O mistério da esfera de aço, encontrada por José no meio de uma árvore
Campina do Amoral. Luiziana, 2022. O agricultor José Hilário Costin apanha um machado e vai até o campo cortar um pinheiro, derrubado por um forte temporal. Alguns golpes depois, a ferramenta acerta algo impenetrável, duro, como ferro. Surpreso, decide cortar pelas beiradas. Foi quando observou se tratar de algo inusitado: uma esfera maciça de aço, como uma bala de canhão.
Ainda sem acreditar, percebeu que a esfera estava encravada em meio ao tronco do pinheiro. Uma árvore com cerca de 300 anos. Diâmetro de um metro. Com calma, como a um artista esculpindo a madeira, conseguiu retirá-la. E continuou sem acreditar. “Até hoje ainda não sei como isso foi parar em meio ao tronco do pinheiro. E certamente está ali há no mínimo, 150 anos”, disse.
A árvore havia caído ainda em 2019. Estava com as raízes já podres, quase sem vida. E bastou um vento forte para que viesse à baixo. Deitada, esplendorosamente sobre o campo, atrapalhava o caminho e os serviços da propriedade: o sítio São Francisco. E ficou lá, guardando um segredo por anos, à surpresa de José. A bem da verdade, um mistério ainda não elucidado.
Após retirar o objeto, o levou até o barracão de ferramentas. E lá, utilizou uma esmerilhadeira, comprovando ser feito de aço. José é um sujeito simples. Um agricultor raiz. Um verdadeiro homem do campo. Ele acredita se tratar de uma bala de canhão. “Contam os mais antigos que aqui, o exército brasileiro de agrupou na época da Guerra do Paraguai. Então a bala pode ter sido usada em treinamentos, sendo acertada no pinheiro. E ficou alojada ali. Até que eu a descobrisse”, disse.
“Seo” José tem 62 anos. Hoje, está “juntado” com uma companheira e vive feliz. Além do sítio, onde planta amoras e mantém criação de porcos e vacas de leite, trabalha na cidade. Lá, em Luiziana, abriu a própria metalúrgica. E é com ela que vem ganhando a vida.
Conta que o sítio São Francisco, onde mora um dos dois filhos, é uma herança deixada pelo avô, Francisco Walter, filho do pioneiro Jorge Walter. E foi lá onde nasceu, cresceu e começou a trabalhar. “Antes de nascer eu já trabalhava. Estava na barriga da minha mãe enquanto ela trabalhava na roça”, brincou ele.
José é o caçula de dez irmãos. Parou de estudar quando estava na quarta série do fundamental. Época em que já iniciava a lida no campo. No entanto, retomou os estudos há 20 anos, concluindo o segundo grau. Mas, mesmo o estudo ainda não foi o suficiente para entender como a esfera ali parou.
Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai aconteceu de 1864 a 1870, resultando na destruição completa do país vizinho. Após mais de cinco anos de conflito, foi um reflexo da consolidação das nações da Bacia Platina (Argentina, Uruguai, Brasil e Paraguai) e acabou com enorme saldo de mortos. Foi o combate de maior duração e proporção de toda a história da América do Sul. E culminou com um grande divisor de águas para todos os países envolvidos.