Ocorrência da cigarrinha do milho afeta lavouras na região
Boletim Agropecuário divulgado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), Núcleo de Campo Mourão, nesta terça-feira (17), sobre o andamento da safra 2021/22, traz informações de relatos de produtores rurais sobre o enfezamento de algumas áreas da cultura do milho safrinha atingidas pela cigarrinha. Esta já era uma preocupação desde o início da implantação da safra. É que desde 2018, o inseto já vem afetando lavouras na Comcam.
Em recente entrevista ao programa “Informativo Coamo”, o engenheiro agrônomo, João Carlos Bonani, chefe da Fazenda Experimental, abordou sobre o tema. Segundo ele, a cigarrinha do milho se tornou um problema grave para a agricultura. “A partir de 2018 começamos a verificar a presença da cigarrinha na área de atuação da Coamo causando danos à cultura do milho”, informou.
O principal dano do inseto são os patógenos, ou seja, bactérias ou vírus, que transmite para a cultura, conforme o agrônomo, provocando o enfezamento do milho. Estes patógenos podem atuar isoladamente ou de forma conjunta. “Quando a cigarrinha faz a transmissão destas doenças para a cultura ela tem o poder de infectar os vasos condutores da planta, causando diversos sintomas como encurtamento de entrenós, multi espigamento, amarelecimento generalizado ou avermelhado nas folhas ocasionando consequentemente a má formação da planta podendo acarretar em perdas de até 90% de produção em algumas situações”, alertou.
Desde dezembro do ano passado, a Coamo mantém um projeto de rede de monitoramento da cigarrinha do milho onde são instaladas armadilhas em toda área de abrangência da cultura do milho em 79 municípios. A área coberta ultrapassa 1,4 mil hectares. As cigarrinhas capturadas passam por análise laboratorial para constatar se contém ou não os agentes de enfezamento (vírus e bactérias). “O fato de se ter a cigarrinha presente na cultura do milho não significa que vou ter danos já que podem estar ou não infectadas [por vírus e bactérias]”, frisou o engenheiro agrônomo.
Ele comentou que o trabalho de monitoramento desenvolvido pela cooperativa gera informações que auxiliam nas tomadas de decisões nas propriedades rurais. “Isso não substitui o monitoramento in loco dos talhões dentro da propriedade, porém é mais uma informação para que nossos agrônomos possam ter de como estes insetos estão chegando à região e se teremos problemas mais sérios”, explicou.
Bonani alertou que é importante os produtores sempre estarem atentos à lavoura para detectar a presença do inseto caso haja ocorrência. “O monitoramento tem que ser mantido na propriedade e se necessário fazer a aplicação de inseticidas, tanto químico quanto biológico”, observou, ao dizer que para melhor eficácia, a aplicação deve ser feita em horários com a temperatura mais amena e com produtos registrados, além disso com orientação e supervisão de engenheiro agrônomo.
“Nos horários de temperaturas mais amenas a cigarrinha tem menos mobilidade. É onde temos a chance de ter um sucesso um pouco maior para o controle”, informou. Ainda conforme o agrônomo, ‘muito provavelmente a cigarrinha não será extinta’, mas os produtores podem minimizar as perdas e ter uma lavoura com potencial de produtividade alto fazendo o manejo correto da lavoura.