse o gerente de uma farmácia na área central, ao acrescentar que espera a chegada de uma encomenda para esta semana. A cartela com 4 comprimidos está sendo vendida a R$ 27,40 (R$ 6,85 cada comprimido).

Em outra farmácia o produto chegou nesta quarta-feira, também vendido pelo mesmo preço. “Estava em falta há uma semana, chegou agora, mas a procura está alta”, disse uma das balconistas. O gerente de uma terceira farmácia consultada pela TRIBUNA recusou-se a informar sobre preços do medicamento, apenas disse que estava em falta.

Os responsáveis pelas farmácias consultadas afirmaram que o preço não teve alteração. “Esse é o preço que a gente vendia antes”, disseram os gerentes. A reportagem da TRIBUNA, porém, verificou que no fim do ano passado a prefeitura de Campo Mourão comprou o medicamento a 19 centavos cada comprimido. Em uma cotação feita agora, o preço médio já subiu para R$ 2,72 cada. Mesmo assim, muito inferior aos praticados pelas farmácias.

Em uma empresa do ramo veterinário o produto usado para vermes, pulgas e carrapatos também teve aumento da procura. “A gente orienta que essa versão é para uso animal e não deve ser usada por humanos”, disse o médico veterinário responsável. Ele revela que antes da pandemia o produto era vendido a R$ 12,00 cada cartela com 4 comprimidos de 12 miligramas. Agora custa R$  25,00.

Infectologista não recomenda uso indiscriminado da Ivermectina

O infectologista Ricardo Freitas, de Santa Catarina, não recomenda a distribuição indiscriminada da Ivermectina. Ele lembra que ainda não há estudos robustos que comprovem a eficácia do medicamento no combate ao Covid-19.  No Brasil, a Anvisa não reconhece a Ivermectina para o tratamento da doença.

“Uma coisa é receitar um medicamento para uma pessoa no consultório. Outra é distribuir para uma cidade inteira para pessoas de qualquer idade, peso e comorbidades. Isso é arriscado”, frisou o infectologista em entrevista à imprensa. Segundo ele, alguns trabalhos científicos mostraram eficácia em humanos, mas com dose muito alta. 

Ele alerta que a auto-medicação nunca foi recomendada. “Você tomar um remédio estando sadio não é recomendável. Essa adesão sem critério é perigosa”, pondera. Freitas acrescenta que além de ser uma tentativa experimental, há o risco das pessoas que tomarem o remédio sentirem-se protegidas e relaxarem com as medidas de prevenção recomendadas pelas autoridades de saúde.

Na região de Campo Mourão a prefeitura de Farol vai oferecer o medicamento. “Outros municípios e outros países já adotaram o medicamento, que não traz malefício nenhum e com o aval do Comitê de Saúde também vamos oferecer a quem não pode comprar. Mas só será fornecido para quem passar pelo médico”, disse a prefeita de Farol, Angela Kraus, que é enfermeira.

Ela afirmou que a dificuldade está em conseguir comprar o medicamento. “Como gestora nossa preocupação é cuidar da população que mais precisa. Quem tem recursos paga uma consulta e compra o remédio. Mas quem não tem necessita da rede pública”, justifica. 

Em Campo Mourão, o secretário municipal de Saúde, Sérgio Henrique dos Santos, disse que o município também vai comprar a Ivermectima, que já era fornecida na rede pública. “Mas é claro que como todo medicamento caberá ao médico receitar. Não será distribuída a pedido do paciente”, alertou.