Opinião: Hoje o Brasil para! Neymar e companhia estreiam no Catar
A quarta-feira começou com um 0 a 0 sonolento entre Croácia e Marrocos. Destaque mesmo só para os uniformes dos times: o tradicional xadrez da Croácia e a referência do Marrocos à camisa que usou em 1998.
O grande jogo do dia foi a segunda partida da rodada: a virada do Japão sobre a Alemanha. Mais uma grande surpresa nessa Copa do Mundo (e as casas de apostas agradecem). No duelo entre os países já homenageados por Supla, a Alemanha abriu o placar com Gundogan, mas não resistiu ao ímpeto japonês no segundo tempo. Doan e Asano foram as redes para os Samurais Azuis. Foi a grande partida da história da seleção japonesa em Copas. A Alemanha repete 2018 e inicia o mundial com derrota, a primeira seleção europeia a perder na Copa de 2022.
E a situação para Nationalelf ficou mais complicada ainda com o resultado do outro jogo do grupo, Espanha e Costa Rica. Quando a bola rolou, a Costa Rica lembrou o Brasil, o Brasil de 2014. Foram sete gols da Espanha sem qualquer reação dos ticos, até o Morata fez um. Ferran Torres, genro do técnico, fez dois, Olmo, Asensio, Soler e Gavi também deixaram um. Gavi, com 18 anos e 110 dias, se tornou o jogador mais jovem a marcar em Copas do Mundo desde Pelé em 1958 (17 anos e 227 dias). E falando de Pelé, um outro dado interessante é que a Espanha chegou ao seu centésimo gol em Copas do Mundo. O Brasil fez seu centésimo gol na final de 1970, justamente com o Pelé.
No jogo de encerramento do dia, o Canadá jogou bem melhor que a Bélgica, mas não conseguiu transformar a superioridade em gols e continua com seu histórico de nunca ter comemorado um tento em Copas do Mundo E nem mesmo com um pênalti foi capaz de encerrar esse incomodo jejum. Courtois defendeu a cobrança de Afonso Davies. A Bélgica, na sequência do jogo, não desperdiçou uma das poucas oportunidades criadas e com Batshuayi fez o único gol do cotejo. Início mediano dos belgas, vai precisar melhorar muito para sonhar com o título.
E nesta quinta-feira às últimas oito seleções estreiam na Copa do Mundo, entre elas, Brasil, Portugal e Uruguai
Grupo G
Brasil
Sérvia
Camarões
Suíça
O Brasil chega favoritaço ao título. Mesmo depois da eliminação em 2018, Tite seguiu no comando da seleção. Foi a primeira vez que um técnico eliminado se manteve no cargo. O grupo do Brasil, com Sérvia e Suíça (adversários que também enfrentou na primeira fase em 2018), pode não se revelar tão fácil. Nas oitavas o cruzamento deve ser contra Portugal ou Uruguai. Não haverá margem para muitos erros. Espera-se que Tite tenha aprendido que em Copa do Mundo não se tolera teimosia, é necessário mexer rápido no time se for preciso.
O futebol do Brasil não tem sido necessariamente vistoso, mas com a reformulação do ataque, especialmente nos últimos dois anos, cresceu a confiança em um bom desempenho nessa Copa do Mundo. Ao todo foram convocados nove atacantes para o Catar, todos em boa fase em seus times, com destaque para Vinicius Jr, que ao que tudo indica será titular na estreia. Richarlysson, Rafinha e Neymar devem completar a linha de frente no primeiro jogo. De todos os atacantes chamados, só Neymar Jr e Gabriel Jesus estiveram na Rússia.
Neymar Jr, aliás, é um capítulo à parte. Chega para sua terceira Copa do Mundo, a princípio, sem estar envolvido com polêmicas. Foi uma temporada sem lesões e sem grandes paixões. A expectativa é que dessa vez jogue com mais maturidade do que na Rússia em 2018. O eterno menino Neymar já tem 30 anos – o tempo passa – e uma quarta Copa do Mundo não é tão certa assim, talvez seja a última chance de dar alegria para o seu povo.
O meio de campo de criação talvez seja o ponto mais fraco da seleção, não há grandes nomes nessa posição. Paquetá deve ser titular e Everton Ribeiro fica como opção. Isso, aliás, até explica a razão de nove convocados para o ataque. No entanto, na parte mais defensiva do meio de campo, o Brasil está muito bem representado com Casemiro, Fabinho, Fred e Bruno Guimarães (anotem aí: Bruno Guimarães terminará a Copa como titular).
A parte experiente do Brasil está na linha de trás, média de idade acima de 30 anos. Puxada para cima, é verdade, por causa de Thiago Silva, 38 anos, e o inexplicável Daniel Alves, 39 anos. Alisson, Danilo, Marquinhos, Thiago Silva (c) e Alex Sandro começam de titulares.
