Desencanto

O que antes era prazer, virou um fardo: escrever sobre política. Até por que a conclusão final é a de que, nada do que se diga ou escreva vai mudar o rumo dessa atividade no Brasil, dominado que está pelos mesmos de sempre. Sarney, Collor, Renan e outros que tais (sem contar os que tendo exercido o poder como Lula e nada fizeram para mudar o quadro), não permitem que as boas intenções de um Pedro Simon, Jarbas Vasconcellos, Affonso Camargo Neto (que por lá passou), críticos dos métodos hoje praticados na política brasileira, sejam acatados. Por sinal que é do falecido Affonso uma tese que a coluna encampa: a obrigatoriedade de nas eleições majoritárias, prefeito, governador e Presidente, todos os partidos serem obrigados a apresentar candidatura própria, isto é, sem direito às nefandas coligações que transformam  essas eleições num balcão de negócios, onde segundos de tempo valem uma fortuna. O momento curitibano é a prova viva: dos quatro principais candidatos, um deles, pela extensa  coligação que consome bons segundos para ser citada, tantos os partidos que a compõem, detém metade do tempo de rádio e TV. A outra metade  é quase toda ocupada pelos três outros. Apenas o PSTU, PPL, Psol e PRTB, mesmo com os poucos segundos de que dispõem, lançaram candidatura própria como seria desejável. Se essa prática fosse adotada, depois de uma eleição restariam não mais do que seis ou sete partidos, dos trinta hoje implantados. E a eleição ficaria um pouco mais moralizada. A coluna vai além: eleições de cinco em cinco anos de vereador a presidente da República, sem direito a reeleição. Em todos os níveis. Voltaremos ao tema.

Aposentadoria a ser discutida

Essa tese por sinal, a de não se permitir reeleição nas eleições proporcionais, vereador, deputado, senador, foi contestada por alguns. Os mesmos que criticam essa tese, são contra a aposentadoria desses que, sendo sucessivamente reeleitos, não têm direito a aposentadoria depois de 20, 25, 30 anos de mandatos. Citei certa vez o exemplo de um deputado, médico de formação, que depois de 25 anos de mandato, não podia voltar a sua cidade de origem para exercer a medicina por estar totalmente defasado na profissão.

Pior a emenda…

Impedido de participar dos comícios de seu filho, por ser um comunicador extremamente popular (até quem nunca viu seus programas o conhece), Ratinho pai, entrou de cabeça na campanha de Ratinho Jr. na eleição de Curitiba. Diria melhor: entrou de sapato!  Está caminhando pelas ruas da cidade pedindo votos de casa em casa.

Crítica

Ratinho critica essa legislação que impede personagens de destaque no cenário artístico de participarem de comícios, o que se convencionou chamar de showmício. Não  a juiza que o impediu de subir no palanque do filho. Com um senão: quando foi deputado federal, mandato que abandonou supostamente por desencanto, não apresentou projeto que evitasse a restrição a artistas, que ocorreu posteriormente à sua saída da Câmara.

FOLCLORE POLÍTICO

Tem a ver com os fatos acima descrito. Curitiba perdeu na semana um de seus grandes planejadores: o ex-prefeito (também ex-ministro) Ivo Arzua Pereira. Um engenheiro que deu  contribuição fundamental ao planejamento e às mudanças que ocorreram em seu mandato, preparando a capital paranaense para ser a cidade respeitada que é hoje, no cenário internacional. O curioso é que Ivo, quando lançado candidato em 1962,  era pouco conhecido. O governador Ney Braga, que o fez candidato,  é que gozava de grande prestígio. Pouco afeito a discursos, a propaganda de sua campanha, num tempo com limitados veículos de comunicação, foi marcante: Mais ação e menos conversa, contrapondo-se à excelente oratória do seu opositor. A exemplo do que hoje faz Ratinho, Ivo ganhou a eleição gastando a sola dos sapatos. Campanha de casa em casa, numa Curitiba bem menor que hoje