Chuva traz alento no campo e anima produtores para plantio da soja na Comcam
A tão esperada chuva chegou à região de Campo Mourão nesta sexta-feira (30) trazendo alento no campo, deixando os produtores rurais animados para iniciar o plantio da soja, que já está com cerca de 5 dias de atraso na Comcam.
Até às 13 horas de hoje, a precipitação acumulada no município era de 20 milímetros. Mas há previsão de mais chuvas pelo menos de sábado a segunda-feira. O acumulado previsto é de mais 31 mm. Há mais de três meses não chovia significativamente. A seca, além de atrasar o plantio da soja e do milho primeira safra, causou perdas na produção do milho safrinha.
“Graças a Deus a chuva caiu. Ainda é muito pouco considerando o tanto de dias que tivemos de seca. Mas já nos anima para iniciar o plantio da soja”, comemorou o produtor rural Vicente Mignoso, que reservou 240 alqueires para a soja e 22 para o milho.
Ele disse que o plantio do milho iniciou nessa quinta-feira (30) na expectativa desta chuva de hoje e a prevista para o fim de semana. “A chuva era muito aguardada por todos. Estávamos muito apreensivos”, frisou.
Segundo ele, alguns produtores fizeram o plantio da soja no solo seco, aguardando a chuva. “Nós aqui preferimos não arriscar. Vamos fazer na certeza”, disse. O risco de fazer o plantio no solo sem umidade é que se a chuva for de pouco volume, a semente pode não germinar satisfatoriamente, causando prejuízos. “Já basta o prejuízo que tivemos com o milho”, falou, ao relatar perdas de mais de 70% em sua propriedade.
O Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, informou que mesmo com a seca o plantio da soja atingiu cerca de 3% da área total na região. Ou seja, foram semeados 21 mil hectares de 692.620. A estimativa de produção é de 2.528.063 de toneladas. Já a semeadura do milho alcançou cerca de 8% da área. Foram plantados 1.249 hectares de um total de 16.013. A estimativa de produção do grão na Comcam é de 144.117 mil toneladas
Segundo o Deral, o atraso no plantio da safra da soja poderá comprometer a produção da cultura. A falta de chuvas que se estendeu praticamente por todo o Paraná, não possibilitando o avanço significativo da semeadura da soja, ainda que o período autorizado para essa atividade tenha iniciado em 13 de setembro. O levantamento do Deral aponta que, até o momento, foram semeados 407 mil hectares, o que representa 7% do total da área estimada para a safra.
Setembro seco
O mês de setembro encerrou com chuvas 98,21% abaixo da média em Campo Mourão. De acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), o esperado para o mês era 145 milímetros. Porém até o foram registrados apenas 2,6 mm. Nos últimos cinco anos, este é o setembro mais seco. O mais chuvoso foi em 2018, quando as precipitações atingiram 175 milímetros.
A seca tem influência direta do fenômeno natural La Niña, que ocorre no Oceano Pacífico, resfriando as suas águas e alterando a distribuição de calor e umidade em várias partes do globo. Além de transtornos na agricultura, a falta de chuvas já gera transtornos também no meio urbano, prejudicando a distribuição de água à população.
Esta é a pior estiagem das últimas décadas, segundo o Simepar. No interior do Estado seis municípios estão com o abastecimento em dias alternados e 19 cidades em situação crítica. A previsão para o mês de outubro é de chuvas dentro da média ou um pouco acima, mas em novembro diminuem e a situação voltará a ser crítica. No início de agosto, o governo estadual publicou o terceiro decreto de emergência hídrica no Paraná, em sequência, reconhecendo a gravidade da estiagem e priorizando o uso da água para abastecimento humano e dessedentação animal.
O tempo instável de hoje até a próxima segunda-feira e provocado por uma frente fria que avança pelo Paraná ao longo desta sexta-feira. “Com isso, chuvas são esperadas a partir da divisa com Santa Catarina, se estendendo para demais regiões do Estado ao longo do dia. Assim, há condições favoráveis para o desenvolvimento de temporais em diversas regiões do Paraná”, alertou o Simepar.