A soberania vem mas não fica nas urnas
“Aristóteles já dizia que a democracia é o governo onde domina o número, isto é, a maioria, mas também disse que a alma da democracia consiste na liberdade, sendo
todos iguais. A igualdade, diz, é o primeiro atributo que os democratas põem
como fundamento e fim da democracia. E assim ele acaba concluindo que
toda democracia se funda no direito de igualdade, e tanto mais
pronunciada quanto mais se avança, na igualdade”.
Rodrigo Moreira da Silva
Os eleitores brasileiros terão outro encontro com as urnas, segundo turno, próximo dia 30. A decisão foi e será novamente dos eleitores. “Uma outra eleição” no sentido de muito ou completamente diferente do primeiro turno?
A confirmar que a maioria absoluta votará no mesmo candidato escolhido no domingo anterior, a disputa será acirrada, pois Lula (PT) teve 48,43% dos votos válidos e Bolsonaro (PL) 43,20%. Para mencionar um único fato histórico, informado nesta Coluna da última semana, é que a primeira vez que um presidente eleito disputa o cargo com candidato que já presidiu o País. E, também a repetir outro fato, o de Lula não conseguir ganhar no primeiro turno todas as vezes que disputou (seis eleições).
Falar de pesquisas? Elas falam (e se calam por elas mesmas). O próprio eleitor tem diminuído o interesse em se guiar por elas.
No Paraná o resultado era o esperado, mas talvez não por ampla margem, Ratinho (PSD) quase alcançou 70% dos votos válidos, Requião (PT), 26%.
Embora pareça surpresa – mas não era – o meio século como senador, os paranaenses resolveram deixar de votar em Alvaro Dias, que ficou em terceiro lugar. Ele segue o curso dos ex-governadores tantas e tantas vezes escolhidos pelos paranaenses, mas que o eleitorado resolveu deixar de lado. Jaime Lerner, falecido, foi duas vezes governador e não mais disputou cargo algum. Requião já tinha sido advertido na última eleição senatorial e agora tentou voltar ao Palácio Iguaçu, com o velho discurso contra um pedágio que ele não conseguiu baixar ou acaba! E Beto Richa recebeu uma baixa votação para quem foi governador, mas atingiu o que efetivamente pretendia, o chamado foro privilegiado.
Regionalmente, ganhamos e perdemos. Mantivemos os dois deputados estaduais Márcio Nunes (PSD), segundo mais votado e Douglas (Cidadania), que venceu em Campo Mourão, vai para o sexto mandato consecutivo. Perdemos a representação na Câmara Federal, Rubens Bueno (Cidadania) teve expressiva votação em Campo Mourão mas não o suficiente para um novo mandato.
Quanto a nossa região, um contingente de eleitores inferior a outras regiões, o que obriga os candidatos aqui, a ter apoios fora. Com 258.339 eleitores habilitados para votar, o peso político-eleitoral na quantidade de votos significa obstáculo grande.
Embora seja o ponto culminante, o resultado soberano das urnas não se constitui no único ato de vontade política, é imprescindível acompanhar, fiscalizar as nossas instituições, com elevada atenção dos que têm ou terão mandato.
Fases de Fazer Frases
Vontade é nula quando sem desejo.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
Estou na pequena fila para votar, seção 236, na Escola Municipal Professor Florestan Fernandes. Na minha frente um jovem fala para ser ouvido, “isso aqui é corrupção”, apontando para algo logo acima da porta que dava acesso ao local de votação. “É muita incompetência, é ignorância e gasto do dinheiro público”, frisou o rapaz. Ele continuou a falar e registrou a imagem para comprovar o que considerou “absurdo”.
Eu com curiosidade enorme, não via a hora de a fila andar um pouquinho para eu ver o que ele viu. Finalmente pude ler, uma placa luminosa: SAÍDA. O imbecil apontava como erro denominando “incompetência e corrupção”.
Aquele espaço que foi usado com seção de votação, é um pequeno auditório, e a ENTRADA está colocada na porta de acesso que fica no lado oposto a fila. Ou seja, a placa existe lá há muitos anos, indicando corretamente a SAÍDA como saída mesmo, a indicação da escola, e não da Justiça Eleitoral. Não comentei nada pelo absurdo e sobretudo poderia chamar a atenção como discussão imprópria em dia de votação.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
Locais de votação como o Colégio Marechal Rondon e Unespar é grande o número de eleitores com idade avançada. No tempo que fiquei observando a entrada da Unespar, idosos que precisaram de auxílio (cadeirantes também) foram pronta e gentilmente amparados pelos que estavam a serviço da Justiça Eleitoral sediada em Campo Mourão. No embarque ou desembarque e até a seção, pronta e zelosamente eram todos atendidos.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
Ainda sobre a eleição no domingo anterior, quanto aos cartazes informando o que é proibido, o de crianças estarem juntos dos adultos quando do ato de votar, Como o voto é sigiloso e a criança não aprenderá nada estando ali, pois a verdadeira educação política é o direito do voto ser sigiloso no ato em si. Ninguém pode verificar e exigir em quem votou em quem. É secreto! Este é o exemplo a ser dado.
Olhos, Vistos do Cotidiano (IV)
Eleição tranquila e segura, assegurada pela Justiça Eleitoral de toda a região e garantida pelos eleitores, cada vez mais infensos a qualquer abordagem ilegal.
Farpas e Ferpas
Preconceito com política é impaciência na fila. Votamos a cada dois anos.
Reminiscências em Preto e Branco
Voto direto nada mais é do que escolha sem intermediários.
José Eugênio Maciel | [email protected]