Além de dentro de você
“Hoje preciso de mim
Estar comigo sozinha
Recolhida em pensamentos
De um futuro que se avizinha!
Preciso deste momento
Encolhida, comprimida, contida
Somente no calor do meu corpo
Sozinha, a pensar nesta vida!
Necessito deste momento
Calada, sossegada, retraída
Neste meu desalento
Nesta vida entristecida!
Não quero ninguém
Não quero nem preciso
Estou assim tão bem
Neste meu casulo conciso!
Enrolada em sentimentos
Coberta com tristeza
Acompanhada pelo medo
Porque a alegria me despreza!
Aqui estou
E aqui quero ficar
E inerte ficarei à espera
Que a felicidade me venha abraçar!”
Hoje preciso de mim – Dianinha
“Você é você mesmo?”, sempre dizia o meu saudoso pai Eloy Maciel, parecia escolher esta indagação quando a prosa dava o lugar dela pelo momentâneo silêncio. Ele tinha uma entonação irônica e simpática.
Creio que comecei a ouvir essa indagação quando ainda tinha cerca de dez anos, e, ao longo da vida, ele sempre a repetia.
Eu não sabia a resposta, desconfiava, quando muito me atrevia a pensar, imaginar se de fato eu era mesmo eu.
O ser humano, quem quer que ele seja, nunca é o mesmo.
Somos quem podemos ser, sempre em mutação. Somos espelhos para os outros e os outros se espelham em nós.
Pessoas e circunstâncias da vida são bases e moldes para a nossa personalidade, caráter, valores ético-morais.
Somos o viver e o conviver, ao longo de toda a vida longa, ou breve.
O eu dentro de cada pessoa tem que sair ou ficar de lado de tal modo para receber o ser de cada outro ser humano, este ser humano que recebe o ser você.
Viver é uma troca mútua, não precisamente sempre igual. Tem determinados aspectos que nos proporcionam a sensação de apenas doarmos, sem nada receber em troca, ainda assim vale a mensagem cristã:
“É dando que se recebe”.
O mundo bem próprio de cada um é um mundo que acolhe, recebe, repele tantos e tantos mundos, mundos que são as pessoas com as quais nos relacionamos.
Viver é formar amizades. Viver é cultivar, cativar, cultuar amizades.
Em cada eu próprio dentro de cada um tem o eu que recebemos de outras pessoas, daquelas que são a família até o que seja completamente estranho.
O Novo-Ano ou Ano-Novo é bem mais que a marca da mudança de calendário.
É mais que um marco humano que referencia a trajetória humana.
É caminhos que devemos autonomamente percorrer.
Também é o somatório das outras pessoas.
A graça e o sentido da vida é sermos tantos e quantos outros eus que nos habitam, assim como neles cada um de nós mora.
Quando a vida morre, a amizade e sentidos humanos prosseguem, de dentro para fora, de fora para dentro.
Fases de Fazer Frases
A ilusão da vida não é alusão à morte.
Olhos, Vistos do Cotidiano
“Homem furta e vende carro do próprio irmão”, noticiou este Jornal, quarta passada. O furto foi em Ubiratã. A venda do Santana foi no valor de oito mil reais, negociado e entregue em Campina da Lagoa.
Como será que reagiram os pais (se vivos)? Tem quem seja capaz de vender a mãe e a entrega. Um outro filho também venderia, porém não entregaria a mãe.
Não foi só Caim que matou Abel.
Farpas e Ferpas (I)
Ainda que não tenha a resposta, a pergunta valerá.
Farpas e Ferpas (II)
Tire um tempo para você, e não tire o tempo de você.
Farpas e Ferpas (III)
Não confundamos: A par de tudo com parte de tudo.
Reminiscências em Preto e Branco
Na tardança da vida o tempo corre, fixo é apenas o calendário.