Mistério da esfera: Luiziana não recebeu agrupamentos do Exército durante Guerra do Paraguai, diz especialista
Após a repercussão sobre a matéria veiculada na TRIBUNA, sobre a esfera encontrada em meio a uma árvore, em Luiziana, o especialista em História Militar e Presidente da Câmara Técnica de Cultura e História da Polícia Militar do Paraná, Major Toledo, falou com a reportagem a respeito do mistério.
Mesmo o agricultor José Hilário Costin acreditando se tratar de uma bala de canhão da época da Guerra do Paraguai, Toledo desconhece a existência de agrupamentos do Exército brasileiro na região. Segundo ele, o que passou mais próximo pelo município de Luiziana teria sido na Revolução de 1924, quando tropas de rebeldes paulistas vieram pelo norte do Paraná, entrando em confronto com as tropas legalistas na região Oeste do estado.
“Mesmo assim, não lembro de ter sido usada munição oval pela artilharia. Eles utilizavam munição nos obuses de formato ogival”, disse Toledo. De acordo com ele, apesar da esfera ser pequena para canhões tradicionais da época, ainda assim, existiam canhões pequenos. Mas ele destaca, porém, que a força cinética para penetrar um Pinheiro teria que ser de armamento mais moderno do que na época da Guerra do Paraguai.
O Major também enviou fotografias de balas de canhões utilizadas na Guerra do Paraguai, bastante semelhantes com a esfera encontrada pelo agricultor. O que aumenta ainda mais o mistério acerca do objeto. “Teria que ser feito um levantamento junto a uma unidade do Exército para tentar descobrir a origem do armamento que teria disparado. Assim como a esfera encontrada no Pinheiro”, explicou.
Museu recebe esfera de
aço achada em Luiziana
O agricultor José Costin achou por bem doar a esfera de aço encontrada no pinheiro ao Museu Municipal de Campo Mourão. Ele foi procurado pela coordenação da instituição e concordou em doar a peça para o acervo. “O lugar correto é no Museu, onde as pessoas poderão observar melhor essa peça”, explica. Um estudo sobre a origem da esfera será solicitado ao Museu Imperial e ao Museu Histórico Nacional, já que pode ser um artefato da guerra que marcou a história da Argentina, Uruguai, Paraguai e do Brasil.
Para o coordenador do Museu, historiador Jair Elias dos Santos Junior, a peça reforça o acervo, principalmente, se for comprovada que foi utilizada na Guerra do Paraguai. “Sabemos que os conflitos aconteceram perto da nossa região, em Ubiratã, por exemplo, décadas passadas foram localizadas importantes peças. Tudo leva a crer que talvez um conflito tenha ocorrido na região da atual Campina do Amoral”, explica Jair.