Polarização anunciada
Quem vive a política brasileira não se assusta com nada. Se não viu, soube que até boi voou em Recife, ao tempo de Maurício de Nassau e a dominação holandesa que talvez infelizmente para aquele estado, não prosperou. Uma história a ser contada em separado. Quem também viu um barbudo sindicalista em porta de fábrica em São Bernardo, em 1978, panfletando a favor da candidatura de Fernando Henrique Cardoso ao Senado, não imaginaria que ambos, anos mais tarde seriam adversários, líderes de uma longa geração de políticos que domina o país. Apesar dos pesares, mesmo que utilizando métodos em que os partidos pulverizados não têm programa, com uma razoável autenticidade que os transformou em referência de um lado e de outro. Daí se estar vendo hoje mais uma vez uma congregação de forças em São Paulo que deve se espalhar pelo país. Lula e FHC, ou PT e PSDB encabeçam uma disputa. Os demais são periféricos, a maioria esperando a melhor oferta. Daí também as preocupações hoje externadas pelo governo central, às voltas com manter unido um redil em que as ovelhas, antes cordatas, agora assustadas e exigentes, teimam em se rebelar. Até o PMDB, quem diria, ameaçando sair do palanque oficial. Verdade que, com o número de espertos dirigentes cujos interesses não se conflitam (Acre, Maranhão, Alagoas, São Paulo) e por isso mesmo mantém-se unidos, sabem bem a hora de apertar o garrote. Não será a adesão de um pequeno partido como o PRB, à custa de um inexpressivo ministério da Pesca que afastará o partido. Só dará a ele mais força para pressionar. De qualquer modo, 2012, preâmbulo de 2014, onde aí sim a briga será para valer, é uma amostra de que a aparente diversidade que vem por aí, será em realidade polarizada.
Nomeação…
Focalizar a briga paulista tem tudo a ver com o restante do país. Sabe-se agora que é justificada a cooptação do bispo/senador carioca Crivela (do milagre dos peixes), que já saiu junto aos evangélicos defendendo o ex-ministro Haddad, hoje candidato a prefeito pelo PT, sem responsabilidade na produção da cartilha sobre a homofobia. Seria obra de uma ONG, contratada pelo Ministério da Educação, adianta o ‘pescador’ Crivela!
…justificada
Até agora ele só não convenceu seu companheiro de partido Celso Russomano, segundo nas pesquisas em São Paulo (o primeiro é Serra que melhorou sua posição depois da decisão), a desistir de concorrer. Tempo e poder para isso o governo tem de $obra. Talvez até convencê-lo a ser vice de Haddad.
Imaginação fértil
A coluna já repetiu aqui que, mal uma eleição termina, outra está sendo gestada. No caso do Paraná, a de prefeito ainda nem ocorreu e já se está discutindo a eleição de 2014 para o Senado. Isto porque será apenas uma vaga e muitos são os pretendentes. Inclusive Álvaro Dias, forte no PSDB nacional e enfraquecido pelos companheiros localmente. Há até quem já fale em trazer Osmar para apoiar a reeleição de Beto e concorrer: os irmãos Dias tem um pacto de nunca disputarem entre si.
No poder, ontem e hoje!
Depois de um período de descanso em que os seus graves assuntos pareciam quase esquecidos pela opinião pública, descobre-se que João Cláudio Derosso não está nem se fazendo de morto. Pelo contrário. Afastado das manchetes, o tempo é o senhor da razão, não se dá mais ao trabalho de ficar escondido. Voltou a dominar o quadro da Câmara municipal curitibana. Quinze anos de mando não se abandona de um momento para outro!
Em choque
A oposição minguada na Câmara, não deu folga. A situação se faz de desentendida. Não dá ouvidos ao clamor da minoria que tenta provar que o novo pedido de licença (mais 90 dias) contraria as regras da Casa, afastando o presidente Derosso do cargo. Enquanto isso, da área jurídica, inclusive do MP que investiga as supostas malfeitorias que retiraram R$ 31 milhões de verbas publicitárias da Câmara, nem um pio!