Pintor automotivo mais antigo de Campo Mourão completou meio século de atividade
Na esquina da Rua Araruna, bem em frente a igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na Vila Rio Grande (Campo Mourão), fica a oficina do pintor automotivo Oscar Schebeleski. Com 65 anos de idade, ele exerce essa profissão há mais de 50 anos. É o mais antigo profissional desse ramo ainda em atividade na cidade. Formado em Contabilidade, nunca quis saber de escritório.
“Comecei muito novo, com 14 anos e das pessoas que trabalhavam com pintura naquela época que ainda não morreram, já se aposentaram”, observa Oscar. Mas ele avisa que não tem intenção de parar tão cedo. “A não ser que ganhe na mega sena”, brinca.
Nascido em Campo Mourão, Oscar nunca morou em outra cidade. “Já recebi propostas para trabalhar em centros maiores, como Curitiba, mas nunca sai de Campo Mourão, não pretendo sair e não vou sair”, acrescenta o pintor, que tem três filhos. Um deles, Marcos, trabalha com ele na oficina, que conta ainda com outros dois funcionários.
Oscar recorda que quando começou havia poucos profissionais nessa área na região, até porque também tinha poucas oficinas em cidades do interior. “Aqui em Campo Mourão a oficina em que comecei foi uma das pioneiras. Somente as concessionárias de veículos tinham oficinas, como a Pismel (Ford), Trombini (Chevrolet) e Cimauto (Volkswagen)”, lembra.
A oficina Wagen, onde começou, ficava na esquina da agência do INSS. “Depois de um ano e meio fui chamado para trabalhar na Ford, onde fiquei também pouco mais de um ano. Então meu ex-patrão me chamou de volta, com oferta de salário melhor. Voltei e fiquei mais 25 anos”, conta o pintor.
Na crise enfrentada pelo Brasil no início dos anos 90, a situação da oficina ficou difícil. “Na época tinha 16 funcionários e as dificuldades começaram a aparecer. Então fiz um acerto, trabalhei mais um tempo e com algumas economias resolvi montar meu próprio negócio aqui, no mesmo terreno onde moro. Isso já faz 24 anos”, sintetiza.
A profissão
Gostar do que faz, segundo ele, é o principal segredo para permanecer tanto tempo fazendo a mesma coisa. Dedicação e contar com bons equipamentos também é necessário. “Meu serviço não é tão pesado, mas também não é leve. Dá pra unir o útil ao agradável. Recebo pelo que faço e não preciso frequentar academia para ficar em forma”, analisa bem humorado.
Tanto tempo na atividade também requer constante aperfeiçoamento. “Fiz pelo menos uns 30 cursos, alguns em São Paulo. As revendedoras de tintas sempre ofereceram cursos. Antigamente era muito mais difícil, desde as tintas como os recursos disponíveis. Hoje temos materiais muito modernos, bem melhores, que agilizam o serviço”, explica Oscar, que mora ao lado da oficina.
“O tempo passa rápido demais. Quando você percebe já passaram 20, 30 anos”, analisa o pintor, que tem clientes cativos. “Os clientes confiam no trabalho da gente e procuram quando necessitam. Mas estamos aqui para fazer o serviço de quem precisar”, argumenta.
Segundo ele, a pandemia não afetou o trabalho, mas refletiu no aumento dos preços dos produtos. “Diminuiu o poder aquisitivo das pessoas e triplicou o valor dos produtos que a gente compra. Isso diminui o faturamento porque não tem como repassar o custo para o cliente na mão-de-obra”, completa.