Palavras dúbias

As afirmações do secretário de Segurança, Reinaldo de Almeida César, em entrevista repercutida no domingo, causaram frisson no mundinho político paranaense. Desde a posse de Beto Richa como governador, poucas situações causaram tanta repercussão. Uma das respostas apontando um quadro na parede de seu gabinete informando que não é ligado a partido político, o que na visão da coluna, não é mérito. Significa apenas acompanhar a opinião pública que começa a tomar aversão aos políticos, colocando-os todos na mesma vala. Ocorre que é ligado a um governador que começa a se transformar em liderança nacional do PSDB (assim como  Requião, em alta no PMDB, em cujo primeiro governo foi Chefe de Gabinete). Contradiz a informação,  uma  atividade que seu pai, Djalma (PMDB), recentemente falecido, exerceu com absoluta dignidade! Com todos os méritos de sua fala que desnudou a real situação da Segurança e as necessidades que o Secretário tem, para levar avante os projetos que como delegado qualificado da Polícia Federal, com passagem por vários cargos importantes na carreira, tem, a entrevista deixou dúvidas. Inclusive em se estaria criando condições para sair, se não confirmadas as verbas necessárias (R$ 500 milhões), para executar os projetos que, na sua visão, seriam necessários para colocar a casa em ordem. Uma situação ideal que nenhum Secretário do atual e de governos anteriores, desfrutou. Todos eles sabem que não terão recursos para realizar, num mandato, as exigências da pasta. O Paraná avança numa velocidade que o poder público, amarrado por uma burocracia bem intencionada mas, desatualizada, não acompanha. Na segurança basta ver os últimos anos, assolados pelo ‘crak’ e pelos desentendimentos dentro da própria estrutura. Uma delas, por oportuno, relacionada ao jogo de bicho, que depois de ser colocado como contravenção (governo Dutra)  municia a corrupção na polícia. Com conhecimento geral! 

Cassino virtual
O colunista não resiste. Num país como o nosso, colocar o bicho (até 1946 um jogo ingênuo)  como contravenção, foi abrir caminho para a corrupção policial e outros males. Assim como fechar cassinos, tirar o ganha pão de artistas e músicos que ali tinham espaço para suas apresentações. Abrindo caminho para a Caixa Econômica Federal, sem nenhuma prestação de contas, transformar-se no maior cassino ‘virtual’ do mundo!

Prejuízos compensados
Apesar das dificuldades vividas pela agricultura brasileira, a do Paraná em particular assediada pela seca, os preços praticados vão compensar. Assim a agropecuária continuará a ser o carro-chefe da economia paranaense: R$ 48 bilhões do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP).

Pena!
Acostumada a impor sua vontade à base do mando eu que posso, a presidente Dilma parece começar a se render à realidade da política brasileira, construída à base do interesse individual transformado em coletivo. Os partidos são hoje a soma dos interesses individuais de vereadores, prefeitos, deputados e senadores, pressionando os Executivos à submissão.

Vergonha nacional
Mais uma informação vem a público, cobrindo de razão a Corregedora Eliane Calmon, do antes tão questionado e agora valorizado, por ter sua atuação reconhecida, Conselho Nacional de Justiça. A constatação de que na maioria dos estados (o Paraná parece estar fora dessa), os desembargadores, maiores figuras dos judiciários estaduais, auferem salários inflados que ultrapassam em muito o teto constitucional (R$ 24,1 mil), leva à pergunta: que moral têm eles para julgar, em última instância estadual,  um ladrão de galinhas?

Em choque
Leis são produzidas por advogados que assessoram legisladores. Alguns como o Tiririca. Daí a categoria em todos os níveis, ser sempre a mais bem aquinhoada no serviço público. Basta ver o salário inicial de um médico, engenheiro, jornalista no serviço público e comparar.