Com dívidas de R$ 50 milhões, Santa Casa de Campo Mourão corre risco de fechar maternidade

Com uma dívida no valor de cerca R$ 50 milhões, a Santa Casa de Campo Mourão não descarta a possibilidade de suspender o funcionamento da maternidade. A revelação foi feita durante a assembleia de prestação de contas referente ao ano de 2021, na noite dessa terça-feira (19), pelo presidente do Hospital, Pedro Henrique Montans Baer. Ele ressaltou que se não houver uma atualização da tabela do SUS e aumento nas receitas, o hospital corre o risco de fechar a maternidade, inclusive suspender outros serviços.

“A Santa Casa vem há anos com prejuízos. Os recursos da receita não aumentam e os repasses não são suficientes para cobrir os custos”, frisou o presidente. Segundo ele, há pelo menos 20 anos não há atualização da tabela SUS e os repasses municipais e estaduais não têm incrementos. “Não tem uma outra solução para a manutenção dos atendimentos da Santa Casa”, preocupou-se.

Ele afirmou que o hospital terá de começar a suspender serviços que são deficitários. “Fizemos hoje [terça] a prestação de contas, mostrando a real situação da Santa Casa. Não encontrando solução temos sim que pensar em fechar serviços para tentar dar sustentabilidade ao hospital”, preocupou-se.

Baer disse que a unidade precisa com urgência da atualização da tabela SUS para aumentar a captação de recursos públicos. Segundo ele, atualmente 90% dos atendimentos do hospital são pelo SUS e as tabelas não são atualizadas. Em contrapartida os custos vêm aumentando. “É quase impossível manter o hospital e a manutenção com aumento de custos”, afirmou. “Vamos ter de que rever alguns processos e serviços dentro do hospital para tentar ‘estancar’ esse deficit”, informou.

Como não bastasse a dificuldade financeira enfrentada pelo hospital, outra preocupação é que está em votação em Brasília a questão do Projeto de Lei que trata sobre o aumento do piso dos enfermeiros e técnicos de enfermagem.

“Somos a favor da valorização desses profissionais. No entanto, gostaríamos de saber do poder público de onde virá esses recursos para pagamento”, falou. Segundo ele, caso o PL seja aprovado e o reajuste efetivado, isso causaria um impacto financeiro de mais de R$ 500 mil mensais à Santa Casa, aumentando ainda mais as dívidas do hospital.

“Temos muitos partos de risco e a Santa Casa e a única instituição da região credenciada para atendimento de alta complexidade na área de obstetrícia. Não tendo esse serviço dificulta para toda a região”, reconheceu o presidente, ao ressaltar que hoje os principais gargalos do hospital são a maternidade, que demanda custos altos, cerca de R$ 600,00 cada parto; e também o Pronto Atendimento.

“Como a lei é de ‘vaga zero’ no Estado às vezes estamos lotados e o Samu chega com paciente e temos que atender. Por exemplo, se estou com 20 leitos adulto cheios temos que colocar mais um até liberar vagas aqui ou em outra cidade. Entendo que é melhor o paciente aqui do que na ambulância. Mas essa conta fica para a Santa Casa”, explicou.

O presidente acrescentou que já participou de reuniões com perfeitos da Comcam e todos estão cientes da situação. “Estamos em contato para que haja alguma ajuda política porque se não se resolver o que cabe a nós e suspender alguns serviços”, alertou. Participaram da prestação de contas, médicos, membros da Sociedade Civil Organizada, diretores da Santa Casa, imprensa, entre outros.

Números

Veja abaixo alguns números de atendimentos realizados em 2021 e arrecadações, conforme dados apresentados na prestação de contas.

Doação de órgão
23 – tecidos oculares
14 – rins
2 – fígados
2 – válvulas cardíacas

Procedimentos
47.641 – atendimentos
1.582 – cirurgias
1.898 – partos e cesáreas
9.799 – internamentos
5.143 – atendimentos em pronto-atendimento

Arrecadações
R$ 258 mil – Nota Paraná
R$ 126.535,00 – Show de Prêmios
R$ 163.563,00 – Copel
R$ 36.415,56 – Website Santa Casa
R$ 7.194,00 – Pão Solidário

Emendas parlamentares
R$ 2.550.055,90