A zombaria calhorda e desumana contra o Jorel
A humildade não está na pobreza, não está na indulgência, na penúria, na necessidade, na nudez e nem na fome.
A humildade está na pessoa que tendo o direito de reclamar, julgar, reprovar e tomar qualquer atitude
compreensível no brio, apenas abençoar”
Chico Xavier.
Além da facilidade e comodidade, zombar de alguém sabidamente limitado, (se não totalmente em grande parte em termos mentais), de um ser humano que não possa se defender é mais que prevalecimento, é desumano, covardia.
Jorel, como é chamado ou como se intitula, é alvo da torpeza impiedosa, do escárnio sem limites com disfarçado humor e amizade, constantemente e das mais variadas formas. Como é possível dar gargalhadas de um ser humano a mendigar e que visivelmente não dispõe plenamente das suas faculdades mentais?
É cediço o elevado número de pessoas que promovem ou apoiam atitudes voltadas para a diversão do estupor alheio, embora os que agem assim são os verdadeiros estupores que, no anonimato ou assumidamente, estão certos que não existirá qualquer reação substancial impeditiva dessa degradação a fazer de um ser humano instrumento e meio de chacota. Eu não tenho qualquer autorização para fazer a defesa do Jorel, aliás qualquer outra pessoa faria melhor. Todavia, em se tratando de uma figura pública denegrida e aviltada por pessoas que fazem parte da mesma sociedade da qual também faço parte, expresso aqui a minha virulenta repulsa.
Pelos meios de comunicação dos mais diversos, incluindo o que circula pela internet, o tratamento é o de uma aparente brincadeira e mesmo crítica social, quando se revela cada vez mais a sordidez estúpida em zombar de uma criatura humana, volto a dizer, que não saber compreender plenamente o que lhe fazem.
Já há um razoável tempo, quando o assunto é política e com a intenção de criticar os políticos e a política de um modo geral, surge a galhofa desabrida de lançarem o Jorel para vereador. Não se trata de defender a política em sentido amplo, teórico ou concretamente com os personagens reais, aliás, convém advertir, escolhidos pelo voto do povo. É revoltante usar uma pessoa para servir de crítica, para avacalhar o chamado estado de coisas do poder, em qualquer nível, mais agora especificamente no âmbito de uma municipalidade, em vista das eleições para prefeito e vereador. Aliás, a covardia é latente na medida que ninguém concretamente é nominado no conteúdo da crítica ao poder e aos políticos, sendo o Jorel instrumento volátil e anacrônico que na verdade contém a subserviência ao estado de coisas que tanto criticam, supondo que, fazendo campanha a favor do Jorel, do voto branco ou nulo, fariam alguma mudança palpável positiva, porém contribuem mais para desmerecer a democracia, no caso omitindo-se irresponsavelmente.
São canalhas e covardes porque insultam, agridem utilizando alguém indefeso, o Jorel que cuida de cães e que no seu mundo demonstra, apesar do perambular pelas ruas, ser uma pessoa contente com ela mesma, a falar como quem dialoga consigo mesma, quando quer e como quer. Que ri e sorri pelas vias de Campo Mourão, escamoteado das regras sociais e privado de um conforto material. E muitos casos é mais fácil se conseguir doação de ração para cães do que assistir o Jorel em alguma necessidade material ou espiritual.
A covardia que também cabe referenciar é a crítica generalizada a classe política, anonimamente ou sem nominar ninguém, do tipo ninguém presta então vamos votar no Jorel. E é até fácil como crítica e afirmação que ele seria melhor prefeito ou vereador dos que estão no poder ou pretende dele fazer parte. E posso considerar que seria mesmo, bem mais dos que se vangloriam ao utilizá-lo para tal propósito.
À margem da sociedade mourãoense sem ser marginal no sentido da criminalidade, a gozação imposta ao Jorel faz lembrar o chamado bobo da corte. Porém, riem dele o rei, os súditos serviçais e os asseclas, mais indignos pelo atrelamento de um poder que não podem ousar criticar abertamente, utilizando-se do Jorel, ele que é um andarilho sem caminho certo, enquanto os que riem dele caminham escondidos com o escudo de quem bajula imaginando criticar pela discordância, de quem discorda sem assumir para não arcar com o que provavelmente condena sem assumir um papel relevante e verdadeiro.
Fases de Fazer Frases
Crítica só é verdadeira quando quem critica se ponha verdadeiramente no lugar do criticado.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Nesses dias de calor intenso, como se não bastasse a disputa acirrada no centro de Campo Mourão para estacionar carros, na medida em que são derrubadas criminosamente as árvores, conseguir uma sombra é como encontrar um oásis no deserto. O curioso e ilustrativo foi ouvir um comerciante, ao se abanar, dizer não suportar o calor. Logo ele que mandou derrubar as duas árvores para que ficasse visível a fachada da loja que é dono..
Reminiscências em Preto e Branco
A morte do cantor Wando, última quarta, oito, aos 66 anos, tornou oportuno lembrar um fato relacionado a Campo Mourão. Em 1984, o último grande evento de mobilização política e cívica ocorrido no Brasil foi a Campanha Diretas-Já!
O meio artístico-cultural entrou na campanha não apenas se manifestando a favor do voto direto para presidente (a ditadura militar insistia em continuar escolhendo militares pelo modo indireto), cantores passaram a fazer apresentações gratuitamente. O comando da campanha definia para onde os cantores se apresentariam. Wando veio a Campo Mourão e cantou todos os seus grandes sucessos, além de ser acessível ao público daquela época (um dos maiores comícios, cerca de 14 mil pessoas compareceram). No jantar realizado no CTG Índio Bandeira, Wando compareceu e cumprimentou simpaticamente a todos os presentes. Vale frisar, ele se apresentou aqui sem cobrar nada. Proporcionou e recebeu o carinho de seu grande público.
Wanderley Alves dos Reis, o Wando, era mineiro nascido em Cajuri, de origem humilde, as canções – como o maior sucesso , Moça – não são necessariamente bregas, mas românticas com melodias e letras simples, que o fizeram um cantor popular.