Ironias à parte

Deus escreve certo por linhas que nos parecem tortas ensina a filosofia popular. A serem verdadeiras as previsões dos especialistas de que a super safra de soja poderá sofrer uma quebra de quase 30% pela precária infra-estrutura brasileira (armazenagem, estradas sucateadas, transporte caro e inapropriado, atrasos nos portos, etc..), coisas que se repetem a cada ano, temos que dar graças pelas condições climáticas  (estiagem ou excesso de chuva) que representaram uma queda na produtividade. Se tudo tivesse corrido nos conformes, o prejuízo chegaria a quase 50%, somando umas e outras causas. Parece incrível mas, todo ano é a mesma coisa. E os governos que respondem, por essas calamidades, ainda alcançam aprovações que se aproximam dos 80%! Parece que os indicadores de aprovação, são as bolsas de toda espécie que, especialmente o governo federal exibe nos veículos de comunicação a todo instante. Importâncias miseráveis, colocadas nos bolsos dos  mais desamparados, enquanto os que pagam tais benesses são os mesmos que produzem e nada recebem de tais governos, já que elas são bancadas pela fantástica carga tributária que incide sobre os que trabalham. Inclusive gente que ganha salários mínimos. Somente agora os impostos incidentes sobre a cesta básica, para citar um exemplo, cujo peso no bolso dos que ganham menos é significativo, estão sendo desonerados, ainda assim repassados apenas parcialmente. A expressão acima confirma a brincadeira feita pela presidente Dilma ao papa Francisco, quando o cumprimentou: O Papa é argentino mas Deus é brasileiro. Já que os governos não fazem o que é devido, investir numa infra-estrutura que garanta o lucro dos agricultores, Deus fez a dele. Irônico, não!

O Leão vem aí!

Por falar em carga tributária, nos próximos 33 dias termina o prazo para a declaração do implacável imposto de renda, que ao contrário do seu nome, incide também sobre os minguados salários que a imensa maioria dos brasileiros recebe. Imposto que, pelas razões expostas no comentário acima, paga-se sempre com a maior má vontade, na medida em que se sabe que ele vai daqui para Brasília e pouco retorna. 

A base de tudo

Nunca é demais repetir que Brasília não gera nada.  A pirâmide produtiva começa nos municípios, cresce com os estados e  é, em boa parte, gasta em Brasília. Bem ou mal! O governo federal fica com 54%, os estaduais com 28% e aos mais de 5.600 municípios, 18%. Por isso os prefeitos brasileiros vivem por lá, com pires nas mãos para trazer algum benefício a seus munícipes. Filho de ex-vereador e ex-prefeito de pequena cidade paulista, o colunista é municipalista de nascença.

Reforma, já!

Vale lembrar também que em abril retorna parte do IPI que desonerara os carros. Passa dos 2% para 3,5% até gradualmente voltar aos 7% normais. A coluna é a favor de uma reforma tributária pela qual  todos paguem menos, mas, todos paguem, inclusive os muito abonados que costumam através sofisticados escritórios tributaristas fugir à Receita, ao invés do governo ficar com intervenções pontuais como essa isenção de IPI setorial.

Um novo Senado?

O Senado agora, depois de por muito tempo não cumprir com sua função legislativa entregue ao Executivo (ao lado da Câmara Federal), encheu-se de melindres com a decisão liminar da ministra Carmem Lúcia, sobre os efeitos da lei que determina nova distribuição dos royalties do petróleo. Renan Calheiros contesta o direito do STF de agir como instância revisora. A decisão é monocrática e ainda depende de decisão do plenário, mas quebra de contrato é igualmente inaceitável. Ainda mais vindo de quem editou a Constituição de 88. 

Em choque

O destaque da missa em homenagem aos mortos de Petrópolis foi a presença das autoridades que nada fizeram desde que as tragédias começaram a ocorre há dois anos, na região serrana do Rio.