As dúvidas persistem

Não há lugar para novos Pangloss. Um escritor e filósofo francês, cujo nome longo foi substituído pelo pseudônimo Voltaire, notabilizado por seu estilo irônico e pela defesa das liberdades civis, liberdade religiosa e livre comércio, isso por volta de 1759, escreveu um romance Candide, em que apresenta um professor, eterno otimista, chamado Pangloss. Entre outras canduras acreditava que ‘o mal era apenas o caminho para um bem maior’. Daí ter virado através dos tempos, sinônimo de extrema e inocente boa fé. Certamente não é, embora aparente, a postura do líder do governo, senador José Pimentel (PT-CE)  na terça-feira, após o depoimento da presidente atual da Petrobras, Graça Fortes. O Brasil sai satisfeito com essa audiência pública. Aqueles que tinham a intenção de lapidar a Petrobras ficaram frustrados, afirmou. A impressão que passa é que, não ouviu nada do que a presidente Graça falou! Ele e os que tentam vender à opinião pública a certeza de que não ocorreu nada lesivo aos interesses nacionais, nessa malfadada compra. Bastaria atentar para essa afirmação da presidente Graça:  Não há como reconhecer que (a Petrobras) tenha feito um bom negócio (ao adquirir a refinaria de Pasadena). Elogiada por todos pela seriedade com que atualmente administra a empresa, ela  jogou sobre os ombros do ex-presidente Sérgio Gabrielli e do ex-diretor Nestor Cerveró a responsabilidade sobre um negócio que, segundo ela, contabilizou um prejuízo de US$ 530 milhões de dólares. Não conseguiu explicar por que, Cerveró, depois de causar esse prejuízo, ao omitir informações que levaram o Conselho (presidido por Dilma Rousseff) a apoiar o péssimo negócio, ainda foi premiado com uma diretoria da BR-Distribuidora, quando em qualquer empresa séria, situação como essa levaria o autor ‘ao meio da rua’. O mesmo com Sérgio Gabrielli, hoje secretário de Planejamento da Bahia. Talvez tenha sido considerada uma tese defendida por Maquiavel em seu O Príncipe: quem sabe demais não se deixa solto por aí.  Situação que deve também ser levada em consideração em relação a outro companheiro, agora caído em desgraça: André Vargas. Como dito ontem aqui, se abandonado à própria sorte, podendo se transformar num homem bomba.

O outro lado

O assunto explosivo teve desdobramento ontem, na Câmara Federal. Foi a vez de Nestor Cerveró falar, dando  sua versão sobre os mesmos fatos. Já sinalizara antes, através seu advogado que não tinha vocação para bode expiatório. De lá para cá ‘muita coisa pode ter acontecido’, se é que a coluna se faz entender! Não haverá, pelo horário do depoimento,  tempo de transmitir as informações que forneceu aos senhores deputados. Certamente (se nada ‘aconteceu’ no período), contestando a versão que retira responsabilidade dos Conselheiros. Assunto para amanhã.

Ode ao passado

Aos registros feitos pela imprensa escrita que obrigam políticos a cuidar do que falam, para não serem confrontados no futuro com coisas ditas no passado, somam-se agora os recursos da informática. Na terça-feira, durante a sessão da Assembleia Legislativa, passava de mão em mão celular que repetia um trecho da campanha de 2010 em que o candidato a senador Roberto Requião pedia votos para André Vargas. Um dos mais risonhos com a animação gravada era Luiz Cláudio Romanelli, ex-porta-voz de Requião, governador, na Casa de Leis.

Mesmos…

Se confirmadas as alegações feitas por empresa concorrente à licitação procedida pela Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos paulista, responsável pela concessão da linha 18-bronze (monotrilho Tamanduateí-São Bernardo do Campo), de que o edital inviabiliza a competição e por isso mesmo  compromete a eficiência do sistema, acatada pelo Tribunal de Contas de São Paulo, que suspendeu a licitação,  fica comprovado um ditado popular:

…métodos

Burro velho perde os dentes mas não perde a balda, isto é, seus maus hábitos. Em plena discussão sobre a extensão da CPI da Petrobras no Senado,   que a situação pretende atinja a aquisição de trens para o metrô, feita por essa mesma Secretaria,  sob suspeita de superfaturamento, é inacreditável que dirigentes de estatais federais ou estaduais,  insistam nos mesmos métodos.