Maria Ana foi salva por Jorair
Depois de 45 anos da tragédia envolvendo a Família Maia, quando morreram quatro irmãos, nas águas da Usina Mourão, uma nova descoberta. A única sobrevivente do naufrágio, Maria Ana Maia Martins, já sabe quem a salvou. Através da reportagem publicada na TRIBUNA, na última semana, informações levaram até um dos heróis do dia 23 de fevereiro de 1975.
Até então no anonimato, Jorair Fernandes de Moraes, hoje com 71 anos, conta que estava na usina naquele dia. Andava de barco com alguns amigos. Foi quando percebeu que uma criança se debatia nas águas da represa. Sem pensar duas vezes, se aproximou com a embarcação, e a puxou pelo cabelo. Quase afogada, foi transportada até as margens, e entregue à família.
“Lembro que era depois do Carnaval. Estávamos num barco aproveitando aquela tarde. Vimos a criança. Ela afundava e voltava à superfície. Então corremos para salvá-la”, disse Jorair. Na época, ele tinha 26 anos. Mesmo tentando, disse não conseguir lembrar quais amigos estavam com ele. “Fizemos apenas o nosso papel. Não fui o único a retirá-la”, explicou. Corretor de imóveis, ele viveu em Campo Mourão até 1979. Depois se mudou à Cuiabá. Onde reside até hoje.
Embora more em outro estado, toda a família de Jorair ainda está em Campo Mourão. Ele era filho de Jorge Fernandes de Moraes – in memorian. “Seo Jorge” era o dono do famoso Bar Aparecida. Foi pioneiro nas terras vermelhas da cidade. O também conhecido médico, Martinho Fernandes de Moraes, morto em 2016, era irmão de Jorair. Seu filho, com o mesmo nome, traçou o caminho do tio, e trabalha como nefrologista na cidade.
Maria Ana não tinha ideia do nome da pessoa que a salvou. Eram muitas versões sobre o caso. Mas agora, ela pretende entrar em contato e agradecer. Quem sabe, após a pandemia, até um encontro aconteça. Ela reside em Curitiba. Está com 52 anos. Dos cinco irmãos no barco, foi a única sobrevivente. O caso foi, possivelmente, um dos mais trágicos da história de Campo Mourão.
Mais velha dos dez irmãos, Maria Alcione Maia Boiko, revela que, na época, algumas pessoas se aproveitaram da situação. Um homem quis dinheiro. Disse que havia salvado a menina. Primeiro ele passou no antigo posto de combustíveis da família. Pediu pra encher o tanque. A conta ficaria na conta de Pedro Maia. Disse que era pelo salvamento da menina. “Passamos por muitas situações desagradáveis”, disse Maria. Mesmo sendo cobrada, a família nada pagou. Afinal, além de ser uma inverdade, não seria o correto a fazer. Uma vida não se cobra.
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