Chuvas em agosto ficaram 86,5% abaixo da média em Campo Mourão; região em alerta para queimadas
Agosto encerrou com chuvas 86,5% abaixo da média histórica em Campo Mourão, conforme o Sistema de tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). O esperado para o mês era 77 milímetros, porém as precipitações registradas somaram apenas 10,4mm.
Segundo o meteorologista Reinaldo Kneib, pelo menos até a primeira quinzena de setembro não há previsão de chuvas. “A estiagem prolongada acende sinal de alerta vermelho para ocorrências de incêndios ambientais, tendo em vista que já tivemos julho bastante seco também”, falou o meteorologista. Há mais de 60 dias a região não registra chuvas significativas.
Nos últimos cinco anos, a média de chuva em agosto variou entre 4,2 a 198 milímetros. Os anos com agosto mais chuvosos neste período foram 2020 (198 mm); 2018 (156,4 mm); e 2017 (102,4 mm). Em 2016 foram registrados 53,8 mm enquanto em 2019, 4,2 mm. “Os meses de junho, julho e agosto, são mais secos no Paraná devido ao período de inverno. O agravante é que já estamos com déficit hídrico do ano passado”, lembrou Kneib.
Segundo ele, setembro tende a continuar com chuvas abaixo da média. “Setembro tende a continuar seco. Não temos previsão de chuvas frequentes. O que podemos afirmar é que teremos mais chuvas que em agosto, mas não chegaremos à média histórica para o mês que é de 145 milímetros”, informou o meteorologista. Ele disse que a chuva mais significativa está prevista somente após a segunda quinzena deste mês. “Não esperamos mudança brusca nas condições de chuvas nos próximos dias”, ressaltou.
Os prognósticos do Simepar indicam que as chuvas mais regulares deverão ocorrer na região a partir de outubro até o início do próximo ano. “Há uma grande massa de ar seco estacionada sobre o estado que impede a entrada de umidade ocasionando a formação de nuvens carregadas”, falou Kneib.
O meteorologista acrescentou que não há mais previsão de frio rigoroso como ocorreu em julho e início de agosto. “Teremos ainda alguns dias com temperaturas mínimas que poderão chegar aos 10 graus, principalmente após as chuvas. Mas nada além disso”, observou.
A falta de chuva tem causado transtornos e prejuízos na área urbana e rural. No Campo, os prejuízos são enormes. Para se ter ideia, na região da Comcam, a safra de milho teve uma quebra de 48%. A estimativa inicial de produção era de 2,4 milhões de toneladas. Porém, foi revisada para 1.195.227. Alguns produtores contabilizam prejuízos ainda maiores, que passam de 70%.
No Paraná, em números gerais, a quebra na safra foi de 60%. “Perdemos 8,7 milhões de toneladas de milho e já estamos anunciando uma redução de 7% no trigo. Já havíamos perdido quase metade do feijão de segunda safra. Temos um conjunto de perdas que deve superar R$ 15 bilhões”, disse o secretário estadual de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, em entrevista à TRIBUNA.
Já na zona urbana, a principal preocupação é com o risco de desabastecimento de água potável. Em alguns municípios, como Goioerê e Peabiru, existe o risco de racionamento de água, caso as chuvas não cheguem logo. A cidade de Goioerê já enfrentou o mesmo problema ano passado. Além disso, outro perigo são as queimadas, cujo número de ocorrências aumentou mais de 50% em toda a região. “Neste período mais seco é importante que os cuidados sejam redobrados principalmente para se evitar queimadas. Além do risco de acidentes, caso sejam em beiras de rodovias, elas prejudicam o meio ambiente e a própria saúde humana com a inalação da fumaça”, frisou Reinaldo Kneib.