Democracia é chutar cavaletes? Pisar no título eleitoral?
Assim como os candidatos verbalizam o que pretendem fazer se forem eleitos, os eleitores poderiam definir prioridades para o debate político-eleitoral. Uma ordem de importância concreta é um critério a apontar, para a própria sociedade, os temas que merecem destaque.
Infelizmente até aqui em Campo Mourão ganha destaque assuntos menores, pitorescos até mesmo desnecessários, mas que geram maior repercussão, espelhando em sentido amplo que a política é desprezada por muitos eleitores que preferem se omitir ou voltar os olhos para o que é burlesco. É cômodo perceber o crescimento generalizado e destituído de qualquer conhecimento e responsabilidade, dando a entender – aliás falsamente e em momentos específicos, pior – que os candidatos são por si sós escórias sociais.
Não se trata de defender os políticos, mas de lembrar um fato tão simples quanto menosprezado por parcela significativa do povo: os governantes são escolhas nossas, cabendo um mínimo da parcela de responsabilidade inerente ao voto. A política está presente em tudo, embora se suponha que ela exista apenas no âmbito do que é público e nas hostes estatais. O nosso cotidiano tem interferências vitais para o bom ou para o ruim, tudo numa relação de causa e efeito da política como a ciência do poder, poder emanado em tese pelo próprio cidadão, que aliás só é cidadão em larga medida conforme a consciência que possui ao exercer direitos e deveres.
Repercute na internet uma campanha para chutar cavaletes, uma forma de protesto estimulado virtualmente para ser praticado contra placas da propaganda eleitoral. Antes que se possa pensar alguma contrariedade ao que é liberdade democrática, é evidente que motivos existem para tamanho descontentamento em relação à classe política, haja vista os escândalos como o mensalão. Contudo, a forma de protestar não contribui para a politização do processo eleitoral, cuja repulsa torna mais árida e grotesca, assemelhada ao voto em branco e a anulação.
Os candidatos que se apresentam são fruto do grau de consciência política e social e do nível de conhecimento, participação e envolvimento populares.
Aliás, descendo ao nível de uma discussão pobre e tosca, não faltam aqueles que afirmam que os cavaletes são perigos iminentes, acidentes que poderiam ou teriam ocorrido por causa da obstrução da calçada e a falta de visibilidade por parte dos motoristas. As pessoas se sentem à vontade para criticar tudo que está aí na política. Não se trata de negar-lhes o motivo, mas seguramente que o tema não poderia ser o mais debatido, uma vez que ele não contribui sobejamente para a reflexão sobre as escolhas que faremos no dia sete de outubro.
Sobre os candidatos é como discutir a cor dos olhos, da roupa que usam, a religião que têm ou o time pelo qual torcem, fatores que não podem exclusivamente definirem as razões para escolher o próximo prefeito e vereadores. Tampouco realizar uma escolha tendo como fator determinante um interesse individual ou classista.
Enquanto o voto for visto como obrigatoriedade e não como um direito essencial na qualidade de cidadãos, ser indiferente a política não impede que ela aconteça. Chutar cavaletes é um modo tacanho de pisar no próprio título de eleitor, transferindo o papel e a responsabilidade de escolher para outros, banalizando a liberdade e a democracia. É não distinguir e ao mesmo tempo relacionar a escolha do poder e o poder da escolha.
Frases de Fazer Frases (I)
Contam-se votos. Descontam devotos. Tudo é votivo?
Frases de Fazer Frases (II)
No torpor é que sentes se eram torpes os entorpecentes.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Viu só, tudo culpa da ministra, finalizou o Sítio Boca Santa, dia 18, ao noticiar o direito de resposta obtido por Tauillo (PPS) no horário da Regina Dubay (PR). Na declaração de apoio à Regina, a ministra-chefe da Casa Civil, senadora licenciada Gleise Hoffann afirmou que o CEFET (hoje UTFPR), foi uma conquista do presidente Lula e do prefeito Nelson Tureck. Gleise mentiu, pois o CEFET foi implantado na gestão Rubens Bueno/ Tauillo.
Não chega a surpreender, já que a ministra mentiu também sobre a retomada da Estrada Boiadeira e o asfalto C. Mourão-Roncador. Mas, caso pareça o termo mentira muito pesado, poderia se dizer que Gleise faltou com a verdade.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O concurso Pinóquio ocorrerá no ano que vem. Enquanto o referido encontro de causos e mentiras não acontece, o candidato a vereador mourãoense Mykymias disputaria com a Gleise o primeiro lugar. É conhecida a estratégia de ter colocado um cavalete sem foto alegando não ter dinheiro e para contrastar com os candidados ricos. Alguns meios de comunicação acreditaram e noticiaram o coitado e depois, ao verificarem, descobriram tratar-se de uma situação inventada.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
É quase uma dezena o número de candidatos religiosos (padre e pastor) e a sensação é que não se trata de promessas eleitorais, mas possíveis milagres. Restará saber após a apuração se os fiéis da fé tiveram fé e foram também fiéis no voto. É aguardar a apuração e os apuros.
Reminiscências em Preto e Branco
Imaginava-se que dar dentaduras em troca do voto fosse prática do passado. Porém, em Foz do Iguaçu foram presos candidato, dentista e eleitores barganhando votos. Não foram divulgados nomes. Caso fiquem na cadeia poderão sorrir, amarelo, uma das cores nacionais.