Santa Casa: Baer rebate polêmicas e diz que não mais postergará mandato: ‘Levando pedrada a rego’

O presidente da Santa Casa de Campo Mourão, Pedro Henrique Montans Baer, concedeu entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira (6) para responder às polêmicas sobre o hospital levantadas nos últimos dias e falar do processo eleitoral, cujo pleito está marcado para o dia 14 deste mês. Baer iniciou a entrevista em tom de desabafo, rebatendo informações e ‘falácias’, conforme classificou, ventiladas. Ele também afirmou que não mais postergará o mandato e que deixa a presidência do hospital dia 19, quando encerra o ciclo da atual gestão.

Eu pessoalmente não vou ficar mais à frente (da Santa Casa). Já posterguei por 90 dias o mandato. Estou levando pedrada a rego para segurar as pontas. É uma questão pessoal minha. Acho que fiz o que pude. Me dediquei o quanto pude aqui. Tenho uma certa frustração porque gostaria que o hospital tivesse avançado mais. Vou continuar ajudando como associado e espero que nestes próximos dias consigamos achar pessoas que realmente tenham interesse em fazer que a saúde da Santa Casa evolua”, falou.

Sobre as eleições, as chapas interessadas devem ser inscritas na secretaria da Santa Casa nos dias 11, 12 e 13. A eleição está marcada para o dia 14. “Aí vamos aguardar se vai ter chapa ou não”, frisou Baer, ao lembrar que se não tiver chapa inscrita, a partir do dia 19 ele não pode mais, legalmente, aprovar qualquer conta ou assinar, por exemplo, um cheque que seja pelo Hospital. “Aí fica um problema sério de fazer a Santa Casa continuar funcionando”, preocupou-se.

Baer é presidente da Santa Casa há seis anos. Iniciou na diretoria do hospital há 10 anos, como tesoureiro. Posteriormente foi vice-presidente de José Carlos Laurani, que deixou o cargo por problemas de saúde. Então assumiu o lugar, sendo reconduzido em 2019 e 2021. Cada mandato tem dois anos.

Gargalo

Com seu ciclo na diretoria prestes a encerrar, o presidente disse que a tabela SUS, desatualizada há 20 anos, é o principal gargalo da unidade. Para se ter ideia, o Hospital acumula uma dívida em torno de R$ 54 milhões. “Apesar de alguns defenderem um hospital 100% SUS, a tabela não é atualizada há 20 anos. Se você tem um preço de um procedimento que não é atualizado todo este tempo, mas em contrapartida todo o resto aumenta, fica claro que há um déficit de todos os procedimentos realizados no SUS. Eu adoraria que a Santa Casa fosse 100% SUS, mas quem vai pagar essa conta? Hoje somos 85% e mesmo assim ainda temos dificuldades (financeiras). A Santa Casa atende tudo e a todos e não necessariamente recebe o que deveria pelo serviço que presta”, esclareceu.

Independente de chapa inscrita ou não até o dia da eleição da Santa Casa (14 deste mês), Baer afirmou que não continua na presidência

Polêmicas

Entre as polêmicas envolvendo o nome do presidente, circula a de que ele está na Santa Casa em virtude do curso de medicina do Integrado. “Isso não é verídico. Entrei na Santa Casa bem antes da implantação do curso”, falou, ao afirmar que o curso de medicina é um ganho à região. “A cidade ganha, o comércio ganha e tudo em volta ganha. Além disso, pelo projeto feito, existem recursos aportados pelo Integrado na rede pública de Saúde da cidade, algo que vem agregar à Saúde da região e também à Santa Casa. Quando falam que o Integrado está se aproveitando da Santa Casa é falácia”, sustentou.

Outra questão apontada por ele é em relação ao funcionamento da Unimed no hospital. Ele defende que a prestadora de serviço tem contrato como qualquer outra empresa. “Eles (a Unimed) atendem quem tem convênio com eles. É faturada uma conta e eles pagam. Simples. É uma parceria importante porque há superávit nos procedimentos, ao contrário do SUS. Em nenhum momento a Unimed aproveitou-se da Santa Casa. Ao contrário”, esclareceu.

Contrariando informações ventiladas nos últimos dias, Baer defendeu ainda que o hospital é transparente em suas prestações de conta. Ele informou que todo ano a unidade presta contas (este ano foi em abril). As contas são auditadas por uma empresa externa. “Além disso tem conselho fiscal, membros da diretoria e na própria assembleia os associados poderiam fazer apontamentos. Nunca tivemos problema nem nada a esconder”, argumentou.

Outra questão defendida por Baer foi em relação à mudança do estatuto da Santa Casa, aprovada na última assembleia, que levantou polêmica na Saúde. Segundo ele, o estatuto antigo dificultava o processo eleitoral do hospital. Citou, por exemplo, o número de membros. “No estatuto anterior eram 16 membros. Além disso, teria de ter um representante do Conselho Municipal da Saúde, da Regional, e um membro do Conselho da Comunidade. Nestes 10 anos que estou participando da diretoria, nunca houve a participação efetiva de um membro da comunidade. Quanto olhamos o estatuto para ‘enxugar’ foi no sentido de ter menos membros para facilitar que alguém consiga montar uma chapa para continuar o trabalho. Não foi nada feito da noite para o dia. Foi discutido. Não foi uma imposição nossa. O objetivo era modernizar e reduzir o número de membros para que as pessoas do conselho atuem efetivamente em prol da Santa Casa. Colocar o nome por colocar não faz sentido”, argumentou.

Eleição postergada

A eleição da Santa Casa já era para ter sido realizada em abril deste ano. Como não houve chapa inscrita, o mandato de Baer foi postergado por 90 dias pelo Conselho Deliberativo do Hospital para possibilitar a inscrição de chapas. Até o momento, não houve manifestação de interessados para ocupar o cargo.