Brasil, contra o ‘golpe’ é contragolpe?
A quem se pode confiar mais seguramente a guarda da liberdade, aos grandes ou ao povo? Quais são aqueles que têm mais motivos para excitar as perturbações,
os que desejam adquirir ou os que preferem conservar?
Nicolau Machiavel
Caberá à Câmara dos Deputados a admissibilidade, ou não, do impedimento da presidente Dilma Rousseff (PT), permanecer no cargo. E ao Senado se instaura ou não o processo. Foi a deliberação do STF – Supremo Tribunal Federal, na observância do conteúdo constitucional, sem adentrar no mérito a ser examinado pelos parlamentares do Congresso Nacional. E o voto será aberto.
O que irá acontecer com a Dilma presidente? Nem ela nem ninguém sabem. O futuro dirá. E o passado é advertência, ir até ele o tempo suficiente para refletir sobre os presidentes do Brasil depois de 21 anos de golpe militar.
Primeira observação: Foi preciso quinze anos! A normalidade republicana levou todo este tempo, a contar da promulgação da Constituição Federal, 1988. Fernando Henrique Cardoso foi eleito e reeleito (1995-2003), concluiu o mandado e passou a faixa presidencial ao Luís Inácio Lula da Silva (2003-2011), também eleito e reeleito pelo voto direto.
É prudente citar fatos, abordá-los sucintamente para verificar se aprendemos lições da História suficientes para concluir: nem tudo é por acaso.
O maior movimento social, cívico e político do País foi a campanha Diretas-já! A derrota não desanimou. Tancredo Neves é eleito pelo Colégio Eleitoral e assegura que seria o último presidente escolhido daquele modo. Tancredo morre antes de tomar posse. Crise: quem assume? O vice José Sarney, que fez carreira política ao lado da ditadura. Antes que o barco militar afundasse deu os votos necessários na vitória tancredista. Outro fato, o último presidente da ditadura não transmite o cargo, Figueiredo saiu pelas portas do fundo.
O acontecimento de grande magnitude foi a promulgação da atual Constituição Federal. Graças a ela finalmente a escolha do presidente passa a ser pelo voto direto do povo. Fernando Collor é eleito em 1990, mas é denunciado pelo irmão Pedro por corrupção, o processo do impedimento conclui com a perda dos direitos políticos por oito anos. (Por bondade do povo alagoano, hoje ele é senador, também com fortes indícios de receber propinas). Outra crise, se o vice deveria assumir ou não. Sem qualquer envolvimento com Collor, Itamar Franco governa, combate e derrota a inflação com o plano real. Foi presidente de 1990 a 1992 e faz o sucessor, e então ministro da fazenda do governo dele é eleito presidente: Fernando Henrique Cardoso se elege e é reeleito, o único sem segundo turno.
Generalizando, todos se agarraram de tão modo ao poder que não bastava tê-lo, lutaram para ampliá-lo. Sarney teria um mandato de seis anos. Acharam que era muito e ele abriu mão de um ano e governou cinco. FHC articulou para emendar à Constituição e estabelecer a reeleição. E foi reeleito. Lula não teve a mesma sorte, após reeleito, tentou emendar a rereeleição
Fora Sarney, somados a todos os presidentes que tiveram cada qual o seu fora, agora tem o Fora Dilma e o Fora Cunha.
Se as nossas instituições, podendo não ser todas elas sólidas e eloqüentes nos ideais de liberdade que eles devem defender e praticar, tais instituições não são tão supostamente frágeis que sejam alvo ou ajudem para que algum tipo de golpe ocorra.
PMDB, PSDB e PT (seguindo ordem dos presidentes), são os Partidos que polarizam a história recente e atual. Sem colocar todos numa vala comum, o discurso e prática deles lembram o ditado: é o sujo falando do mal lavado.
Fases de Fazer Frases
Se todo cuidado é pouco, todo o perigo é muito?
Olhos, Vistos do Cotidiano
Ouço vozes… sou eu falando sozinho.
Reminiscências em Preto e Branco
Nada de lembrar a tristeza. Se encontrá-la finja que não a conhece.