São 20 anos sem ganhar a Copa do Mundo e, se não ganhar no Catar, o Brasil voltará a ficar 24 anos em jejum, igualando o período de 1970 a 1994.
A Sérvia chega mais forte em 2022 do que estava em 2018. No ataque conta com dois jogadores em ótima fase, Mitrovic e Vlahovic, no meio de campo tem Kostic e Tadic. Os sérvios são fortes fisicamente, devem fazer jogo duro com os adversários e podem surpreender nessa Copa do Mundo.
A propósito, na luta pela classificação no Grupo G, a Sérvia e a Suíça devem fazer um dos jogos mais tensos dessa Copa do Mundo, resquício do encontro que tiveram em 2018, na Copa da Rússia. Um jogo repleto de polêmicas depois que os dois jogadores suíços que fizeram gols, Xhaka e Shaquiri, ambos de origem albanesa, comemoram com o gesto das águias da bandeira da Albânia, o que para os sérvios é considerado uma ofensa.
A Suíça é conhecida por ser uma das seleções mais regulares da Europa. Com uma defesa sólida, liderada pelo goleiro Sommer, costuma dar trabalho para os adversários tecnicamente superiores. Em 2018 empatou com o Brasil na primeira fase, por exemplo.
Os leões indomáveis de Camarões fecham o grupo. Com uma classificação surpreendente para a Copa do Catar, encontram o Brasil pela terceira vem em uma primeira fase de mundial. O ciclo foi bastante conturbado e culminou com o ex-craque Eto’o, atual dirigente camaronês, escolhendo em cima da hora o seu antigo parceiro Rigobert Song como treinador. Repercutiu, inclusive, a dificuldade de Rigobert Song em falar um dos nomes dos convocados para a Copa, o que demonstraria que a lista não foi feita por ele. Não devem dificultar a vida das demais seleções.
Grupo H
Portugal
Uruguai
Coréia do Sul
Gana
Atualmente desempregado, mas sempre sem caspas, Cristiano Ronaldo chega ao seu quinto mundial podendo se tornar o único jogador a marcar em cinco Copas do Mundo. O gajo que gosta de atrair todos os olhares – e geralmente consegue – tem ao seu uma das melhores gerações portuguesas, Bruno Fernandes, Rafael Leão, Bernardo Silva, Rubens Dias e outros de destaques no futebol europeu. Depois de uma polêmica entrevista na véspera de se apresentar à seleção, Cristiano Ronaldo, assim como Messi e Neymar, ainda busca um mundial para chamar de seu. Apesar de semifinalista em 2006, nunca conseguiu se destacar como deveria.
O que pode atrapalhar os portugueses é o contestado técnico Fernando Santos. O homem tem uma Ferrari na mão só que não sabe bem como dirigi-la.
O Uruguai também tem uma ótima geração para o mundial do Catar. A saída do Maestro Tabarez foi dolorida, só que acabou fazendo com que o time melhorasse nos últimos meses com Diego Alonso no comando.
A base que faltou para a celeste, quando Forlan, Cavani e Suarez estavam no auge e o time chegou à semifinal de 2010, existe agora. Valverde e de La Cruz (talvez Arrazcaeta) formam um meio de respeito. Suarez e Cavani ainda estão na seleção, mas devem se revezar no ataque para jogar ao lado de Darwin Nunes.
Os uruguaios reencontram Gana em uma Copa do Mundo, reeditando umas das partidas mais épica da história de mundiais: aquela da mão do Suarez, do pênalti perdido por Gyan e da cavadinha de Loco Abreu. Uma classificação teria feito com que Gana fosse o primeiro time africano a jogar uma semifinal de Copa. O sentimento de revanche por aquele jogo pode ajudar os ganeses nesse ano e um sucesso vai depender de muita vontade dos jogadores. O time que tem a menor média de idade desta Copa do Mundo não passa por sua fase mais talentosa, mas tem alguns bons nomes que podem se destacar no torneio.
Os guerreiros Taeguk completam o grupo H. Comandados pelo português Paulo Bento, os sul-coreanos tem um jogador muito acima da média dos demais: Son Heung-min. Um k-poper diria que ele é o Bias do time. É a quarta força do grupo, mas não tão distante assim que não permita sonhar com uma vaga nas oitavas.
Lucas Fernando é de Ariquemes/RO. Como é santista, até os 17 anos os únicos títulos que tinha comemorado foram os da Seleção Brasileira de Futebol em 94 e 2002. Talvez isso justifique sua paixão por Copas do Mundo. A cada 4 anos para quase tudo para acompanhar os jogos, inclusive aquele Tunísia e Panamá pela última rodada do Grupo do G da Copa de 2018