Um título para 28 anos
Título breve para um longo texto? Título longo para um texto curto?
Estive Nólocal (b.d. C.)
Dia 10 de julho, 1988. Há 28 anos. A data é do nascimento desta Coluna. A Tribuna do Interior era jornal impresso semanário. Resolvi me aventurar ao enviar frequentemente textos para o Jornal, então a Tribuna me convida, abriu um espaço para eu escrever regularmente.
Quem deu o nome da Coluna? Não sei. O que sei é que o título da Coluna passou a identificar toda vez que eu produzia um texto. E continua: José Eugênio Maciel. Se ela e o nome são ainda provisórios, assim estão, 28 anos contínuos.
Ao caro leitor a minha gratidão! O que escrever sobre estes 28 anos? Nada. Fica por conta de quem desejar se manifestar, na próxima semana farei registros, (já são muitas as mensagens).
Como acima está dito, a única que vez que não pus título nesta Coluna foi o nome que ela tem. Antes de começar a produzir o texto eu penso no título, e enquanto eu não criar, definir o título, eu não inicio o texto.
Síntese, tema principal, nome de um livro, peça teatral ou do filme, o título é a palavra-chave, ao mesmo tempo em que é um resumo do texto, o título não pode dizer tudo. Por ter que chamar a atenção, ele deve conter poucas palavras que seduzam. Tanto pode quanto deve, título é para prender o leitor. Claro, o efeito contrário é afastar e até fazer o leitor correr do texto. O risco se tem e até vale a pena assumi-lo, buscando ser original, o título determina a quem escreve não ir e chegar ao chamado lugar-comum. O título é isca para fisgar o leitor-peixe pelo anzol, linha que alinha palavras, frases. Quem escreve sabe que não basta ter a melhor isca para atrair, é preciso ter paciência, esperar que o leitor abocanhe, seja fisgado. Quem escreve lança no mar da comunicação de tantas atrações de informações, conteúdos, opiniões.
Titulo, palavra-chave, é a chave dada ao leitor, cabe a ele abrir a porta, adentrar no texto.
Sobre título, o genial escritor, humorista e jornalista Aparício Torelly, Barão de Itararé, fez trocadilho com uma Coluna que tinha o título O dia do presidente (do jornal A Manhã) dedicada a elogiar Getúlio Vargas. O Barão, crítico ácido do presidente, pôs o título: Odiado presidente. Ainda sobre o Barão, ao colocar o nome do jornal dele, A Manha, apenas tirou o acento (~) do jornal que tinha trabalhado, também para diferenciar no conteúdo e forma de publicação.
Não são certeiros e podem enganar, sendo ótimos sem nada a ver com o conteúdo. Ruins, títulos contradizem o texto, nome de livro filme, peça de teatro ou publicitária. No Brasil o título de um filme dos Estados Unidos tinha tudo para não chamar a atenção de ninguém. Mas a fita fez enorme sucesso, apesar do título. Recheou a bilheteria por causa do boca em boca, quem assistia o filme o recomendava. No meu caso, eu estava em São Paulo para a Bienal do Livro. Ao regressar para o hotel, antes passo por um centro de compras e o cinema tinha muitos filmes em cartaz. Não foi pelo título, aliás não o escolheria, mas a opção tinha a ver com o horário, o filme começaria a poucos minutos. Foi um dos melhores filmes que vi!
O caro leitor está curioso? Se o título pode fisgar você a pode levá-lo a ficar curioso, por saber, afinal, o nome do filme. Jamais assistiria o filme se fosse pelo título! O filme teve como ganhadora do Oscar, atriz coadjuvante, Jéssica Tandy, merecidamente. Tomates verdes fritos, é o título do filme, sucesso alcançado sem qualquer publicidade para promovê-lo. A saudosa atriz me encantou tanto que assisti Conduzindo Miss Daisy para vê-la, atuação belíssima ao contracenar com ator dos mais espetaculares do mundo, Morgan Freeman.
Fases de Fazer Frases (I)
Título é pretexto, escolhido depois, vem primeiro que o texto.
Fases de Fazer Frases (II)
O lugar do Luizinho é o lugarzinho.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Visto com o olhar. Vista pelo olhar. Vestem aos olhares nus.
Reminiscências em Preto e Branco
Máquinas de escrever, telex, fotográfica, impressão linotipos. Uma só cor: preto, tinta grossa nas letras carimbadas no papel branco, papel jornal. Cenários do tempo quando tudo começou há 28 anos: De Coluna sem lacuna do tempo, da jornada, do Jornal.