Opinião: A melhor invenção do homem!

O jornalista Mauro Cezar Pereira costuma dizer que o futebol é a melhor invenção do homem. Mesmo não precisando, a última rodada do Grupo E comprovou isso.

Quando houve o sorteio dos grupos para a Copa do Mundo do Catar, Espanha e Alemanha se destacavam como óbvias favoritas. Japão e Costa Rica lutariam por uma participação honrosa. Com a vitória do Japão sobre a Alemanha na primeira rodada pintou a possibilidade de uma zebra. Mas a derrota da seleção japonesa para a Costa Rica e o empate entre Alemanha e Espanha parecia ter alinhado as órbitas dos planetas. Uma vitória das seleções europeias na última rodada e ambas estariam classificadas, como era o imaginado.

E assim parecia se desenrolar no intervalo dos jogos. Mas aí veio o caos, no sentido Romulo Mendonça da palavra.

Às 16h00 quando a bola rolou, Espanha e Japão estavam se classificando;

Às 16h11 Alemanha e Espanha já tinham aberto o marcador e tudo parecia normal;

Às 16h50 os jogos foram para o intervalo;

Às 17h08 o Japão empatou o jogo e o alerta acendeu para a Alemanha, que voltava a ser eliminada. O Japão nesse momento estava classificando em segundo por causa do confronto direto

Às 17h11 o Japão virou e passou para primeiro do grupo. E sobre esse gol é preciso abrir uns parágrafos.

É que o lance tem gerado muita polêmica. Quando Kaoru Mitoma toca a bola para trás a imagem da transmissão oficial dá a impressão que no momento do toque toda a esfera da circunferência da Al Rihla (nome da bola da Copa) ultrapassou a linha de fundo. O VAR entra em ação e a árbitra do jogo, a francesa Stéphanie Frappart, primeira a mulher a apitar uma partida masculina em mundiais, valida o gol. As imagens que chegam na sequência não são muito esclarecedoras, mas um dos frames liberados depois da partida mostra que um milímetro da bola estava sobrepondo a linha. E quando só 99,9% da bola está fora, 100% está dentro. Virada japonesa.

Esse gol ainda traz uma curiosidade, Kaoru Mitoma, que deu a assistência, e Ao Tanaka, que empurrou a bola para as redes, foram colegas de escola no ensino fundamental e jogaram juntos no Kawasaki Frontale desde o sub-12.

Às 17h17 a Costa Rica empata com a Alemanha e quem liga o alerta é a Espanha. Uma virada costa-riquenha eliminaria La Roja;

Às 17h29 o caos. A Costa Rica vira contra a Alemanha. Explosão em todos os estádios. O inacreditável estava acontecendo. Costa Rica e Japão estavam nesse momento eliminando a Alemanha e a Espanha. O print do grupo nesse momento já é eterno.

Às 17h32 os alemães estragam a euforia, empatam com a Costa Rica e a Espanha volta a estar entre as classificadas.

Às 17h44 a Alemanha vira o jogo e praticamente tira toda a esperança dos ticos

Às 17h47 mais um gol da Alemanha. Agora, o 4 a 2 sobre a Costa Rica liga um alerta para os japoneses. Um gol da Espanha e o Japão estaria eliminado.

Às 17h57 fim de jogo no Estádio Khalifa International, o Japão segura o resultado ganha da Espanha por 2 a 1, classifica em primeiro, deixa a Espanha em segundo e faz história ao vencer duas seleções campeões mundiais na fase de grupo.

Muita festa em campo e nas arquibancadas para os já não tão contidos japoneses, que agora enfrentarão a Croácia nas oitavas-de-final e passam para a rota do Brasil numa eventual quartas-de-final.

Sentimento agridoce para os espanhóis. Perderam a primeira posição no grupo, mas agora enfrentarão Marrocos, no clássico do estreito de Gibraltar. Chegou a ser debate se a Espanha tirou um pouco o pé depois que a Costa Rica não tinha mais chance de virar contra os alemães. O segundo lugar no grupo evitará que La Roja, provavelmente, enfrente o Brasil antes da final.

Em relação aos eliminados, mais um reboot alemão deve vir por aí. Apesar de que a bola também entra por acaso. No fim, a Alemanha vai embora para casa por causa de 45min ruins contra o Japão ou por causa de milímetros de um lance até agora duvidoso. Muito difícil dizer o que fez de certo ou errado quando tão pouca coisa sela o seu destino por 04 anos.

