Relembrando Rui Barbosa
O uso do cachimbo deixa a boca torta, ensina a sabedoria popular. Adágio que se confirma nos recentes episódios envolvendo o Judiciário brasileiro, por conta de várias situações geradas em seu interior. Inclusive por desentendimentos em interpretações divergentes entre seus órgãos. Caso da reação a afirmações da Corregedora do CNJ, desembargadora Eliane Calmon. Desproporcional ao sentido de sua afirmação que, embora dura, era feita em defesa dos intérpretes das inúmeras leis brasileiras movidos por intenções sérias. Crítica contundente àqueles que, felizmente em minoria, insistem em denegrir com posturas menos aceitáveis, a importante dignidade e credibilidade de que essa classe precisa ser permanentemente revestida. Ao final uma discussão que obrigou o STF a uma decisão histórica, por ter sido proferida meses depois de um empate em que o órgão maior da magistratura, antes poucas vezes contestado, se viu acompanhado pelo olhar assombrado da classe pensante e crédula deste país. Assunto que ainda não se esgotou como se viu pelas repercussões provocadas por aqueles que se viram derrotados em suas visões, a ponto de provocar nova manifestação da Corregedora ontem aqui exposta: Eu não tenho medo dos maus juizes mas do silêncio dos bons que se calam na hora do julgamento. Esta coluna que ainda na semana defendeu o TJ paranaense quando do projeto de aquisição de carros para atender a seus desembargadores, medida que já encontra resistência entre alguns deles que abrem mão oficialmente do benefício anunciado, vê com preocupação a nova postura adotada por órgãos da classe, tentando impedir que o Coaf, que fiscaliza as aplicações financeiras (suspeitas ou não) de todos os brasileiros, seja impedido de fazê-lo em relação aos membros do Judiciário. Terão tais brasileiros sido transformados numa casta intocável? Não permitam que as palavras de Rui na sua Oração aos Jovens, sejam repercutidas!
Pontos de vista
O esperado está acontecendo a partir de Curitiba. Qualquer medida adotada agora será aplaudida ou contestada, dependendo do ponto de vista eleitoral de situação e oposição. O bom aumento de 10% oferecido pelo prefeito Luciano Ducci, candidato à reeleição, embora ainda gerando descontentamento nos sindicatos da classe funcional, são criticados pelo seu nível que segundo a oposição antes era impossível de ser oferecido.
Demagógica, talvez; mas eficaz!
Da mesma forma que a inteligente proposta do alcaide de Curitiba que, imitando seu antecessor no cargo (Beto Richa, hoje governador) reduzira seu salário ao sabê-lo o mais alto do Brasil, agora oficialmente em 30%, foi aplaudido pelos seus seguidores e até pela população, mas qualificado pela oposição como apelo demagógico pré-eleitoral.
Calcanhar de Aquiles
O fato concreto, expressão que remete a um ex-ocupante da cadeira presidencial, mestre na arte do engodo, é que Ducci, que também anuncia reforma da frota de ônibus da Capital dá mostras claras de que sua campanha está a todo vapor. Não sem atropelos como ocorre com a nova suspensão de licitação do radar que, desde a denúncia de fraude pelo Fantástico no ano passado, virou um calcanhar de Aquiles da administração municipal.
‘Ligeiro’ atraso
Num ano mais político, por eleitoral, fatos notáveis acontecem. Enquanto rapidamente o MP notifica câmaras municipais para se adequarem à exigência recente do STF quanto ao número desproporcional de funcionários comissionados, em relação aos concursados (sabe-se lá como!), o TCU notifica a administração estadual de que mudança em contratos do pedágio (ocorrida há mais de dez anos) prejudicou usuários, exigindo providências.
Em choque
Pedágio foi o cavalo paraguaio de batalha de Roberto Requião, infelizmente sem resultado concreto mas suficiente para garantir-lhe dois novos mandatos.