Os “especialistas” das redes sociais
Você nunca vai chegar ao seu destino se você parar e atirar pedras em cada vira-lata que late!!
Winston Churchill
Esse fim de semana fiz uma brincadeira no Facebook para testar uma teoria: postei um checkin no Rock´in Rio. Resultado: quase uma centena de likes, alguns comentários de admiração e cumprimentos. O detalhe é que não saí de Campo Mourão. A brincadeira foi só para comprovar como é fácil iludir através das redes sociais.
Vemos inúmeros casos de falsas notícias, parciais, comentários que vão aumentando a história como aquela brincadeira antiga do telefone sem fio.
As redes sociais se tornaram superpoderosas a partir do momento que começamos a viver uma era de imediatismo. Queremos respostas prontas, na hora, a paciência se esgota num sopro. Experimente responder ao seu filho adolescente ou criança Espere um pouco, quando ele te pedir algo. Vai perceber do que eu estou falando.
Só que essa pressa toda leva as pessoas a não ler uma notícia além da manchete, a não pesquisar uma fonte confiável, e a ser facilmente ludibriado como na brincadeira que eu fiz. Muito mais fácil assistir um vídeo do Youtube e virar especialista no assunto.
Quer um exemplo? O comediante e youtuber Whindersson Nunes foi eleito numa pesquisa do Google divulgada no último dia 11 como a personalidade mais influente do país. Pudera, tem 23 milhões de seguidores em seu canal. Entre seus vídeos mais acessados estão: Qual é a senha do wi-fi e O dia em que eu tive piolho. Profundo… Lógico, trata-se de um comediante, tem talento, e seus fãs buscam diversão.
Outros exemplos aparecem em pesquisas. Uma delas, da FGV, mostrou que perfis automatizados, ou seja, robôs, atuaram nas eleições e na votação do impeachment de Dilma Roussef. Em outra, a Nature revelou que 120 artigos científicos publicados em revistas científicas entre 2008 e 2013 foram criados em um aplicativo chamado gerados de lero-lero.
E é justamente esse o lado perverso da situação. Criamos autoridades imediatas, com argumentos rasos, nem sempre verdadeiros, e com razoável risco de manipulação. Basta uma conta numa rede social, um blog, uma enquete, um canal de vídeo. Ou até mesmo um perfil falso alimentado por um robô.
As notícias correm com a velocidade de um clique, e seus efeitos às vezes são nefastos. Especialistas, estudiosos, mestres e doutores que levaram anos pesquisando, se aperfeiçoando, buscando teorias válidas cientificamente em seus campos de atuação são questionados e confrontados por leigos proprietários de uma conta numa rede social.
Um ambiente assim obviamente tem muitas vantagens, pois permite a democratização da informação, a participação sem censura, a discussão de diversos pontos de vista, etc. O cuidado que devemos ter é de não perder o foco de nossos objetivos ao dar atenção a todo e qualquer comentário não fundamentado, ilegítimo, improcedente ou até maldoso.
Tentar explicar tudo, buscar um consenso inalcançável, dar importância a cada cão que late, como citou Churchill, certamente nos desviará de nossa missão. No mínimo, perderemos velocidade em nossas ações. É preciso então manter nosso foco e nossas crenças, buscar ter claro nosso objetivo e as razões que nos fazem buscá-lo. Aproveitar as críticas, quando construtivas, é uma atitude de inteligência. Perder-se em tentar responder a todo latido, é maluquice.