Após chuva, agricultores intensificam plantio do trigo; produção será 4% maior
A frente fria que provocou chuva na região de Campo Mourão nesta quarta-feira (12), era o motivo que os agricultores esperavam para intensificar a semeadura do trigo safra 2021/22. Apesar de o volume ainda ter sido baixo – considerando uma seca de quase dois meses-, a umidade do solo já favorece os trabalhos, que estavam paralisados.
“Os produtores estavam esperando ansiosos por esta chuva para dar largada ao plantio “, falou o engenheiro agrônomo, André Fernandes de Lima, Encarregado do Setor Técnico da Coamo de Campo Mourão. Segundo ele, praticamente todos os produtores de trigo, na área de atuação da Coamo, na região, estavam aguardando a chuva para semear a cultura.
A Secretaria Estadual de Agricultura (Seab), núcleo de Campo Mourão, deve divulgar ainda hoje um balanço detalhado do plantio do trigo na região. Nesta temporada, a área com a cultura na Comcam é de 85.000 hectares, 15% menor em relação à safra anterior. No entanto, a produção estimada deverá ser 4% maior, atingindo 250.750 toneladas. Na safra anterior, os produtores plantaram 100.000 hectares do cereal. A produção foi de 240.000 toneladas.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), apesar da área menor, a previsão de aumento na produção está ligada à possível recuperação do potencial produtivo, que no ano passado foi afetado pela estiagem, que causou quebra na produção.
A região de Campo Mourão tem potencial de produzir até 3 mil quilos de trigo por hectare. Porém, como o cereal é uma cultura bastante exposta, com riscos de geada, seca, ou chuvas na colheita, facilmente pode ter o potencial produtivo afetado.
Ainda conforme o Deral, a área com trigo reduziu porque o cereal perdeu espaço para o milho, que está com preços recordes. Contudo, o trigo também segue valorizado no mercado. A saca de 60 quilos está cotada a R$ 80,00. No mesmo período do ano passado estava a R$ 57,00. O preço está sendo impulsionado pela cotação do dólar, entre outros fatores externos.
A janela de plantio foi aberta no começo de abril. Os produtores têm até o fim deste mês para concluir a semeadura na região. O atraso no semeio pode implicar em riscos à lavoura, como geadas, por exemplo.
O Paraná é o quarto produtor em volume e valor bruto da produção. Em 2019, foram colhidas 8,6 mil toneladas em 637 hectares, o que rendeu R$ 15,3 milhões. Para esta temporada, a safra foi estimada em um recorde de 3,77 milhões de toneladas em 2021. O aumento é de 21% ante 2020, com produtores sendo incentivados a aumentar o plantio em meio a preços favoráveis. A cultura do trigo é a principal alternativa de produção para a safra de inverno no estado do Paraná e se encaixa no período de abril a outubro, dependendo da região de cultivo, em sucessão à soja.
O estado do Paraná é dividido em três grandes macrorregiões em relação a adaptação e indicação de cultivares de trigo são elas: região 1: Centro-Sul, fria e úmida, com clima temperado e altas altitudes, representada por Ponta Grossa, Irati e Guarapuava; Semeaduras indicadas para os meses de junho e julho. Região 2: Central, moderadamente quente e úmida, intermediária em clima e altitude, representada por Campo Mourão, Cascavel e Pato Branco; semeaduras indicadas para os meses de abril a junho. E região 3: Norte/Oeste. Quente e moderadamente seca, com clima subtropical e baixas altitudes representadas por Londrina, Maringá e Palotina. Semeaduras indicadas de abril a maio.