Pacientes de hemodiálise se preocupam com fim do estacionamento em diagonal
A mudança na sinalização horizontal da rua Guarapuava, esquina com o Instituto do Rim, em Campo Mourão, está levantando uma polêmica. Principalmente, junto aos pacientes. Se agora as vagas destinadas aos veículos são em diagonal, cabendo mais carros, logo passarão a ser em paralelo, diminuindo, em tese, algumas delas. E isso, despertou apreensão.
Paciente do instituto, Ricardo Accioly Calderari explica que muitos dialíticos necessitam parar os veículos ao lado do prédio. “Fazemos diálise. Não são consultas. Ficamos fazendo diálise de três a quatro horas. Muitos têm problemas de diabetes, sem uma das pernas. Imagine esse pessoal sendo obrigado a se locomover por uma, duas, três quadras. Com sol ou chuva”, disse.
De acordo com ele, o município deve rever a decisão, uma vez que não sabe o sofrimento que a medida causará a 230 famílias. “Eu por exemplo vivo 100% em razão das máquinas. Tive que tirar os dois rins. Tirou a máquina da tomada, morro”, disse.
Aos 74 anos, Miguel Castorino de Lima deixa Juranda, onde mora, três vezes por semana, para suas sessões de hemodiálise em Campo Mourão. Vítima de um acidente, hoje, ele é cadeirante. No seu caso, parar em frente ao Instituto do Rim não é uma opção. Mas uma necessidade. “Vamos com uma van da prefeitura. Sempre que dá, ela para em frente. Mas, muitas vezes, não há vagas. Então o motorista dá umas voltas pelo quarteirão, até algum outro carro liberar o estacionamento”, disse.
De acordo com Ireno dos Reis, secretário de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, o município decidiu apagar todas as faixas em diagonal porque elas são perigosas e sem legislação. Ele explica que, além dos veículos de maior porte atrapalharem a boa circulação das vias, ainda têm que sair de ré. Ou seja, ficando mais difícil a visualização dos condutores.
“Estou acompanhando de perto a situação do Instituto do Rim. Lá, continuarão as vagas destinadas às ambulâncias e deficientes. Também serão feitas duas faixas de embarque e desembarque. Estamos no início do trabalho ainda. Não terminamos. Só peço que aguardem um pouquinho”, afirmou.
Ireno também ressalta que, ao contrário do que muitos pensam, o estacionamento paralelo não extinguirá tantas vagas de carros assim. “A diferença entre a diagonal e a paralela é de uma vaga”, disse. Segundo ele, ainda em 2021 a prefeitura já havia comunicado a população sobre a alteração das faixas de estacionamento.
Não querendo ter o nome revelado, um médico revelou ser contra as mudanças no local. Para ele, em casos de emergência, sua chegada até o paciente pode demorar mais do que a vida exige. “O desembarque ali já está bem congestionado. Agora, ficará mais difícil”, disse. Ele também atenta aos pacientes. Muitos, com deficiência, podem ter que parar os veículos numa distância desumana.
No entanto, em reunião com o município, Patrik Fiorese, Gerente de Planejamento do Instituto do Rim, viu as mudanças como positivas. Segundo ele, a prefeitura assegurou aumentar a área de embarque e desembarque, o que melhorará, em muito, a chegada e saída dos pacientes. “Além disso, terá uma vaga de emergência às ambulâncias. Esta vaga também poderá servir aos médicos. Concordamos com as mudanças”, afirmou.