Projeto ‘Cooperativa do Livro’ retorna com atividades em Campo Mourão
Com ações paralisadas desde o início da pandemia da Covid-19, o projeto “Cooperativa do Livro”, está retomando as suas atividades em Campo Mourão. Organizadores anunciaram que como grande parte dos voluntários e da população em geral estão vacinados contra o vírus, a medida dá ‘segurança e tranquilidade’ para retomada da iniciativa. Porém, será seguindo protocolos de segurança, como uso de máscara de proteção e distanciamento.
O projeto é promovido todos os domingos, junto à Feira Criativa, na praça São José, das 9 às 12 horas. O programa “Cooperativa do Livro” foi criado pela professora de História Nair Sutil, em março de 2019. Pelo projeto, que conta com uma rede de voluntários, os exemplares são emprestados às pessoas. O objetivo é estimular e facilitar o acesso à leitura.
“Nós, do projeto, defendemos o livro como um direito básico de todo nascido. Ele faz parte das necessidades básicas”, destacou a professora em recente entrevista à TRIBUNA, ao afirmar que o livro é uma ferramenta fundamental de transformação do ser humano. “É uma conexão com a experiência de outras pessoas. Quem lê um livro vai encontrar um repertório muito mais elaborado sobre um assunto do que simplesmente escutar alguém falando sobre”, sustentou.
Nair informou que o projeto conta com mais de 580 exemplares. São desde livros clássicos da literatura, como de Machado de Assis a obras de ficção, entre outras. A ação começou “pequena”, apenas com cerca de 70 exemplares, boa parte doada pela própria comunidade. Mas aos poucos continua ganhando amplitude.
Influenciada pela profissão, a professora conta que começou com a iniciativa levando os exemplares aos domingos ao Parque do Lago para emprestar às pessoas interessadas. Durante a pandemia, o projeto estava fazendo entregas de livros pelo sistema delivery.
“O livro é uma ferramenta poderosa. Ele tem capacidade de nos transportar para outro lugar, de nos fazer refletir sobre as nossas ações e nos fazer pensar quem somos nós e quem é o outro. Pode ser também uma fonte de lazer como dentre outras artes como a música, e o teatro, por exemplo”, falou Nair.
A meta dela é fazer com que o projeto ultrapasse as fronteiras de Campo Mourão e possa se expandir também para a região. “Meu sonho é que a Cooperativa do Livro chegue em todos os bairros de Campo Mourão e a outros municípios também”, espera.
De acordo com pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, o País perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores. De 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. Já os não leitores, ou seja, brasileiros com mais de 5 anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em parte, nos últimos três meses, representam 48% da população, o equivalente a cerca de 93 milhões de um total de 193 milhões de brasileiros.
As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior – passando de 82% em 2015 para 68% em 2019 -, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%. O brasileiro lê, em média, cinco livros por ano, sendo aproximadamente 2,4 livros lidos apenas em parte e 2,5 inteiros. A Bíblia é apontada como o tipo de livro mais lido pelos entrevistados e também como o mais marcante.