Preço da soja tem queda superior a 18% em um mês, aponta Deral

Boletim conjuntural sobre a condição das safras e preços, divulgado no fim da tarde dessa quarta-feira (12), pelo Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral/PR), vinculado à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, aponta para uma queda de quase 20% no preço da saca de soja de 60 quilos da soja nos últimos 30 dias.

De acordo com o analista do Deral, Edmar Wardensk Gervásio, enquanto que em abril de 2022 a saca era cotada em torno de R$ 172,00, atualmente o preço está abaixo de R$140,00. Na praça de Campo Mourão, por exemplo, está cotada em média R$ 132,00. Uma queda superior a 18%.

“No cenário internacional não é diferente. Nesta semana os preços da soja na Bolsa de Chicago são 13% menores que na mesma semana de 2022”, pontuou Gervásio. Ele observou que os preços menores no mercado doméstico podem ser em decorrência da supersafra brasileira, variação cambial e também por questões logísticas. “Devido à dificuldade de armazenamento da oleaginosa, há pressão pela comercialização rápida e assim gerando uma maior oferta momentaneamente”, destacou.

No Paraná, a colheita da soja atingiu 94% da área total estimada de 5,76 milhões de hectares. A produção estimada é de 22,18 milhões de toneladas, 3.845 kg por hectare, volume superior a 82% à safra 2021/2022, quando foram colhidas 12,2 milhões de toneladas.

Na região de Campo Mourão, a colheita havia atingido na terça-feira (11), 99% da área, que totaliza 701.230 hectares. A produção estimada é de aproximadamente 2.796.154 milhões de toneladas. Apesar de perdas por conta do excesso de chuvas no período da colheita, os números apontam para uma das maiores safras dos últimos anos.

Milho

Em relação ao milho segunda safra, Gervásio destaca no boletim conjuntural que o plantio safra 2022/23 foi finalizado. Segundo o analista, estima-se que foram plantados 2,5 milhões de hectares, número que representa uma redução de 8% quando comparado à safra anterior. Houve queda de área também na região de Campo Mourão. De 400.000 mil hectares inicialmente projetados, caiu para 385.370.

Gervásio explica que nesta safra houve dificuldade durante o plantio do milho. O atraso na colheita da soja, sua antecessora, devido ao plantio atrasado aliado a um aumento de ciclo, juntamente a um volume maior de chuvas na colheita da cultura, resultaram em uma área plantada menor do cereal. No campo as condições de lavoura seguem boas para 97% da área e apenas 3% tem condição mediana. “Em relação à primeira safra de milho 2022/23 observa-se avanço na colheita. Nesta semana o percentual de área colhido chegou a 77%. A tendência é que nos próximos dias tenhamos um avanço consistente nesta colheita”, avaliou.

Trigo

Sobre o trigo, conforme informa o engenheiro agrônomo Carlos Hugo Godinho, o preço da saca acumulou nova baixa nos últimos dias. Em 12 de abril a cotação diária calculada pelo Deral registrou média de R$81,24, um valor 9% abaixo do praticado há um mês (R$93,47 em 13 de março).

“Estes preços indicam um possível prejuízo para parte dos produtores, pois os últimos custos estimados [pelo Deral] eram de R$82,84, em fevereiro; com a ressalva que estes variam muito em cada propriedade. Essa situação pode levar alguns triticultores a desistirem do plantio, principalmente onde o trigo é semeado mais tardiamente”, prevê.

Parte do Estado deve começar a semeadura apenas em junho. Na região de Campo Mourão a expectativa de início de semeadura é no início de maio. “O plantio continua lento no Paraná, pois a área onde há recomendação de plantio ainda não tem condições ideais para semeadura, necessitando de mais umidade no solo”, falou o agrônomo.

Conforme o Deral, a área plantada no Estado ainda é inferior a 1% dos 1,36 milhão de hectares estimados. “A situação ainda é tranquila, pois os produtores podem plantar até o final de maio, no mínimo”, observou.

Na região da Comcam, a área reservada inicialmente para a cultura, nesta temporada, é de 109.650 hectares, aumento de 22% em relação a 2022, quando foram plantados 96.530 ha. Em condições climáticas ideais, a produção regional é estimada em cerca de 274.125 toneladas.