Invasão de quatis a residências causa prejuízos e transtornos a moradores em bairro de Campo Mourão
Há algumas semanas, moradores do bairro Parque das Acácias, na região do Lar Paraná, estão enfrentando grandes prejuízos e sérios transtornos com invasões de quatis às suas residências. Uma área de mata de reserva legal margeia o bairro.
Os bichos invadem os imóveis em bandos. Deixam para trás muitos estragos e sujeira. Imagens encaminhadas pelos moradores à TRIBUNA são surpreendentes e dão uma dimensão da destruição que causam. Em um dos vídeos gravados é possível verificar mais de 30 quatis atrás de uma residência. Eles tinham invadido imóvel e fugiram após perceber a chegada do morador.
Para acessar o quintal da residência eles passaram por um muro de quase dois metros de altura e ainda arrebentaram a cerca elétrica. Dois ainda permaneceram no quintal. Ficaram acuados ao perceberem a presença do proprietário. “Acabei de chegar em casa e me deparei com esta situação. Está sem condições. Destruíram nossa cerca elétrica”, lamentou um dos moradores que teve a casa invadida na tarde desta terça-feira (13).
A TRIBUNA conversou também com a cuidadora de idosos, Nadir de Fátima Henrique Feltrin, 57, moradora do bairro. Ela chorou ao mostrar os estragos em sua residência, na rua Toni Nishimura. Nadir teve a casa invadida por três vezes pelos animais em menos de um mês. Comenta que os ataques começaram a piorar de duas semanas para cá. Há três anos ela mora no local. Até então, disse nunca ter passado por situação tão desagradável.
A última investida dos bichos à casa de Nadir aconteceu na manhã desta terça-feira (13). Foram oito ‘invasores’. Eles escalaram uma árvore que dá acesso ao telhado da residência vizinha. E de lá pularam para o quintal da cuidadora de idosos. No local fizeram a farra. No espaço Nadir tem uma espécie de edícula que é fechada somente até uma altura. Lá armazena alimentos, materiais de limpeza e mantimentos em geral. Não sobrou praticamente nada.
Os quatis comeram dois pacotes de pães, dois pacotes de biscoitos, dois pacotes de torradas, cinco maçãs, um abacaxi, várias tangerinas, quatro quilos de bacon, um pote de torresmo e cerca de dois quilos de banha. Até um vidro de condicionador e detergentes os bichos estragaram depois de estourarem a embalagem achando se tratar de alimento.
“Faz dias que estão vindo. Começou com dois. Depois foram vários. Além de comerem muito, destruíram minhas plantas”, falou Nadir, ao comentar que os ataques acontecem geralmente quando ela está no trabalho. “Já tentaram quebrar o vidro da minha cozinha para tentar entrar”, preocupou-se, ao lembrar que o prejuízo, além de material, já está sendo psicológico também.
Nadir disse ter percebido que um dos animais estava com uma grande cicatriz nas costas, aparentemente causada por algum tipo de queimadura. O que sugere que alguém deve já ter jogado água quente no bicho. Ela disse que apesar dos estragos causados em sua residência nunca atacou os animais com intuito de feri-los ou matá-los. “Sei que seu eu fizer isso posso ser presa ainda. Mas a paciência está acabando e os prejuízos já são muito grandes. Não estamos tendo paz nem para dormir mais por causa da barulheira destes bichos nos telhados. Alguma coisa tem que ser feita por nossas autoridades”, desabafou a moradora.
Ela informou que seu cão apareceu ferido. Disse acreditar que provavelmente sofreu um ataque de quati. Outro problema, conforme a moradora, é que além da sujeira e estragos, os animais deixam um grande volume de fezes por onde passam. “Está uma situação lamentável”, ressaltou, ao comentar que está pensando em se mudar do bairro, caso as autoridades ambientais não busquem uma solução para o problema. Nadir informou ainda que alguns moradores, inclusive, estariam cortando árvores que fazem divisa com os muros de suas residências como meio de prevenir a invasão dos bichos. Vale lembrar que a área é uma reserva permanente e, qualquer invasão, ou corte de árvores sem permissão legal é crime.
IAT
A TRIBUNA entrou em contato com o escritório Regional do Instituto Água e Terra (IAT) de Campo Mourão para comentar a situação. A orientação à população, ao encontrar um quati, para não provocar nem maltratar o animal. Em situações de invasões, como vem ocorrendo no Parque das Acácias, o órgão deve ser acionado pelo telefone (44) 3523-1915 para que encaminhe um técnico ambiental até o local para analisar a situação e se possível a captura.
Conforme o IAT, casos de invasão de animais silvestres a residências estão cada vez mais frequentes pela região devido às construções próximas de seu habitat natural. Nestes casos, na falta de água ou alimento, o bicho, por instinto, se desloca às casas. No caso dos quatis, outro agravante é a ausência de um predador natural, como onças, o que gera a reprodução desenfreada da espécie.
Outra recomendação é que os moradores mantenham sempre seus animais domésticos nos quintais de casa para evitar ataques, não deixar alimentos expostos e manter o ambiente domiciliar o mais fechado possível para evitar as ‘visitas’ indesejadas. “Por se tratar de um animal silvestre, jamais devem ser maltratados ou abatidos. É crime ambiental e pode levar à prisão e multa do responsável”, alertou o IAT.
Ao ser questionado sobre o possível remanejamento destes animais para ambientes mais distantes, o órgão explicou que isso acontece quando representam riscos aos moradores. “Em 90% dos casos, estes animais são atraídos nos ambientes por disponibilidade de alimentos. Importante sempre manter qualquer tipo de comida em locais bem fechados para evitar transtornos”, ressaltou o IAT.