Santa Casa pede ‘socorro’ a prefeitos para pagar médicos
Com a Santa Casa de Campo Mourão enfrentando sérias dificuldades financeiras – a situação se agravou ainda mais de janeiro para cá – a diretoria do hospital voltou a pedir ajuda aos prefeitos da Comcam. Desta vez para acertar os salários atrasados da equipe médica.
O pedido foi feito pessoalmente pelo presidente do Hospital, Pedro Henrique Baer a 18 prefeitos que participaram da reunião da Comcam na sexta-feira (27). Foi solicitado aos gestores um aporte emergencial de R$ 3 milhões. Baer estava acompanhado da superintendente Lucineia Scheffer.
“Os médicos não estão recebendo há um bom tempo. Estamos tentando chegar a uma solução nem que seja momentânea para que possamos a um médio longo prazo equilibrar as contas”, falou Baer. Caso o pedido seja atendido pelos prefeitos, as prefeituras repassarão o valor (rateado) ao Ciscomcam para que seja depositado ao hospital.
Na ocasião, Baer voltou a ressaltar que a principal consequência para a dificuldade financeira da Santa Casa, que hoje acumula dívidas de cerca de R$ 50 milhões, é a questão da receita que não supera os gastos dos serviços prestados. Segundo ele, a tabela SUS, por exemplo, não é atualizada há mais de 20 anos. Além disso, os próprios recursos de subvenção do Estado, que era uma forma de equilibrar esta diferença da tabela SUS, estão há tempos sem atualização. “E aí começaram as prefeituras a darem subvenção para tentar equilibrar as contas”, frisou.
Baer ressaltou que a solução de curto prazo não existe. “O Hospital é um prestador de serviços e ele precisa receber aquilo que ele presta. A Santa Casa em nenhum momento quer viver de subvenções”, destacou, ao reafirmar a necessidade de reajuste da tabela SUS. “Acho que este é o caminho que pode resolver a médio prazo este problema de dívidas”, defendeu.
O presidente do Hospital disse que no curto prazo a ‘situação está crítica’, se referindo à situação econômica da Santa Casa. “Temos o dia a dia da instituição. Neste momento precisamos pelo menos amenizar algumas questões principalmente com relação a equipe médica. Estamos segurando a equipe médica e eles estão com recursos [pagamentos] bastante atrasados”, preocupou-se, ao ressaltar que o Hospital precisa de R$ 3 milhões para ‘pelo menos’ equalizar a dívida referente a pagamentos dos médicos. “Isso teria que ser para agora. Não vamos solucionar o problema, mas amenizar a situação para ganharmos tempo e correr atrás de soluções”, disse, ao reforçar que a solução para o problema são R$ 50 milhões para pagamento da dívida total do hospital.
Contas abertas
Há cerca de duas semanas o secretário de Estado da Saúde do Paraná, César Augusto Neves Luiz, esteve na Santa Casa. Na oportunidade o hospital abriu as contas ao secretário. Repassou a ele toda sua produção, receitas recebidas, e como vem investindo os recursos públicos recebidos.
O secretário, que esteve acompanhado de uma equipe técnica da Sesa, solicitou à Santa Casa tabelas por centros de custos como da maternidade, oncologia, pronto atendimento, entre outros, por exemplo, cujos valores serão repassados posteriormente ao Estado para uma análise sobre a situação.
“As contas foram abertas pela Santa Casa para o Governo do Estado e não tem sujeira embaixo do pano. O que temos pedido para entidade ela tem apresentado”, comentou o presidente do Ciscomcam, Rafael Bolacha, prefeito de Moreira Sales.
Ele lembrou que conforme números operacionais apresentados pelo Hospital à Sesa, de janeiro para cá, o déficit mensal da Santa Casa varia entre R$ 800 mil a R$ 1 milhão. “A Santa Casa precisa de dinheiro imediato para fechar a folha. Tem dinheiro para acessar do Governo do Estado que está na conta de Campo Mourão [que é gestão plena], porém da forma que está, se não tiver uma mudança é inviável a Santa Casa acessar o recurso”, explicou.
O prefeito disse ainda que a situação do Hospital é um problema dos municípios. “A sinalização do fechamento da maternidade é péssima para nós [municípios]. E essa situação chegou ao gabinete do Governador. É um abacaxi amargo que temos que descascar juntos”, acrescentou.