Mudança de foco
A postura agressiva da presidente Dilma em Roma, convocando imprensa à noite para reclamar do tratamento dado pelo mercado à sua fala, que teria sido manipulada, revela duas situações: uma delas é um resquício de ressentimento com a imprensa, coisa que reflete bem o estado de espírito do PT que anda querendo manietá-la (à imprensa) embora a presidente sempre tenha revelado ser contra tal postura. Nesse episódio, os jornais e demais veículos nada mais fizeram do que registrar suas palavras, por sinal transmitidas ao vivo pelas TVs. A interpretação coube ao mercado que sempre tem interesses conflitantes. A outra irritação é por não conseguir o governo domar a inflação que mais uma vez corrói o salário da classe trabalhadora. O que é dado sob a forma de redução da energia por exemplo, é prejudicado pelo aumento do diesel e conseqüente mudança de preços nos transportes coletivos. A redução dos impostos sobre a cesta básica, coberto em dobro pelo aumento dos hortifruti, em função de fatores adversos. Para tristeza da presidente o próprio Banco Central vem, dias após sua manifestação informar ao distinto público que a inflação não se sustenta nos limites anteriores e já se trabalha com valores maiores que 6%. Isso na previsão do governo que sempre embute alguns truques. Analistas externos sempre dão pelo menos 1% a mais. Tem razão o ex-presidente Lula que na reunião com lideranças do PT, ao perceber que os bônus de programas sociais estão esgotados, recomenda agora atenção especial para os grandes problemas do país, a inflação crescente entre eles. Sem falar na infra-estrutura!
E a transposição?
Quando o Brasil, que não fugiu à visão de McLuhan e pela comunicação imediata está inserido na aldeia global em que o mundo se transformou, toma conhecimento de tudo que ocorre no país, incluindo a terrível seca que domina enormes áreas do nordeste, a pergunta que cabe: por que não se dá notícia sobre a transposição do Rio São Francisco, iniciada com trombetas e foguetes?
Projetos em atraso
Obras por sinal têm sido o calcanhar de Aquiles dos projetos esportivos que o país se prepara para sediar. Ainda agora a interdição da praça esportiva construída para os Jogos Panamericanos no Rio que sozinha estourou o orçamento de todas as obras, por problemas sérios na estrutura, mostra que, abrir o controle sobre as demais realizadas no Brasil inteiro, oferece realmente o risco que o senador Álvaro Dias denunciou: má qualidade e orçamentos estourados ( o que não será novidade!).
Reforma
Finalmente um projeto de reforma eleitoral discutido durante dois anos, mesmo sem consenso, vai a plenário na Câmara Federal. Uma das medidas mais aguardadas é o fim das coligações. Por enquanto imagina-se que a intenção atenda apenas as coligações proporcionais. O ideal seria, e esta coluna sempre a defendeu, a extensão às coligações majoritárias: legendas serem obrigadas a apresentar candidatos de prefeito a presidente da República. Seria o fim dos partidos de aluguel.
FOLCLORE POLÍTICO
O radialista/deputado Luiz Carlos Martins que acaba de assumir um assento na Assembleia do Paraná, dono de inegável prestígio, foi vítima pela segunda vez de coligações proporcionais. Na primeira, em 1986, seu partido o PSC apoiou a candidatura de Álvaro Dias ao governo. Os candidatos da chapa proporcional à Assembleia, sabiam que com seu prestígio, ele seria um dos eleitos, se a coligação proporcional acontecesse. Impediram que isso acontecesse. O PSC viu-se obrigado a lançar chapa própria. Martins obteve 56 mil votos, a quarta votação geral e não se elegeu. Nem sequer suplente ficou, pois o partido não atingiu os 72 mil votos necessários para uma legenda (eleger um deputado). Coligações elegeram candidatos com pouco mais de 20 mil votos. O que se quer evitar agora é que, sem coligações, o eleitor vote num nome e eleja outro.