Tese para reflexão

Há gente inteligente e preocupada com o futuro dos brasileiros entre os políticos deste país, embora pareça ser  uma minoria, por menos divulgada. Recebem maior destaque as figuras negativas. Há explicação para isso: os que agem certo não fazem mais que a obrigação, raciocinam os eleitores. Inclusive a imprensa que dá mais destaque às malfeitorias. Com razão: o povo quer sangue? Dê-lhe, raciocinam os donos de jornais que destilam sangue. Esse nariz de folha da coluna serve para destacar uma entrevista recente do senador Cristovam Buarque, uma espécie de Dom Quixote à brasileira, cujo assunto permanente é a educação. Curiosamente, quando candidato a presidente, mesmo todos sabendo que a prioridade à educação em seu período seria alcançada, recebeu apenas 2,5% dos votos. Num país em que astros dos BBBs são os focos dos debates, inclusive na assim chamada alta sociedade, e em que as brigas, diferente dos países árabes que ocorrem por conta de convicções religiosas radicais, aqui têm nas torcidas de futebol os protagonistas, não dava para se esperar outra coisa. Em todo caso vale registrar que ainda há quem se preocupe com temas importantes como a educação. Buarque por sinal tem uma teoria interessante: o governo federal que tem mais dinheiro deveria bancar ensino fundamental de qualidade, com professores bem remunerados e por isso mesmo qualificados, assumindo essa responsabilidade; ao revés, Brasília prefere investir no ensino de terceiro grau que dá mais votos. Uma universidade implantada num grande centro recebe aplausos. Deixa no entanto aos prefeitos de orçamentos insuficientes, a responsabilidade de um mau primeiro grau. O resultado sempre foi este: gente de posse estudando em universidades gratuitas e uma maioria, se não analfabeta, de poucas letras,  com pouco acesso a melhores condições sociais. Não é assim que se constrói um grande país.  

Tese reforçada
Um reforço à tese de Cristovam Buarque: o Paraná que teve a primeira universidade federalizada, antes formada pela visão de paranistas convictos, ficou reduzido à UFPR por muito tempo, enquanto dezenas pipocavam em outros estados: Minas, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, por força política. Durante anos, desde Paulo Pimentel governador, teve que bancar universidades estaduais. Dinheiro que aplicado no segundo grau (responsabilidade do Estado), teria feito a diferença.

Regime curto
A eleição de 2012 começou em 2010. Sempre se alertou aqui que uma eleição começa após a outra, num país em que não há coincidência de mandatos, nem partidos consolidados. Característica de uma democracia incipiente que a cada trinta anos cede lugar a novo regime. 

Coincidência saudável
Eleições em que Presidente, senadores, governadores, deputados (federais e estaduais), prefeitos e vereadores fossem eleitos de uma só vez, quem sabe até por um mandato maior de cinco anos, todos iguais (sem os oito de senador), sem direito a reeleição em todos o níveis, uma renovação saudável fosse viável na política brasileira. 

Salvadores da Pátria
Com o descrédito a que a democracia à brasileira está  sendo levada, só não surge um novo Jânio ou Collor, pelo amadurecimento dos meios de comunicação, não obstante suas dependências de verbas públicas. Quem sabe um desses nomes ligados à comunicação popularesca possa vingar, se convier ao interesse das grandes redes de comunicação, como por sinal já se tentou em 1989 com Sílvio Santos. É sempre importante lembrar  que naquele mesmo ano um  salvador da Pátria foi criado por uma delas. Deu no que deu!

Em choque
Mesmo sendo uma das promessas da social-democracia, o governador do Paraná não escapa às críticas de seus partidários nacionais. Com todo seu prestígio, serão poucos os municípios de maior expressão em que o PSDB terá candidatos. A começar por Curitiba. Entre as maiores possibilidades, Alfredo Kaefer em Cascavel e Albanor Gomes em Araucária. No que aliás não foge à regra: o candidato viável do partido à Presidência, Aécio Neves, segue o mesmo figurino em Minas Gerais.