Despedida honrosa dos costa-riquenhos.

E se o Grupo E foi o prato principal do dia, o Grupo F não ficou muito para trás.

No jogo Marrocos x Canadá, o resultado esperado se concretizou logo no início, com os Leões do Atlas abrindo 2 a 0. O Canadá ainda diminuiu. O jogo seguiu sem grandes emoções, ao menos até que o apito final soprasse. A festa se estendeu até para lá de Marrakesh. Em Bruxelas, Doha, Londres, Lille, e, claro, em, torcedores marroquinos foram às ruas comemorar a vaga nas oitavas de final da Copa do Mundo.

Na outra partida do grupo, Croácia e Bélgica disputavam a segunda vaga. A Bélgica fez sua melhor partida na Copa do Mundo e criou boas chances, inacreditavelmente desperdiçadas por Lukaku, três bolas praticamente sem goleiro. Não era para ser mesmo o mundial da tão falada geração belga. Fim de uma era de muita promessa, nenhum título e algumas piadas.

A Croácia faz o dever de casa em um ano que várias seleções europeias ficaram pelo caminho e chegará como favorita contra o Japão. Um confronto contra o Brasil nas quartas-de-final é bem possível.


Daqui a pouco começa a definição das últimas quatro seleções que irão passar de fase. Seja o que acontecer, essa já é a primeira Copa do Mundo com seleções de cinco continentes diferentes nas oitavas-de-final.

Pelo Grupo G, os reservas do Brasil enfrentam Camarões. Ederson, Fabinho e Bremer jogarão uma partida de Copa do Mundo pela primeira vez (Pedro e Everton Ribeiro que ainda não estrearam devem jogar o segundo tempo). Na lateral-direita Daniel Alves vai a campo. No meio, Tite vai com Fred (pendurado com um cartão amarelo), o que pode indicar que Bruno Guimarães jogará as oitavas-de-final como titular. Rodrygo começa no meio tentando melhorar sua adaptação como ponta-de-lança.

Os Leões Indomáveis vão a campo buscando a primeira vitória nessa Copa do Mundo e de certo modo empolgados pelo empate contra a Sérvia. O técnico Rigobert Song, expulso contra o Brasil em 1994, busca sua vingança pessoal.

Como já abordado em outras oportunidades, no outro jogo, Sérvia e Suíça fazem uma partida decisiva para ambos e com muito contexto fora de campo, desde as polêmicas comemorações dos suíços de origem albananesa/kosovaria, Shakiri e Xhaka, na Copa da Rússia em 2018. Uma bandeira com o mapa da Sérvia incluindo Kosovo no vestiário dos orlovis no primeiro jogo contra o Brasil reavivou um pouco os ânimos. Jogo bem interessante de assistir. Suíça joga pelo empate.

E no Grupo H, Portugal já classificado também deve ir com alguns reservas. Tudo indica que CR7 ficará no banco. Coréia do Sul busca sua primeira vitória e tem chance de classificação a depender do resultado do outro jogo, Gana x Uruguai.

Falando em revirar sentimento revirado, os ganeses, que até hoje não aceitaram bem a mão de Suarez para evitar o gol que os levaria para semifinal da Copa de 2010, têm a chance da sua vingança contra os uruguaios. Embora tenham insistido que não se trata de revanche, Gana viu o Uruguai dar uma provocada na véspera, ao colocar justamente o Luiz Suarez, que nem deve ser titular, na coletiva de imprensa. El Pistoleiro disse que a culpa não era dele – colocou a mão, mas foi expulso e assinalado o pênalti – e, sim, de quem errou a cobrança. Postura bem pouco elegante.

A Celeste precisa vencer para não ser eliminada na primeira fase, o que não acontece desde 2002.

Lucas Fernando é de Ariquemes/RO. Como é santista, até os 17 anos os únicos títulos que tinha comemorado foram os da Seleção Brasileira de Futebol em 94 e 2002. Talvez isso justifique sua paixão por Copas do Mundo. A cada 4 anos para quase tudo para acompanhar os jogos, inclusive aquele Tunísia e Panamá pela última rodada do Grupo do G da Copa de 2018.