NRE, PM, Justiça e Igreja Católica se unem no combate à evasão escolar na região
Com a pandemia da Covid-19 e o retorno das aulas presenciais, a região de Campo Mourão assim como o Paraná registrou um grande aumento no abandono escolar. Para se ter ideia, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a taxa de evasão escolar chegou a atingir 148% no Paraná. Porém, a última atualização, divulgada em maio deste ano, mostra que a taxa caiu para 1,3%. Mesmo assim preocupa, porque significa que tem aluno faltando à escola.
Para tentar zerar este número, a chefe do Núcleo Regional de Educação de Campo Mourão (NRE), Ivete Sakuno, está buscando forças junto à Justiça, Igreja Católica e própria Associação Comercial Industrial do Município que participam de uma campanha de conscientização. A Polícia Militar (PM) também faz parte da ação. Pela campanha, autoridades gravaram vídeos e publicaram nas redes sociais alertando sobre a importância da frequência escolar. Lembram ainda da responsabilidade dos pais no acompanhamento do filho.
O promotor de Justiça da Vara da Infância e Juventude de Campo Mourão, Luciano Matheus Rahal, comenta que a frequência escolar ‘é não só um direito do aluno, mas também uma obrigação’ dos pais. “Tivemos um período de pandemia que acostumou muita gente a ficar em casa. Mas a Constituição impõe a obrigação dos alunos frequentarem a sala de aula e do acompanhamento dos pais”, lembrou Rahal.
O promotor enfatiza que só na sala de aula os alunos terão acesso a conhecimento e relacionamento que não terão em casa. “A frequência escolar é obrigatória pela Constituição. Caso haja uma infrequência injustificável, se verificarmos que os alunos não estão indo sem alguma razão ou por falta de cobrança dos pais, ou qualquer outra situação que não se justifique, os pais poderão ser responsabilizados criminalmente”, avisou.
Recentemente o Ministério Público participou de uma reunião com diretores de escola e ficou pactuado que estes casos de negligência em que os pais não ajudarem, serão encaminhados à Promotoria de Justiça para que a situação seja tratada na esfera criminal.
Em um dos vídeos da campanha, o tenente-coronel Adauto Nascimento Giraldes Almeida, comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM), reforçou o pedido aos pais para que levem os filhos à escola e acompanhem as crianças na frequência escolar. “Quando desejamos força e beleza buscamos uma academia, mas quando almejamos aos nossos amores [filhos] força intelectual e beleza moral, levamos os para a escola. É possível responder penalmente a omissão pelo abandono intelectual. Não seja escravo da culpa de tornar o seu filho incapaz moralmente e intelectualmente. Leve-o para escola, exerça o seu dever de amar e de exigir comportamentos e posturas éticas e morais”, falou.
O Bispo da Diocese de Campo Mourão, Dom Bruno Elizeu Versari, destacou a importância da escola na vida da sociedade. “O conhecimento é a maior riqueza que podemos ter. E quem vai à escola está de parabéns. Quem ainda não descobriu isso e acaba faltando deixando de ir à escola faço apelo: Vá a escola, não deixe de estudar. Mães, pais, avós, vamos ajudar nossas crianças e adolescentes estudantes para que ninguém fique fora da escola”, conclamou.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Campo Mourão, Ben-Hur Berbet, que também participa da campanha de combate à evasão escolar, ressalta que o abandono intelectual é crime previsto no Código Penal. “A educação é um direito de todos, mas é seu dever [pai, mãe ou responsável] encaminhar e acompanhar o rendimento escolar do filho durante toda sua trajetória escolar. Pense no quanto é importante este período para o futuro dele. Lugar de aluno é na escola”, afirmou.