Ricardo Accyoli Calderari: um homem de bem
Desde menino, Ricardo Accioly Calderari jamais fugiu do trabalho. Começou na lida ainda aos dez. Atuou em farmácia e, mais adiante, em loja de tecidos e confecções. Aprendeu a valorizar o emprego e o dinheiro na boa escola libanesa. Principalmente, através dos patrões, com quem aprendeu quase tudo. Nascido da histórica cidade da Lapa, no Paraná, acabou se transformando num legítimo mourãoense. E, nas terras vermelhas, colaborou com o hasteamento da bandeira do cooperativismo. Foi quando ajudou a consolidar a Coamo, ainda na década de 70. Desde então, nunca mais parou. E, pelo profissionalismo empregado no setor, continua a ser lembrado no berço de onde veio.
Nesta terça-feira (15), Ricardo será homenageado com o título de Cidadão Benemérito do município da Lapa, localizado na região Metropolitana de Curitiba. Ele receberá a homenagem da Câmara de Vereadores. Lapa é uma das cidades mais antigas do Paraná. O título foi aprovado por unanimidade pelos vereadores. Ricardo é um filho da terra. Lá, nasceu em 14 de maio de 1947. E, mesmo depois de 52 anos distante, jamais foi esquecido.
O homem dos três times – ele torce ao Coritiba, Corinthians e Fluminense -, teve o pai, Frederico Senna Calderari, dentista. Já a mãe, Ivone Accioly Calderari, do lar. Tiveram quatro filhos. E, com exemplos de trabalho e honestidade, optou em se tornar agrônomo ainda jovem. A motivação aconteceu pela área agrícola da Lapa ser muito forte. Principalmente, devido à Imigração de agricultores de várias partes do mundo. Acabou contagiado. Então deixou o “colo” dos pais, em 1966, para estudar em Curitiba, quando fez o magistério e Engenharia Agronômica na Universidade Federal do Paraná.
Após se formar, passou em três concursos públicos. Mas escolheu Campo Mourão pelos desafios em melhorar uma terra ruim, repleta de samambaias, saúvas e sapés: a terra dos três “esses”. Uma região péssima e fraca para a agricultura. Então, chegou em dezembro de 70, junto ao fim da conhecida era da madeira. “Aqui tinha muito trabalho. Fui influenciado por um primo em vir para cá”, disse.
Na cidade, a convite do também agrônomo da Acarpa, José Aroldo Galassini, compôs a chapa para a efetivação da Coamo. Antes disso, outras quatro tentativas de assembleia não vingaram. Efetivamente, a cooperativa iniciou os trabalhos em 72. Calderari sempre esteve ao lado de Galassini. Juntos, os dois representam a organização e a seriedade da estrutura. Uma estrutura tão sólida que já figura entre as maiores empresas do país.
Agora – década de 70 -, já estabelecido em Campo Mourão e, com a sola dos pés vermelhas da poeira local, conheceu uma moça, Maria Joana, com quem se casou em fevereiro de 73. Da relação nasceram três filhas: Mierele, Graziela e Ivone. Não bastasse honrar o trabalho, ainda honrou o próprio lar. Foi um verdadeiro pai de família.
Com a Coamo, Ricardo passou a ser conhecido no meio rural por ser um defensor do meio ambiente. Com propriedade na localidade da Água da Fonte, Fazenda Lapinha, no município de Farol, ele entende que a agropecuária deve ser desenvolvida de maneira sustentável, para que a atividade seja rentável e, ao mesmo tempo, haja preservação do sistema produtivo, e ‘um equilíbrio entre produzir e cuidar da natureza’.
E se, em casa foi o grande pilar, o que dizer de sua atividade? “Acredito que criar minhas filhas não tenha sido difícil. Principalmente, porque era uma época diferente do que é hoje. Isso pode ser comparado também à Coamo. Lá, sempre trabalhamos no mesmo sentido. Olhamos à mesma direção, sempre. Nos organizamos e o sucesso pode ser traduzido nas escolhas e atitudes corretas que tomamos”, disse. Apenas como curiosidade, Calderari, ao lado de outros quatro produtores rurais de Campo Mourão realizaram juntos o segundo plantio direto do país.
O prestígio junto aos seus conterrâneos já havia lhe agraciado com o reconhecimento oficial de “Filho Ilustre da Lapa”, em 2004. Também foi contemplado com as homenagens públicas pelo pioneirismo na implantação e desenvolvimento do Plantio Direto na região de Campo Mourão, Mérito Agronômico outorgado em 2000 pela Confederação das Federações dos Engenheiros Agronômos do Brasil (confaeab), Agricultor Modelo do Município de Farol, Troféu Ocepar pela contribuição ao cooperativismo e Cidadão Honorário do Município de Campo Mourão, em 2014.
Calderari não foi apenas o agrônomo. Ou o “cara” da Coamo. Embora não precisasse, há anos, ao lado de Dilmar Daleffe, decidiu colaborar com a Saúde de Campo Mourão. E participou ativamente da direção da Santa Casa. Também está voltado a ações filantrópicas junto ao Rotary. E vem fazendo um verdadeiro papel como cidadão. O engenheiro agrônomo hoje continua membro da diretoria da Cooperativa Coamo Agroindustrial. E, diante de todos os desafios e obstáculos já encarados, difícil mesmo é torcer para tantos times. Isso quando não estão na corda bamba, ou já, rebaixados. Cada campeonato, novas emoções.