Redação é ler para escrever

O historiador e o poeta não se distinguem um do outro pelo fato de o primeiro escrever

em prosa e o segundo em verso. Diferem entre si, porque um escreveu o que

aconteceu e o outro o que poderia ter acontecido.”

Aristóteles

Os desafios para enfrentar a invisibilidade de cuidado das mulheres no Brasil”, foi o tema da redação do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio realizado no dia cinco, primeira etapa.

O enunciado foi direto e de fácil compreensão para aqueles que possuem um mínimo de conhecimento. Todas as palavras são claras e têm conexão entre elas, “invisibilidade”, “cuidado”, “mulheres” e “Brasil”, com a exigência de um conteúdo com reflexão crítica e proposta, se encontram na palavra-chave “desafios”.

Por ser professor, a redação foi um dos assuntos abordados nas aulas de Sociologia que ministro no Ensino Médio. Estudantes concordaram que o tema não foi de difícil interpretação. Acreditam ter a ver com a própria Sociologia Afirmaram que a expressão invisível foi tema das nossas aulas, sobre pessoas e grupos como indispensáveis à sociedade, mas que nem sempre percebemos, até mesmo ignorando-os, daí serem chamados de invisíveis. Outro tema sociológico já trabalhado com as turmas foi sobre os desníveis sociais, estratos ou classes que compõem nossa pirâmide social. Ainda no referido contexto, abrangendo outras temáticas, questões a respeito da discriminação, preconceitos e estereótipos, no caso do tema da redação, a condição da mulher brasileira.

Embora não sejam tão somente sociológicos, também literários, culturais, geografia humana, história e filosofia, a referida redação favoreceu com justiça aqueles estudantes que são habituados a acessar e pensar sobre o noticiário, e, no caso da redação, questões pertinentes quanto a mulher brasileira são cotidianamente veiculados em todos os meios de comunicação, bem como reportagens especiais.

Escrever é também fechar os olhos, pensar e imaginar. O que vier a mente é imagem que servirá de base – quando não essencialmente – para redigir, descritiva ou dissertativamente.

A correção para gerar a atribuição da nota, tem como aspecto essencial a capacidade argumentativa do estudante.

O escritor Mário Prata é um profundo conhecedor da arte de escrever, o jornalista dá dicas importantes, dias antes do Exame além de informar ser indispensável ter o hábito da leitura, de jornais e livros, a prática redatorial: “Quem sabe ler, sabe escrever”. Mário acentua, “Escrever bem é escrever simples”. Ele próprio exemplifica: “Entre ‘buraco’ e ‘orifício’, escolha ‘buraco’. Entre ‘aeronave’ e ‘avião’, escolha ‘avião’. Entre ‘dejejum’ e ‘café da manhã’, escolha ‘café da manhã’”.

Fases de Fazer Frases (I)

Escrever é ato solitário e ler é solidário.

Fases de Fazer Frases (II)

Caminhos não são direções. Caminhar é alcançar horizontes.

Fases de Fazer Frases (III)

Dicionário é árvore repleta de frutos. Colher é coletar palavras.

Olhos, Vistos do Cotidiano (I)

Notícia boa! A araucária mais velha do Paraná, 750 anos, que infelizmente tombou devido as fortes chuvas e ventos, será clonada, anunciou a EMBRAPA na página oficial (dia seis). A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária já está realizando a coleta do material genético, notadamente da copa daquela árvore localizada em Cruz Machado, Paraná. Para rememorar ou informar que não leu, na semana anterior o conteúdo desta Coluna foi Tombou a árvore símbolo mais antiga do Paraná.

Olhos, Vistos do Cotidiano (II)

O primeiro-ministro português Antônio Costa renunciou após denúncia de exploração irregular de energia verde. Ele nega. Aqui estaria no cargo com energia.

Farpas e Ferpas (I)

Quem muito se cansa pouco descansa.

Quem muito descansa, se cansa.

Farpas e Ferpas (II)

Medir, pesar as palavras. É com pesar que se diz.

Farpas e Ferpas (III)

No mato não me mato.

Na mata nada me mata.

No morro não morro.

Na via não me via.

Na música eu não musico.

No sobre vivo eu sobrevivo.

Farpas e Ferpas (IV)

Para o galo tudo é regalo.

Sinal Amarelo

Quem sabe quem é quem? É quem sabe de quem é quem.

Trecho e Trecho

A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer ‘escrever claro’ não é certo mas é claro, certo? [Luís Fernando Veríssimo].

Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi”. [Mário Quintana].

Reminiscências em Preto e Branco

Não podemos nos esquecer de tudo. Mas de tudo poderemos esquecer.

Se esquecêssemos de tudo, de nós mesmos não lembraríamos mais.

José Eugênio Maciel | [email protected]

* As opiniões contidas nesta coluna não refletem necessariamente a opinião do jornal