“Ele não deu nada!”

Em um coração cheio há espaço para tudo, e em um

coração vazio não há espaço para nada

Antônio Porchia

Exatamente como o título de hoje que transcreve duas manifestações em dois fatos diferentes e isolados, mas com o mesmo sentido de quem falou o que pode ser chamado de “crítica”, embora esteja longe de ser.

Um estudante comenta no corredor com outro quando se dirigiam para a sala de aula. “O professor deu alguma coisa de importante, alguma matéria?” e teve a resposta: “Não passou nada no quadro”.

Ainda no ambiente escolar, caso o professor, principalmente neste início de ano letivo e notadamente no ensino supletivo, quando uma turma é formada por pessoas de diferentes idades e parte delas há muito tempo sem estudo, professor que “não passar tarefa no quadro ou para o caderno”, afirmam, – ainda que de boa fé – que o professor não “deu nada”.

A expressão “não deu nada” é muito mais comum do que se imagina nas consultas médicas. Pacientes e familiares não gostam quando o médico faz (e pede exames) e após tais atendimentos e providências, o mesmo médico não “não dá nenhum remédio pra tomá”.

Ou seja, professor ótimo e médico ótimo são aqueles que sempre “passam matéria no quadro”, dão tarefas, dão receita, passam remédio.

Outro de exemplo, ainda que de menor intensidade, é quem acompanha o noticiário, tendo quem se sinta frustrado, aborrecido por não ter nenhuma notícia “bomba”, nenhuma manchete sensacionalista, enfim, “nada importante”.

Será que é uma cultura própria ou uma cultura que é influência, por exemplo, do carnaval, da fantasia, das máscaras?

Não se trata de menosprezar a crítica e consequentemente a liberdade de expressão, mas a manifestação do tipo “ele não deu nada”, é destituída de argumentos, de fatos que serviriam como base para esta crítica.

No âmbito pedagógico o próprio aluno desconhece que em uma turma, cada aluno é uma pessoa com características próprias, o aprendizado que ela tem possui estágios que podem ser bem diferentes em relação aos colegas. Tem aqueles que aprendem já na primeira leitura ou explicação, enquanto que outros demorarão mais e até levarão algumas horas para compreenderem e assimilarem o conteúdo.

No caso do médico, tem os pacientes sabidões que consideram determinadas perguntas que o médico faz, “não tem nada a ver”, como sobre a vida cotidiana do paciente, indagações quanto a alimentação, exercícios físicos, se fuma” etc.

Não me surpreenderia se o caro leitor – sem generalizar nem tampouco afirmar – que a Coluna de hoje “não tem nada de interessante”. Afinal de contas, é Carnaval!

Fases de Fazer Frases (I)

A vida é válida pelo que é vivida. Vivida, ela valida.

Fases de Fazer Frases (II)

No mundo só do faz de conta, só a magia não dá conta.

Fases de Fazer Frases (III)

Mais verdade é menos do que a maior verdade.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

Quem é ele? Qual a causa (ou quais) determinante para furtar o caminhão caçamba, e com ela levantada, dirigir por quase quatro quilômetros arrebentando fios e derrubando postes das vias públicas de Campo Mourão? Virou notícia nacional. Por enquanto só pode ter a resposta a própria pessoa, a que sabe que foi ela. Até aqui, ninguém viu, ninguém sabe. De concreto, lascados e caídos ficaram os postes.

No mais é o enorme prejuízo devido a falta de energia, cidade sem comunicação como internet, transtornos que não foram de maior tempo porque uma força-tarefa foi montada para restabelecer a normalidade.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)

O ministério público de Goiás investigou a manipulação de resultados nos jogos de futebol da série B. O crime cooptava jogadores para provocarem pênaltis conforme apostas feitas. Não chega a surpreender, a relação é promíscua, casa de apostas tem publicidade televisiva quando da transmissão dos jogos. “raposa cuidando do galinheiro”.

Farpas e Ferpas (I)

Nem sempre o que resta sobra. Mas a sobra é o que resta.

Farpas e Ferpas (II)

É trabalhoso olhar fazendo de conta que não está vendo?

Depende: se o outro não estiver olhando para o que você está vendo.

Farpas e Ferpas (III)

Não dê ouvidos, empreste as orelhas.

Farpas e Ferpas (IV)

Guarde o lugar dos outros se o seu estiver bem guardado.

Farpas e Ferpas (V)

Tudo tem valor, até o zero.

Farpas e Ferpas (VI)

Tudo tem valor, até o nada.

Farpas e Ferpas (VII)

O valor atribuído consiste por quem o assiste.

Reminiscências em Preto e Branco

Como o tema é a caçamba, (conteúdo acima, Olhos, Vistos do Cotidiano (I), recordo da minha época, chamávamos tal tipo de caminhão: tombeira. Termo ainda usado, mas não tanto como antes. Em geral é “recipiente, tara ou invólucro”, para o transporte de mercadoria. E, ainda na minha meninice, se referia a carro muito velho.

José Eugênio Maciel | [email protected]