Chuvas paralisam início da colheita da safra de verão na região da Comcam
Iniciou ainda de forma tímida, a colheita da safra de verão de soja e milho 1ª safra (2022/2023) na região de Campo Mourão. Porém, as chuvas dos últimos dias têm paralisado os trabalhos no campo. Conforme dados repassados pelo Departamento de Economia Rural (Deral), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, núcleo de Campo Mourão, 3% da safra do milho havia sido colhida até a terça-feira (31) e apenas 1% da soja.
Na Comcam, os produtores semearam 10.675 hectares de milho 1ª safra. A produção inicial estimada pelo Deral é de aproximadamente 96.075 toneladas. A expectativa de produtividade é de 9.500 kg por hectare. De acordo com o técnico do Deral, núcleo de Campo Mourão, Paulo Borges, o grão colhido até o momento apresenta boa qualidade.
Conforme Borges, com base no levantamento divulgado no início desta semana, 20% da cultura estão em fase de floração; 63% frutificação e 17% maturação. “A semana com chuvas em toda região paralisou a colheita devendo retomar na semana que vem com o predomínio do sol. Com isso os trabalhos deverão ser intensificados”, afirmou. A saca de milho de 60 quilos está cotada em média a R$ 75,76.
Em relação à soja, apenas 1% dos 701.230 hectares plantados foi colhido. A estimativa de produção é de aproximadamente 2.804.920 milhões de toneladas do grão na região de Campo Mourão. Borges frisa que o clima está contribuindo para que a safra seja recorde.
Para se ter ideia, conforme ele, 97% da área apresenta bom desenvolvimento e 3%, médio. Da lavoura implantada, 2% estão na fase de floração, 77% se encontram em frutificação e 21% em maturação. Atualmente, a saca de 60 quilos vem sendo contada em média a R$ 159,21.
Nessa quinta-feira (2), o Deral/PR divulgou o boletim conjuntural que traz a situação das lavouras no Estado do Paraná. Sobre o milho, a colheita da primeira safra atingiu 1% da área total de 386 mil hectares. No Paraná a expectativa é que se produza algo próximo a 3.962.604 de toneladas, em condições normais.
“O milho é essencial para a produção de proteína animal, não só no Paraná, mas no Brasil e no Mundo, além de ser importante, em algumas regiões, para a alimentação humana. À medida que há um crescimento populacional, naturalmente há um consumo maior de proteínas, especialmente frango e suínos. Outro fator a considerar é que à medida que os países têm uma melhora da renda per capita, o consumo de proteínas também aumenta. Este cenário gera uma demanda maior pela sua produção. Hoje no Brasil, por exemplo, além da destinação para ração, há um início de demanda para a produção de etanol. Estima-se que, em 2023, do etanol produzido no Brasil, 15% virá do milho. A produção mundial do cereal deve atingir 1,15 bilhão de toneladas na safra 2022/23, volume ligeiramente menor que o ciclo anterior. No Brasil, espera-se uma produção de 125 milhões de toneladas”, informou o analista do segmento no Deral, Edmar Wardensk Gervásio, no boletim.
Conforme ele, diante da possível produção recorde do Brasil, os problemas logísticos são evidenciados, como estradas sem a manutenção adequada, pistas simples, malha ferroviária insuficiente, custos de insumos elevados, entre outros fatores. Contudo há algumas melhorias, por exemplo, da estrutura dos portos do Arco norte de exportação e também os dois grandes portos brasileiros de Paranaguá e Santos tiveram melhorias em sua capacidade de escoamento. Os maiores gargalos ainda estão no “hiato” entre a propriedade rural e o porto.
Com relação a soja, neste ano a safra no Paraná deve ser normal e a produção deve retomar volumes acima de 19 milhões de toneladas. O último relatório do Deral apontou que a produção deve ser de 20,7 milhões de toneladas, porém com viés de potencial redução devido a condições climáticas. A colheita atingiu 1% da área total e nos próximos dias deve ter um avanço mais consistente, segundo informa o boletim.
Gervásio informou que em 2022 o Brasil exportou 101,9 milhões de toneladas do complexo soja, que envolve o grão, farelo, óleo e demais produtos da soja. Este volume foi 3% menor que em 2021. O principal comprador foi a China, que representou 53% do volume, porém com uma queda de 11% quando comparado ao ano anterior. Já o Paraná exportou 9,2 milhões de toneladas, queda de 35% quando comparado a 2021. Esta redução essencialmente está ligada a uma produção menor de soja na safra. O principal cliente é também a China, que importou 54% desse total.