Em meio atraso na colheita da soja e plantio do milho 2ª safra, trigo tem aumento de área na região

Em meio ao atraso nos trabalhos da colheita da soja e plantio do milho 2ª safra, o trigo vem se tornando preferência entre alguns produtores na região de Campo Mourão – muitos por não terem outra opção- com aumento de área em relação à safra do ano passado.

Levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral), núcleo de Campo Mourão, órgão vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), divulgado nessa terça-feira (28), aponta para uma área de 109.650 hectares de trigo em 2023 contra 96.530 ha em 2022, um aumento de 22%.

Caso não haja interferência climática no período da cultura, o Deral estima uma produção de aproximadamente 274.125 toneladas de trigo na Comcam este ano. “A área do milho caiu principalmente em decorrência das chuvas que atrasaram a colheita da soja e consequentemente também o seu plantio. Além disso, em alguns municípios da Comcam a soja foi implantada mais tarde. Na nossa região tinha produtor plantando soja em dezembro. Isso fez com que estas áreas fossem colhidas mais tardiamente”, informou o técnico do escritório regional do Deral em Campo Mourão, Paulo Borges.

Conforme o Deral, a área com milho safrinha vai encolher significativamente este ano em relação a 2022. Naquele ano foram semeados 428.700 hectares contra 385.370 previstos para 2023. A produção do cereal está estimada em cerca de 2.119.535 milhões de toneladas.

O plantio do trigo inicia na região de Campo Mourão em meados de início de maio. A cultura ganhou espaço sobre o milho, mesmo com custo de produção mais elevado, já que o produtor não teve outra opção. O plantio do milho fora do zoneamento agrícola aumenta o risco de perdas na produção, bem como impõe restrições ao uso de recursos públicos para a cultura. Mas mesmo assim boa parte dos produtores vêm arriscando semeando fora do período ideal, após o alongamento de ciclo e problemas climáticos na soja na primeira safra. “Plantar milho fora do calendário ideal deixa a safra mais sujeita a riscos de geadas mais para frente”, alertou Borges.

No Paraná, assim como na região, há tempos o milho tem sido a opção mais escolhida pelos produtores em relação a cultura do trigo por sua rentabilidade. Estudos do Deral-PR apontam que entre as safras de 2015 a 2020, a rentabilidade avaliada para o trigo foi de 5%, enquanto que para o milho segunda safra de 16% por hectare. Dados de fevereiro deste ano, do Deral-PR, apontam que o custo por hectare é de R$ 3.365,46 para o milho e R$ 3.976,07 para o trigo. Atualmente a saca de 60 quilos do milho está cotada em média R$ 69,00 enquanto o trigo, R$ 84,00.

Ainda segundo o Deral-PR, nos últimos 10 anos, a área plantada do trigo vem se mantendo estável no Paraná. A maior extensão foi registrada nas safras de 2013 a 2015. Nos anos seguintes, a cultura vem apresentando tendência de queda.

Números

No primeiro bimestre deste ano, o Paraná aumentou suas negociações de trigo no mercado externo em relação aos anos anteriores. As importações totalizaram 74,7 mil toneladas e as exportações atingiram 75,4 mil toneladas.

As vendas para outros países foram as maiores registradas para um bimestre desde 2016. Nos últimos anos, o Paraná vinha mantendo sua produção de trigo para o mercado local devido ao crescimento do parque moageiro estadual. No entanto, devido à qualidade da safra, houve dificuldade em absorver o produto localmente, o que levou a um redirecionamento para mercados que exigiam parâmetros diferentes do trigo nacional.

O Equador foi o principal destino do trigo paranaense exportado em 2023, adquirindo 78% do volume negociado. Apesar do aumento nas exportações, as vendas do Paraná ainda correspondem a uma parcela pequena (7%) das exportações totais de trigo do Brasil em 2023, especialmente quando comparadas aos 40% da produção nacional que o estado normalmente gera.

Em relação às importações, as 74,7 mil toneladas adquiridas no primeiro bimestre de 2023 foram praticamente iguais à média bimestral registrada em 2022 (75,3 mil toneladas), com a ressalva de que o primeiro bimestre costuma ter menos entradas do que os demais bimestres do ano. As origens do trigo importado pelo Paraná permaneceram as mesmas: Argentina e Paraguai, com os moinhos buscando produto com características específicas para complementar a produção local.