70 anos da Paróquia São João Batista: A influência transformadora do primeiro vigário
A Paróquia São João Batista de Peabiru, neste ano de 2023, ao completar 70 anos, relembra a importância do seu primeiro vigário, Pe. Aloysio Jacobi, pertencente à Congregação do Verbo Divino. Aliás, podemos destacar que ele teve uma relevante influência no desenvolvimento do catolicismo na região de Campo Mourão, visto que foi, também, o primeiro vigário de Campo Mourão, nos anos 1940, além de ter atuado na década de 1970 em Engenheiro Beltrão. Pe. Aloysio Jacobi, nasceu aos 17 de novembro de 1904, na cidade de Struth (atual Rodeberg), na Alemanha. Era o quinto de nove filhos do casal Filip Jacobi e Maria Richardt Jacobi. Seu pai era carpinteiro e sua mãe, dona de casa. Para garantir a sobrevivência, a família Pe. Aloysio teve que trabalhar em fábricas e minas.
Desde menino, se sentia chamado para a vida religiosa, mas seu pai insistiu que aprendesse seu ofício, e mesmo obtendo seu diploma profissional de carpinteiro, o chamado para a missão continuou a ecoar. E aos 26 anos, numa vocação tardia, ingressou no Seminário Menor, estudando por dois anos em Gesellschaft des Göttlichen Wortes. De lá, seus superiores o enviaram para o Brasil e, no dia 7 de janeiro de 1929, foi acolhido no Instituto Missionário São Miguel, na cidade de Antônio Carlos (MG), onde aprendeu o português e se dedicou aos estudos humanísticos. Em 06 de dezembro de 1936, com 32 anos de idade, Pe. Aloysio foi um dos 6 primeiros presbíteros a ser ordenado pelo arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar da Fonseca e Silva.
Em 1938, foi designado como coadjutor em Pitanga. Nesse mesmo ano, iniciou suas visitas na região de Campo Mourão, mais especificamente em Mamborê. Ao chegar, Pe. Aloysio encontrou situações adversas à prática do catolicismo e casos pitorescos são relatados e registrados pelo sacerdote. Um pai trocou a filha por uma vaca, algumas pessoas chegavam bêbedas na missa de casamento, dizendo “querer sufocar Jesus na cachaça”, casos de bigamia, ameaças de morte ao missionário verbita. Foram contratempos que o padre alemão enfrentou, talvez tão traumáticos quanto os horrores vivenciados durante a Primeira Guerra Mundial (1914/1918), quando teria presenciado uma cena em que oito soldados teriam abusado de uma jovem.
Padre Aloysio acompanhou momentos importantes da estruturação da igreja católica na região. Em uma das ocasiões, Dom Manoel Koenner, então prelado de Foz do Iguaçu, atendendo o pedido de autoridades de Guarapuava, designou Pe. Aloysio para construir a nova paróquia em Campo Mourão. Em suas memórias, o padre descreve a pobreza existente, o modesto paramento e o improvisado altar e sacrário construído. Mesmo com contratempos, o padre verbita, prosseguia com suas incumbências em Campo Mourão.
Nesse período, a colônia de Peabiru foi se desenvolvendo e, para povoá-la, o governo intensificou o mecanismo estatal de atração de pessoas para a região. Pe. Aloysio celebrou a primeira missa em 28 de novembro de 1947 e, no ano seguinte, na festa de São João Batista, o padre coloca o cruzeiro, marco do início do catolicismo e da fundação do novo município.
Peabiru se emancipou em 1951 e elevado a comarca em 1953. Logo solicitaram a presença de um vigário, e Pe. Aloysio, novo pároco, foi incumbido para iniciar a construção da nova paróquia. Ele pretendia tomar posse no dia da festa do padroeiro, 24 de junho, mas devido a um acidente, tomou posse no dia 01 de novembro de 1953, nesse mesmo dia, fez a instalação do sacrário, deixando relatado que: “Jesus Sacramental ou melhor foi acesa a luz da lamparina para não mais se apagar”. E realmente, não se apagou, pois vultoso foi, e ainda é, o trabalho dos padres que passaram por Peabiru, nesses 70 anos.
Aos 24 de junho de 1956 foi lançada a pedra fundamental da igreja em alvenaria, cujo projeto foi trazido pelo Pe. Aloysio da Alemanha. De acordo com paroquianos de Peabiru, dursante a edificação da Igreja Matriz, sob sol ou chuva, o padre verbita, com sua batina surrava, carregava pedras, batia massa, assentava tijolos, sempre auxiliando os construtores da nova igreja. Após as missas ele fazia um chamado, quase que uma convocação, para que os fiéis ajudassem na construção da igreja.
Para cumprir sua nova missão, o padre deveria atender 14 capelas, da qual pertencia a capela do distrito de Engenheiro Beltrão, onde celebrou a primeira missa em 1945. Dez anos mais tarde, em 1962, seria criada a nova paróquia. Mais uma vez, Pe. Aloysio foi transferido, iniciando a construção de uma nova paróquia, onde continuou a servir até o momento de seu falecimento, no dia 21 de setembro de 1974, acometido por insuficiência e pneumonia.
Pe. Aloysio demonstrava seu compromisso em promover a vida cristã entre os fiéis e foi peça importante na educação e ações assistenciais, temas que merecem o devido registro histórico.
Lucinéia Aparecida Gomes Pereira, mestranda do programa PPGSeD da Unespar campus Campo Mourão.