Um luminar do Direito

Uma frase do deputado Douglas Fabrício diz  muito mas não diz tudo: Milton Luiz Pereira foi um exemplo, referindo-se a esse notável advogado, juiz, prefeito, ministro,  notável homem público, cuja morte registrou. Além das qualidades citadas por Fabrício, em cuja cidade Milton iniciou sua carreira de advogado, logo sendo introduzido na política pelas mãos do deputado Armando Queiroz de Morais, elegendo-se prefeito. Tão criativa e séria foi a sua administração que, ao interrompê-la para voltar a Curitiba, nomeado que foi para uma vaga de juiz na recém criada Justiça Federal, o povo homenageou-o doando-lhe um Volkswagen (Fuck), carro da moda. Não permitiu que ele ligasse o veículo: empurrou-o até sua residência. Milton quando universitário, jovem pobre que era, trabalhava na Rádio Clube Paranaense. Como noticiarista apresentava o Prosdócimo Informa, uma espécie de Repórter Esso, notável informativo da Nacional do Rio. Ali conheceu a Rizoleta Mary Pereira (a Meiri) que apresentava com Arthur de Souza a Revista Matinal, marcante programa da B-2. Com ela dividiu sua vida até a morte. Quarta-feira, ambos, dominados pelo câncer, faleceram, com apenas oito horas de diferença. De sua  época de UFPR, um feito memorável: vencia em Natal um Concurso de Oratória, disputado entre acadêmicos de Direito de todo o Brasil. Guindado ao Tribunal da 3a. Região, logo era escolhido por sua competência e talento para o Superior Tribunal de Justiça, uma cadeira em que há muitos anos o Paraná não se fazia representar. Ainda hoje naquele órgão seu nome é referência de seriedade. Atingido pela compulsória aos setenta anos, regressou a Curitiba para residir na mesma casa em que sempre viveu, na avenida Iguaçu. Na garagem, como relíquia, o mesmo Fuck azul que o povo de Campo Mourão lhe ofereceu.

 

Prestígio

O enterro de Milton Luiz Pereira e sua Meiri, foi marcado pela presença de grandes nomes do Direito. A começar por seus companheiros de Faculdade, gente que hoje responde por extraordinários escritórios de advocacia. Gente como René Dotti e outros luminares do Direito paranaense, seus companheiros de UFPR.

 

A perda de um irmão

Para o colunista, amigo e conterrâneo, com uma ligação afetiva extraordinária em função de amizade familiar antiga na Itatinga de ambos, ligação que se consolidou quando atuavam na Rádio Clube Paranaense, uma perda irreparável. Resta o consolo de que Milton, especialmente nestes tempos em que a Justiça anda tão questionada, foi um exemplo de dignidade.

 

Reação igual

Quando se vê por aqui greves reivindicatórias por melhorias salariais e  se assiste pelos noticiosos de TV os acontecimentos da Grécia em função de medidas duras tomadas pelo governo do país para evitar o colapso total, uma certeza aflora aqui e lá: o povo raciocina com o bolso e o estômago.

 

Ano difícil

Na mesma medida das greves registradas aqui e em outros pontos do país, por categorias cujas atividades são fundamentais como mobilidade e segurança, a classe política brasiliense reagirá com os cortes que o governo federal se vê obrigado a realizar nas emendas orçamentárias. A se confirmar o corte de R$ 20,3 bi do total de R$ 55, este será um ano difícil para o governo.

 

Sem reajuste

Terminada a greve do transporte coletivo que atingiu em cheio 2,3 milhões de usuários do sistema, a afirmação do prefeito curitibano Luciano Ducci de que nossa equipe técnica vai fazer estudos sobre o impacto desse aumento na tarifa; por enquanto não há previsão de reajuste, é tranqüilizadora.

 

Em choque

Dependerá por óbvio de maiores aportes do governo estadual especialmente no transporte coletivo das cidades da macro-região de Curitiba, que oneram mais o transporte interligado. Num ano eleitoral é certo que esse apoio irá ocorrer. Essa certeza identifica ainda mais a greve de agora como influenciada pelos adversários políticos de Beto e Ducci.