Mapa atende pleito de produtores com apoio à comercialização de trigo

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), publicou nesta quarta-feira (18), portaria que estabelece os parâmetros para a concessão de subvenção econômica, na forma de equalização de preços para o trigo safra 2023/2024. Produtores rurais aguardavam com expectativa as medidas anunciadas. O setor aguarda ainda o anúncio quanto a prorrogação das dívidas de custeio que vencem já no dia 1º de novembro.

A autorização da realização de leilões de Pepro (Prêmio Equalizador pago ao Produtor Rural) e Pep (Prêmio para o Escoamento de Produto), disponibilizará de R$ 400 milhões para apoiar a comercialização da safra. Em nível de Paraná, conforme o engenheiro agrônomo, Carlos Hugo Godinho, coordenador da Divisão de Conjuntura do Departamento de Economia Rural (Deral), este volume de recurso deverá viabilizar a comercialização de ao menos 600 mil toneladas do grão que estão em armazéns de cooperativas.

O agrônomo disse em entrevista à TRIBUNA que triticultores não só do Paraná, mas de todas as regiões produtoras do Brasil vivem um momento crítico. Ele destacou que as cotações sofreram quedas drásticas nos últimos meses com diferença grande em relação ao custo de produção ao próprio preço mínimo estipulado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Para se ter ideia, atualmente a saca de trigo (60kg) está cotada a R$ 50,00 no mercado enquanto o preço mínimo estipulado pela Companhia é de R$ 87,00. Ou seja, um valor de R$ 37,00 abaixo do mínimo estipulado pelo Governo.

Godinho comentou que as medidas anunciadas pelo Ministério da Agricultura vai gerar ‘um certo alívio’ ao produtor rural. Porém terá uma atuação relativamente restrita para quem conseguir acessá-las já que terá uma função mais específica dirigida ao produtor que poderá ao menos pagar o deficit dos custos de produção. “Não irá gerar uma grande alteração no mercado até mesmo pela discrepância muito grande dos preços atuais”, explicou.

O agrônomo informou que uma série de detalhes deverão ser considerados nos leilões realizados pela Conab, como o tipo do grão, estados produtores participantes, entre outros, o que deverá limitar o volume de negociação aos produtores. “O trigo está atualmente em um patamar tão baixo de preços que não tem mais muita margem para cair. Por outro lado, como estamos em um período de colheita, é muito provável que ele suba nos próximos meses”, disse.

Atualmente, 80% da safra 2023 está colhida no Paraná. A expectativa de produção é de 4,16 milhões de toneladas, conforme o último levantamento mensal divulgado em setembro. No entanto, segundo Godinho, na revisão de outubro a expectativa é de rebaixamento da produção em termos de volume. Ele lembrou que as primeiras áreas colhidas foram prejudicadas pela brusone. Outro problema enfrentado pela cultura é a falta de espaço e armazenagem nas cooperativas. “Colhemos uma safra recorde de milho depois de colher uma safra recorde de soja. Estes produtos ocuparam os armazéns dificultando armazenagem do trigo. E trigo ruim misturado com trigo bom não dá um trigo bom”, mencionou.

Prejuízo

Godinho ressaltou que os preços do trigo chegaram a níveis abaixo dos determinados pelo Programa de Garantia de Preços Mínimos – PGPM – para a safra de 2023, o que afetou drasticamente a capacidade de pagamento dos débitos relativos ao custeio da safra.

Para se ter ideia, na última semana de setembro, o preço médio recebido pelo produtor, de acordo com o Deral, foi de R$ 50,19 por saca, enquanto em março de 2023, quando o produtor estava comprando os insumos, os preços médios recebidos situavam-se em R$ 87,37 por saca. Este foi o preço de referência utilizado pelos produtores para a contratação do custeio das lavouras. Ou seja, o prejuízo foi enorme.