Morre aos 88 anos o pioneiro Shigueru Matsumi, primeiro professor de judô de Campo Mourão e região
Morreu na manhã desta quinta-feira (30), aos 88 anos de idade, o professor e pioneiro de Campo Mourão, Shigueru Matsumi. Ele estava internado no hospital São Marcos, em Maringá. Matusmi faleceu em decorrência de complicações de doença cardiovascular. Não resistiu a uma parada cardiorrespiratória, morrendo.
A filha de Matumi, Suelita, informou que não haverá velório do pai. Como última despedida será realizado um cortejo fúnebre com saída às 16 horas do Prever. O sepultamento será às 16h30 no Cemitério Municipal São Judas Tadeu.
Professor Matumi deixa cinco filhos. Além de Suelita; Ricardo, Lúcia, Cristina e Carlos. Deixa também 10 netos e uma bisneta. “Meu pai cumpriu sua missão aqui na terra”, falou Suelita. Ela informou que a missa de sétimo dia do mestre Matsumi será realizada no próximo dia 6, às 19 horas, no Santuário Nossa Senhora Aparecida.
Professor Matsumi deixa uma legião de seguidores e admiradores. Em fevereiro de 2021 ele concedeu uma entrevista à TRIBUNA. Abriu as portas de sua casa ao jornalista Dilmércio Daleffe. Nas paredes de sua residência, retratos de um tempo saudoso. Certificados e homenagens sobre a cômoda. Numa sacola azul, álbuns com fotografias antigas.
Shigueru Matsumi foi o primeiro professor de judô de Campo Mourão e toda a região. Matsumi nasceu no Japão, na cidade de Kunamoto-Ken. Veio ao Brasil com os pais ainda recém nascido, em 1934. Na viagem de quase 50 dias dentro do navio, a família fugia de épocas de guerra. Desejavam a tranquilidade do Brasil e, quem sabe, novas oportunidades. “Meu pai dizia que aqui faltava gente pra trabalhar. Então viemos”, disse ele na ocasião. A família se instalou em Mogiana, São Paulo. E lá, os pais foram contratados por dois anos na colheita do café. A seguir, rumaram a Marília.
Já aos 12 anos, Shigueru mudou com a família à capital, São Paulo. Naquele tempo, os filhos tinham que labutar, desde cedo. Os estudos ficaram de lado – completou somente a quarta do fundamental. Então, ajudou na tinturaria e na quitanda dos pais. Aos 15, iniciou seu aprendizado para a vida: o judô. Em São Paulo, abriu sua academia. Tinha 29 anos. Como mestre, se destacou no bairro do Tatuapé. A convite de um conhecido, visitou Campo Mourão em 1968. Aqui, viu a possibilidade de prosperar. A cidade iniciava seus passos. No mesmo ano, iniciou a sequência do judô na cidade. Ao longo dos anos, teve mais de três mil alunos. Conquistou inúmeros troféus, sendo por três vezes, campeão paranaense por equipes.
A fama e o profissionalismo de Matsumi, correu o estado. Era conhecido pela forma plástica dos golpes. A leveza e a beleza de sua técnica, o faziam diferente dos demais. Colaborou com a arte em vários municípios. Reconhecido pela Federação Paranaense de Judô, aposentou-se em 1998. Com a esposa, Toshiko Matsumi, teve cinco filhos. A companheira morreu há quatro anos. “Ela foi antes de mim. Me deixou aqui, sozinho”, disse na época à TRIBUNA.
Atualmente Matsumi morava em uma casa no mesmo terreno com a filha Suelita, a caçula da família. Por seus feitos, ele recebeu a maior honraria de Campo Mourão. Foi agraciado com o Título de Cidadão Honorário da cidade. A proposta do ex-vereador Sidnei Jardim, foi aprovada por unanimidade ainda em 2019. Durante a entrevista à TRIBUNA, Matsumi relatou diversas vezes a paixão por Campo Mourão. E da honra em levar os ensinamentos marciais a milhares de crianças e adultos. Professor Matsumi foi o mestre de uma vida.