Santa Casa de Campo Mourão faz mutirão para cirurgias de catarata
Após mais de 20 anos com problemas de visão, o motorista de carreta João Procópio, 76, morador de Campo Mourão, vai voltar a enxergar bem e provavelmente não precisará mais fazer o uso de óculos de grau. Isso está sendo possível graças a um mutirão de cirurgias de catarata, que está sendo realizado pelo Hospital Santa Casa de Campo Mourão.
'Seo' João faz parte de um grupo de 16 pacientes que está há algum tempo aguardando a cirurgia. Os procedimentos são 100% custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), através de convênio firmado com o hospital. Cada cirurgia custa em média R$ 711,00 por paciente. Todos os procedimentos foram realizados nesta sexta-feira (31), oito na parte da manhã e oito à tarde.
“Esperava muito por teste momento”, disse 'seo' João em entrevista à TRIBUNA momentos antes de entrar no centro cirúrgico. “Agora vou voltar a enxergar bem”, comemorou. Ele informou que forçou muito a vista devido aos anos de motorista de transportes. Foram 41 anos dedicados ao ofício. “Descobri que tinha catarata quando fui renovar a carteira. Não passei no teste e o médico pediu exames. Foi quando fui diagnosticado”, informou.
De acordo com informações obtidas pela TRIBUNA junto à secretaria municipal de Saúde de Campo Mourão, atualmente 98 pacientes estão prontos no município para a cirurgia com os exames e todo processo de triagem já feitos. Existem ainda 40 pessoas na fila de espera. De 2017 até o momento, foram realizadas em torno de 300 cirurgias de catarata no município.
A superintendente da Santa Casa de Campo Mourão, Lucineia Schefer, comentou que esta é a primeira vez que o hospital realiza cirurgia oftalmológica. “Este é um projeto que vem de longo prazo. Primeiro conseguimos um profissional médico que é a doutora Bárbara, que topou fazer este projeto com a gente”, disse. Lucinéia comentou que há dificuldades de se encontrar profissionais médicos que queiram operar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Hoje está sendo o marco de um serviço de cirurgias oftalmológicas pelo Hospital Santa Casa”, ressaltou. Como é a primeira vez que o hospital está realizando este tipo de procedimento, Lucineia disse que há todo um cuidado especial de avaliar o processo.
Ela lembrou que a Santa Casa é um centro captador de córneas e agora com o início das cirurgias de cataratas poderá solicitar ao Estado para se transformar em unidade transplantadora. “Ou seja, além de captar passaríamos também a fazer o transplante de córneas aos pacientes que precisarem”, explicou. Ela disse que o serviço faz parte do projeto estratégico de inovação e crescimento do hospital oferecendo novos serviços à população.
“Esperamos mais mutirões, vamos trabalhar para isso. Já tem os pacientes é só uma questão de organizar as datas porque tem que fazer exames pré-cirúrgicos para ver se o paciente tem condição de operar ou não”, acrescentou.
A médica oftalmologista, Barbara Barboza, que fez os procedimentos cirúrgicos nos pacientes, informou que a catarata é uma causa de cegueira reversiva, ou seja, com a operação, o paciente volta a enxergar normalmente. Em alguns casos, aqueles que usam óculos podem nem mais precisar do acessório. “Vai depender muito da reação de cada um. A ideia é que se usar vai ser um grau muito mais baixo, somente para leitura”, explicou. Ela comentou que com o procedimento o paciente passará a ter mais qualidade de vida.
Barbara informou que cada cirurgia leva em média 15 a 30 minutos. Apesar de parecer simples, o procedimento é considerado de alta complexidade. A médica que é natural de Campo Mourão, comentou que participar do projeto tem um grande significado para ela. “Como mourãoense sempre tive vontade de participar de um projeto assim na minha cidade, podendo ajudar quem mais precisa”, disse.
Barbara acrescentou que com o serviço passando a ser oferecido agora pela Santa Casa será um grande ganho para toda a região. Os pacientes que precisavam deste tipo de cirurgia eram encaminhados até então para outros centros, como Londrina, Paranavaí ou Umuarama, mas agora não precisarão mais deslocar a outras cidades. “É uma honra fazer parte deste projeto”, ressaltou.
Catarata
Uma das principais causas de cegueira no mundo, a catarata é uma doença caracterizada pela perda de transparência do cristalino, lente natural cuja função é propiciar o foco da visão em diferentes distâncias.
Com o avançar da idade, as fibras do cristalino aumentam de espessura e de diâmetro, provocando a princípio presbiopia, a popular vista cansada. É por isso que a maioria das pessoas com mais de 45 anos precisa usar óculos para enxergar de perto.
A catarata evolui lentamente, mas há casos raros em que ela é congênita – ou seja, bebês nascem com a visão prejudicada por influência do DNA. Em outras situações, a criança é afetada porque a mãe teve rubéola, sífilis ou toxoplasmose nos primeiros três meses de gestação.
Os sintomas mais comuns da doença são: visão nebulosa; enxergar brilhos e halos; visão dupla; dificuldade para ler, dirigir e andar; sensibilidade à luz.