“Tecnicamente estamos enfrentando a 4ª onda”, diz Saúde, sobre Covid

“O quadro não é bom. Estamos enfrentando tecnicamente uma quarta onda de Covid-19. Ela cresce e cai. E neste momento está vindo com uma força tremenda.” O alerta é do chefe da 11ª Regional de Saúde de Campo Mourão, Eurivelton Wagner Siqueira, durante reunião online com prefeitos da Comcam e secretários da Saúde, na tarde desta sexta-feira (21). 

Siqueira atribuiu a elevação da curva de contaminação principalmente à falta de comprometimento de parte da população que não está adotando os cuidados de prevenção ao vírus. Ele informou que hoje a Macrorregião Noroeste, que engloba os 25 municípios da Comcam, está com mais de 160 pessoas na fila de espera por leitos de UTI e enfermaria. 

“Há dois dias fizemos contato com todos os hospitais para a possibilidade de ampliação de leitos. E todos disseram que não tem estrutura e nem equipe médica. E ainda estamos tendo problemas com sedativos. Mesmo a Secretaria de Estado colocando toda semana uma quantidade de sedativos não está sendo suficiente para a demanda”, falou, ao alertar os prefeitos que se os municípios não adotarem medidas mais duras com urgência o cenário piorará ainda mais. 
 

Para agravar a situação, existe a possibilidade de o Pronto Socorro pedir o descredenciamento de leitos da Ala Covid porque não está tendo equipes para os plantões. “Ou seja, em vez de melhorar pode piorar ainda mais a situação”, lamentou. Siqueira informou aos prefeitos que os números mostram que o epicentro da pandemia no Paraná poderá ser a macrorregião, que engloba a Comcam. “Começou com força por Umuarama veio para cá e está em Maringá também. Precisamos intensificar medidas restritivas e aumentar a fiscalização”, ressaltou. 

Desespero
O secretário de Saúde de Campo Mourão, Sérgio Henrique dos Santos, disse que a situação é desesperadora no município. “Não consigo achar outa palavra que não seja desespero. Estamos com 20 pessoas à espera de leitos na UPA, 12 fazendo uso de oxigênio”, falou. 

Ele informou que o município já está enfrentando dificuldades para abastecimento de oxigênio. “Estamos buscando ajuda do Pronto Socorro e outros municípios da região”, informou. “Dói muito falar isso, mas se a situação se agravar mais um pouco do que já está, vai morrer gente afogada porque estamos enfrentando dificuldades para conseguir oxigênio. E já não sabemos mais o que fazer”, preocupou-se. 

Os prefeitos deverão definir durante esse fim de semana medidas mais rígidas em conjunto para conter a disseminação do vírus, como o fechamento de toda atividade comercial pelo prazo de 7 dias, a partir da próxima terça-feira (25). “Com dor no coração vamos ter que fechar tudo por sete dias”, prevê Santos. “Vamos ter que fazer algo bem restitivo pensando, inclusive, em como o os mercados poderiam funcionar oferecendo menor risco de contaminação. Acho que este é o único caminho. Não consigo visualizar algo diferente disso. Caso contrário vamos correr o risco de viver o mesmo cenário que o Amazonas enfrentou recentemente”, acrescentou. 

O prefeito de Boa Esperança, Joel Buscariol, que decretou lokcdown nesse fim de semana, disse que o município está enfrentando um dos piores momentos da pandemia, inclusive com dificuldade de conseguir oxigênio para atender os pacientes.  “Estou correndo pessoalmente atrás disso. É lamentável que uma parte da população não está nem aí para a situação”, desabafou. 

O prefeito de Campo Mourão, Tauillo Tezelli, afirmou que o momento atual é o pior já vivido desde o início da pandemia. ” A todo momento profissional de saúde chorando porque perdeu paciente, a gente pensando que daqui a três horas não vai ter oxigênio e temos que correr para não faltar, profissional querendo abandonar porque já não está aguentando mais. Este é o cenário”, relatou. 

O presidente da Comcam, Leandro César Oliveira, prefeito de Araruna, defendeu que todos os municípios adotem as medidas ainda mais restritivas em conjunto. “Se é lockdown para um tem que ser para todos. Temos que nos unir agora. Um dar suporte ao outro”, afirmou.